Os sinos dobraram por eles
O dia 1 de Setembro viu o cumprir de 2 anos sobre o acto terrorista de Beslan.
Um acto cuja dimensão foi acompanhada via televisão e em directo.
Estamos perante um mundo estranho, um mundo que observamos na sua máxima vilania e crueza, com a impotência que resulta da distância e da impossibilidade de agir.
Essa distância tornada pequena, e cujas imagens nos invadem os sentidos, visíveis e invisíveis, e que, se nos podem proporcionar enormes alegrias, também nos dão imensas e absolutas tristezas.
Aos inocentes, que tombaram às mãos das irracionalidades e vilanias humanas
De um lado terra, doutro lado terra;
De um lado gente; doutro lado gente;
Lados e filhos desta mesma serra,
O mesmo céu os olha e os consente.
O mesmo beijo aqui; o mesmo beijo além;
Uivos iguais de cão ou de alcateia.
E a mesma lua lírica que vem
Corar meadas de uma velha teia.
Mas uma força que não tem razão,
Que não tem olhos, que não tem sentido,
Passa e reparte o coração
Do mais pequeno tojo adormecido.
- Miguel Torga, Fronteira
Um acto cuja dimensão foi acompanhada via televisão e em directo.
Estamos perante um mundo estranho, um mundo que observamos na sua máxima vilania e crueza, com a impotência que resulta da distância e da impossibilidade de agir.
Essa distância tornada pequena, e cujas imagens nos invadem os sentidos, visíveis e invisíveis, e que, se nos podem proporcionar enormes alegrias, também nos dão imensas e absolutas tristezas.
Aos inocentes, que tombaram às mãos das irracionalidades e vilanias humanas
De um lado terra, doutro lado terra;
De um lado gente; doutro lado gente;
Lados e filhos desta mesma serra,
O mesmo céu os olha e os consente.
O mesmo beijo aqui; o mesmo beijo além;
Uivos iguais de cão ou de alcateia.
E a mesma lua lírica que vem
Corar meadas de uma velha teia.
Mas uma força que não tem razão,
Que não tem olhos, que não tem sentido,
Passa e reparte o coração
Do mais pequeno tojo adormecido.
- Miguel Torga, Fronteira