Retomando o "Quinto Império"
Diz Fernando Pessoa a respeito:
"Quinto Império
Vibra, clarim, cuja voz diz. Que outrora ergueste o grito real Por D. João, Mestre de Aviz, E Portugal!
Vibra, grita aquele hausto fundo Com que impeliste, como um remo, Em El-Rei D. João Segundo
O Império extremo! Vibra, sem lei ou com lei, Como aclamaste outrora em vão O morto que hoje é vivo — El-Rei D. Sebastião!
Vibra chamando, e aqui convoca O inteiro exército fadado Cuja extensão os pólos toca Do mundo dado!
Aquele exército que é feito Do quanto em Portugal é o mundo E enche este mundo vasto e estreito De ser profundo.
Para a obra que há que prometer Ao nosso esforço alado em si, Convoco todos sem saber (É a Hora!) aqui!
Os que, soldados da alta glória, Deram batalhas com um nome, E de cuia alma a voz da história Tem sede e fome.
E os que, pequenos e mesquinhos, No ver e crer da externa sorte, Convoco todos sem saber Com vida e morte.
Sim, estes, os plebeus do Império; Heróis sem ter para quem o ser, Chama-os aqui, ó som etéreo Que vibra a arder!
E, se o futuro é já presente Na visão de quem sabe ver, Convoca aqui eternamente Os que hão de ser! T
odos, todos! A hora passa, O génio colhe-a quando vai. Vibra! Forma outra e a mesma raça Da que se esvai.
A todos, todos, feitos num Que é Portugal, sem lei nem fim, Convoca, e, erguendo-os um a um, Vibra, clarim!
E outros, e outros, gente vária, Oculta neste mundo misto. Seu peito atrai, rubra e templária, A Cruz de Cristo.
Glosam, secretos, altos motes, Dados no idioma do Mistério — Soldados não, mas sacerdotes, Do Quinto império.
Aqui! Aqui! Todos que são. O Portugal que é tudo em si, Venham do abismo ou da ilusão, Todos aqui!
Armada intérmina surgindo, Sobre ondas de uma vida estranha. Do que por haver ou do que é vindo — É o mesmo: venha!
Vós não soubesses o que havia No fundo incógnito da raça, Nem como a Mão, que tudo guia, Seus planos traça.
Mas um instinto involuntário, Um ímpeto de Portugal, Encheu vosso destino vário De um dom fatal. De um rasgo de ir além de tudo, De passar para além de Deus, E, abandonando o Gládio e o escudo, Galgar os céus.
Titãs de Cristo! Cavaleiros De uma cruzada além dos astros, De que esses astros, aos milheiros, São só os rastros.
Vibra, estandarte feito som, No ar do mundo que há de ser. Nada pequeno é justo e bom. Vibra a vencer!
Transcende a Grécia e a sua história Que em nosso sangue continua! Deixa atrás Roma e a sua glória E a Igreja sua!
Depois transcende esse furor E a todos chama ao mundo visto. Hereges por um Deus maior E um novo Cristo!
Vinde aqui todos os que sois, Sabendo-o bem, sabendo-o mal, Poetas, ou Santos ou Heróis De Portugal.
Não foi para servos que nascemos De Grécia ou Roma ou de ninguém. Tudo negamos e esquecemos: Fomos para além. Vibra, clarim, mais alto! Vibra! Grita a nossa ânsia já ciente Que o seu inteiro voo libra De poente a oriente.
Vibra, clarim! A todos chama! Vibra! E tu mesmo, voz a arder, O Portugal de Deus proclama Com o fazer! O Portugal feito Universo, Que reúne, sob amplos céus, O corpo anónimo e disperso De Osíris, Deus. O Portugal que se levanta Do fundo surdo do Destino, E, como a Grécia, obscuro canta Baco divino.
Aquele inteiro Portugal, Que, universal perante a Cruz, Reza, ante à Cruz universal, Do Deus Jesus."
O Quinto Império Português, é a meu ver, a utilização da capacidade mais positiva da "Nação" Portuguesa - a Diplomacia, a língua que se estende ao sentimento, o sentir do colectivo impresso na acção. Uma Nação feita de misturas, de povos unidos por um sentir semelhante.
Vemos isso na crescente presença da língua portuguesa (a União) a nível mundial, e é pela Diplomacia que crescerá Portugal!
