segunda-feira, dezembro 05, 2005

Dos 25 anos de Camarate

Sá Carneiro e Amaro da Costa

A cada ano que passa, parece que foi ontem.
Uma enorme e indescritível tristeza assola; a perda da esperança colhida pela raiz suscita tal.

A ilha me perdeu, sou de nenhuma.
Saudade-amor de mim, pedra que móis
Meu trigo que ceifei por outros sóis
Onde o suor não se evapora em bruma.

Sou valquíria que escolhe os seus heróis.
Minha paixão sou eu. Não me consuma
Outra paixão, amor. Bebo uma a uma
As gotas do veneno com que dóis.

Se as ilhas fossem gente, eu era o Pico,
De coração só feito de mistérios
E os longes das paisagens onde fico.

Das arribas do ser, a vida tomba
E os amores do Amor a morte fere-os.
Não libertem por mim nenhuma pomba.


- Natália Correia, Ao Amor