segunda-feira, junho 13, 2005

Álvaro Cunhal



As reflexões de Álvaro Cunhal

Álvaro Cunhal foi à Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Braga falar sobre "A arte, o artista e a sociedade", a convite da associação de estudantes local. Ficam as frases do líder histórico do Partido Comunista Português:

"A arte, sendo uma característica fundamental do ser humano, não pode ficar dependente do poder estatal".

"Não gosto da expressão arte social, porque entendo que a criação artística não se pode subordinar aos gostos ou critérios que o Poder lhe pode querer impor."

"A arte é um valor social." "Se de um momento para o outro desaparecessem os produtos de criação artística de música, de pintura, de desenho, de arquitectura, sentir-nos-íamos num deserto."

A função social da arte pode, no entanto, tornar-se uma expressão perigosa, já que "pode conduzir à ideia de que é lícito que o Estado atribua uma dada função à arte".

"Isso leva muitas vezes a atitudes proselitistas, tornando a arte uma função da política oficial e cortando a liberdade e a criatividade dos artistas."

"A arte não é apenas o produto de uma elite." "Embora as grandes obras de arte sejam obras de criaturas de génio, a criatividade popular é a base da verdadeira arte."

"Há grandes artistas que hoje são património da humanidade, como Shakespeare, ou Goethe, ou mesmo os grandes compositores europeus de música sinfónica, cujas obras de arte têm raízes na cultura e na tradição popular", de que é exemplo a peça de William Shakespeare Rei Lear, que se baseia também na tradição popular oral.

"Todos os homens têm um lado artístico patente em diversas manifestações quotidianas."

"Hoje há um grande interesse pelas coisas da arte e da cultura em Portugal, porque a criação humana atinge todos os aspectos da vida, como é o caso do design e das artes gráficas."

"A maioria das obras de arte são optimistas, são o espelho da vontade de viver do ser humano."

Inédito!


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