terça-feira, dezembro 13, 2005

A Corrida de Soares

Tinha isto encravado
(assim como milhares de outros!!)

Augusto Silva não tem medo de ir, eventualmente, a tribunal
O sócio n.º 311 da Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra que anteontem e ontem encheu os ecrãs das televisões e várias páginas de jornais diz que não agrediu nem quis agredir Mário Soares e assegura que apenas aproveitou a oportunidade que nunca tinha tido para lhe dizer o que lhe fazia “rebentar a alma”, numa alusão à acusação de que Soares “é um vigarista”, como disse no domingo.

“Isto já andava aqui encravado na garganta desde 1975, de modo que, mal o apanhei pela frente, desabafei”, disse ao Correio da Manhã Augusto Rodrigues da Silva, carpinteiro, de 63 anos de idade. Mostrando-se “tranquilo” e consciente de que “disse aquilo que muitos milhares de portugueses gostavam de ter dito”, Augusto Silva lembrou as agruras que passou enquanto combatente e o facto de, em 1975, ter sido “expulso” de Angola e obrigado a deixar tudo o que lhe pertencia.


“Eu lutei pelo meu País, não fui para a Bósnia ou para o Afeganistão ganhar 500 contos por mês e depois fui, como tantos outros, votado ao esquecimento por todos os governos, mas muito especialmente por esse senhor que deu o que nos pertencia como quem dá uma camisa”, afirmou este antigo combatente.

Lembrando que foi metido num avião, em 1975, com a mulher e dois filhos, um de três anos e outro de seis meses, com apenas dois mil escudos no bolso, disse que nunca há-de perdoar a quem permitiu que estas coisas acontecessem.

“Eu lutei três anos, entre 1963 e 1966, no Norte de Angola e, após o cumprimento do serviço militar, arranjei um emprego e trabalhei nove anos numa empresa na mesma região. Ao fim de tudo isto, deram-me um pontapé e mandaram-me desenrascar”, referiu Augusto Silva.

STRESS DE GUERRA

O homem que no domingo chamou “vigarista” a Mário Soares diz que não tem medo e que apenas disse a verdade. Quanto às ameaças de que poderá ser alvo de um processo-crime, afirma-se “de consciência plenamente tranquila”.

“Eu não agredi ninguém e apenas manifestei o meu repúdio pelo mal que esse senhor fez a mim e a muitos milhares de portugueses que estiveram na guerra e trabalharam nas ex-colónias”, explicou.
?

*(Cortado. Quem quiser ler este pedaço vergonhoso vá à notícia do Correio da Manhã.)

COMBATENTE

Augusto Rodrigues da Silva esteve na linha da frente, no Norte de Angola, entre 1963 e 1966. Era militar de Infantaria, especialidade de atirador.

STRESS

Os três anos de guerra e os nove que trabalhou em zona de conflito não perdoaram. É um dos que sofrem de stress pós-traumático de guerra.

TRANQUILO

“Quem esteve três anos na guerra não tem medo dos tribunais. Estou tranquilo.” É o que diz Augusto Silva perante a ameaça de um processo-crime.


- Correio da Manhã


Este Homem merecia a Grã Cruz da Ordem de Mérito.
Disse aquilo que milhares gostariam de dizer cara-a-cara a Mário Soares - há, pelo menos, 30 anos atrás.

Ao Rosa Coutinho aconteceu algo mais forte, levou uma cuspidela na cara. E ficou-se. Se assim não fosse, levava aquilo que merecia; e por certo, que não era apenas uma cuspidela na cara.

É VALENTE.
Pena é as que não foram dadas.

Ler também:

Sinais descolonizadoramente quentes de uma guerra por procuração da guerra fria - no Sobre o tempo que passa

Addenda:

E

"Atrasado mental" no Santos da Casa:

A prática soviética de tratamento psiquiátrico dos oposicionistas do regime.
Quem "sabe" nunca esquece.


Não esquece MESMO.

* Quanto a Gabriel Rodrigues, da APVG que lamentou o ocorrido, apenas posso afirmar que: é um borrego. Pactua com pézinhos de lã para cultivar a imagem de bom samaritano de Mário Soares.
Tem medo de ser processado?
Oh Sr., compre um cão.