Lisboa oferece-se a Pequim como «porta para África»O
primeiro-ministro português, José Sócrates, afirmou hoje, no encerramento do Encontro Empresarial Portugal-China, em Lisboa, que
Portugal pode servir à China como «porta para África».
Sócrates, que visitará a China «nos primeiros meses do próximo ano», falava sobre o que Portugal pode oferecer à China para justificar o acordo diplomático, assinado na sexta-feira com o seu homólogo chinês, Wen Jiabao, que elevou as relações entre os dois países ao nível da «parceria estratégica global».
«Portugal pode oferecer muita coisa à China, além da hospitalidade e do clima. Primeiro, afirmar-se como parceiro da China em África», afirmou o primeiro-ministro português.
«A China dispõe de capital, nós conhecemos o terreno, a língua, as tradições. Portugal pode ser uma porta para África e para algumas zonas da América Latina», disse Sócrates perante uma sala cheia de empresários.
Também Wen Jiabao referira esse aspecto na sua intervenção, que antecedeu a do chefe do Governo português: esta parceria estratégica global visa a «exploração em conjunto dos mercados dos países de língua portuguesa».
A China começa a ter uma forte presença nos antigos territórios ultramarinos portugueses, nomeadamente, em Angola e Timor- Leste, onde Pequim tem investido nos últimos anos no aprofundamento das relações bilaterais, através, principalmente, da diplomacia económica.
Ajudas económicas directas, investimentos, empréstimos com taxas de juro favoráveis são algumas das formas usadas pela China para conseguir ter uma posição privilegiada no petróleo angolano e timorense, importante para uma economia que tem aumentado vertiginosamente o seu consumo de combustível nos últimos anos.
Desde 1979 a 2004, o produto interno bruto (PIB) da China cresceu ao ritmo de 9,4% ao ano, emergindo de país essencialmente agrícola para se tornar numa grande potência industrial.
E a China quer continuar a crescer, afirmou Wen Jiabao, que hoje terminou a sua visita de dois dias a Portugal.
O objectivo é triplicar o PIB per capita até 2020, passando de mil dólares (851 euros) para 3.000 dólares (2.552 euros).
«Um crescimento de 9,4%, como nós olhamos para este número com inveja», confessou Sócrates.
«O comércio entre Portugal e a China é ainda muito reduzido mas olho para esses números e vejo uma oportunidade. Se é reduzido é porque tem um enorme potencial para crescer», explicou.
Garantindo que a relação com a China figura no topo das prioridades da política externa portuguesa, Sócrates enumerou as vantagens que ambos os países podem aproveitar nesta nova era da relação entre as duas nações.
«A China oferece plataformas de produção para as empresas exportadoras portuguesas que queiram concorrer mundialmente», disse.
«Oferece, também, um vastíssimo mercado com procura sempre crescente - há um mercado na China tão consumidor como o de qualquer país europeu», acrescentou.
Segundo Sócrates, «a China pode tornar-se um grande investidor estrangeiro» em Portugal, pelo que aproveitou para convidar os empresários chineses a visitar o nosso país.
Quanto a Portugal, além da «porta para África», poderá igualmente servir como «porta de entrada e plataforma logística para os produtos chineses na Europa».
«Temos projectos concretos que em breve apresentaremos às autoridades chinesas», anunciou o primeiro-ministro.
Além disso, de acordo com Sócrates, Portugal tem uma «localização privilegiada para instalar laboratórios e centros de investigação e desenvolvimento para a indústria electrónica chinesa que aqui poderá testar os seus produtos destinados aos mercados ocidentais».
- Diário Digital / Lusa
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