"Quinto Império
Vibra, clarim, cuja voz diz. Que outrora ergueste o grito real Por D. João, Mestre de Aviz, E Portugal!
Vibra, grita aquele hausto fundo Com que impeliste, como um remo, Em El-Rei D. João Segundo
O Império extremo! Vibra, sem lei ou com lei, Como aclamaste outrora em vão O morto que hoje é vivo — El-Rei D. Sebastião!
Vibra chamando, e aqui convoca O inteiro exército fadado Cuja extensão os pólos toca Do mundo dado!
Aquele exército que é feito Do quanto em Portugal é o mundo E enche este mundo vasto e estreito De ser profundo.
Para a obra que há que prometer Ao nosso esforço alado em si, Convoco todos sem saber (É a Hora!) aqui!
Os que, soldados da alta glória, Deram batalhas com um nome, E de cuia alma a voz da história Tem sede e fome.
E os que, pequenos e mesquinhos, No ver e crer da externa sorte, Convoco todos sem saber Com vida e morte.
Sim, estes, os plebeus do Império; Heróis sem ter para quem o ser, Chama-os aqui, ó som etéreo Que vibra a arder!
E, se o futuro é já presente Na visão de quem sabe ver, Convoca aqui eternamente Os que hão de ser! T
odos, todos! A hora passa, O génio colhe-a quando vai. Vibra! Forma outra e a mesma raça Da que se esvai.
A todos, todos, feitos num Que é Portugal, sem lei nem fim, Convoca, e, erguendo-os um a um, Vibra, clarim!
E outros, e outros, gente vária, Oculta neste mundo misto. Seu peito atrai, rubra e templária, A Cruz de Cristo.
Glosam, secretos, altos motes, Dados no idioma do Mistério — Soldados não, mas sacerdotes, Do Quinto império.
Aqui! Aqui! Todos que são. O Portugal que é tudo em si, Venham do abismo ou da ilusão, Todos aqui!
Armada intérmina surgindo, Sobre ondas de uma vida estranha. Do que por haver ou do que é vindo — É o mesmo: venha!
Vós não soubesses o que havia No fundo incógnito da raça, Nem como a Mão, que tudo guia, Seus planos traça.
Mas um instinto involuntário, Um ímpeto de Portugal, Encheu vosso destino vário De um dom fatal. De um rasgo de ir além de tudo, De passar para além de Deus, E, abandonando o Gládio e o escudo, Galgar os céus.
Titãs de Cristo! Cavaleiros De uma cruzada além dos astros, De que esses astros, aos milheiros, São só os rastros.
Vibra, estandarte feito som, No ar do mundo que há de ser. Nada pequeno é justo e bom. Vibra a vencer!
Transcende a Grécia e a sua história Que em nosso sangue continua! Deixa atrás Roma e a sua glória E a Igreja sua!
Depois transcende esse furor E a todos chama ao mundo visto. Hereges por um Deus maior E um novo Cristo!
Vinde aqui todos os que sois, Sabendo-o bem, sabendo-o mal, Poetas, ou Santos ou Heróis De Portugal.
Não foi para servos que nascemos De Grécia ou Roma ou de ninguém. Tudo negamos e esquecemos: Fomos para além. Vibra, clarim, mais alto! Vibra! Grita a nossa ânsia já ciente Que o seu inteiro voo libra De poente a oriente.
Vibra, clarim! A todos chama! Vibra! E tu mesmo, voz a arder, O Portugal de Deus proclama Com o fazer! O Portugal feito Universo, Que reúne, sob amplos céus, O corpo anónimo e disperso De Osíris, Deus. O Portugal que se levanta Do fundo surdo do Destino, E, como a Grécia, obscuro canta Baco divino.
Aquele inteiro Portugal, Que, universal perante a Cruz, Reza, ante à Cruz universal, Do Deus Jesus."
O Quinto Império Português, é a meu ver, a utilização da capacidade mais positiva da "Nação" Portuguesa - a Diplomacia, a língua que se estende ao sentimento, o sentir do colectivo impresso na acção. Uma Nação feita de misturas, de povos unidos por um sentir semelhante.
Vemos isso na crescente presença da língua portuguesa (a União) a nível mundial, e é pela Diplomacia que crescerá Portugal!