Zzzz...
Hum.., sim.. pois..! Já acabou?! ..
Ontem teve lugar "o grande debate" entre os líderes dos "principais" partidos políticos que irão concorrer às próximas eleições legislativas, de 20 de Fevereiro.
Aquele modelito, 'género americano', 'não pega nem de estaca' cá pelo burgo português!
E que dizer da falta de conteúdo dos discursos?!..
Não fosse 'cá por coisas', e era NULO - o voto, claro está.
Se na cena política portuguesa existissem apenas estes dois, "grandes", partidos, o melhor seria 'apanhar o táxi' para um qualquer paraíso tropical, onde não existisse Estado e, muito menos, governo.
Uma daquelas ilhas perdidas, bem distantes deste:
"vira o disco, e toca o mesmo."
Só para esclarecer:
Sr. Engº Sócrates, da sua vida íntima sabe o Sr., e ninguém tem a haver com isso.
Se por outro lado, a sua vida íntima tiver ou vier a ter relevância, ou em decurso dela a esfera pública e os interesses dos cidadãos contribuintes vierem a ser lesados de alguma forma, então aí e só aí será uma questão de interesse público.
O Eça é que a 'sabia toda':
Serenata de Satan ás Estrellas
I
Nas noites triviaes e desoladas
Como vos quero mysticas estrellas!...
Lucidas antigas camaradas...
Gotas de luz, no frio ar nevadas,
Podesse a minha boca inda bebel-as
II
Nem vos conheço já. Por onde eu ando!...
Sois vós mysticos pregos d'uma cruz?
Que Christo estais no ceo crucificando?...
Quem triste pelo ar vos foi soltando
Profundos, soluçantes ais de luz!
III
Oh! viagens nas nuvens desmanchadas!...
Doces serões do ceo entre as estrellas!...
Hoje só ais e lágrimas caladas...
Ai! sementes de luz mal semeadas,
Ave do ceo, podesse eu ir comel-as!
IV
Triste, triste loucura oh! flores da cruz
Quando eu vos dizia soluçando:
Affastae-vos de mim cardos de luz!...
Podesse eu ter agora os pés bens nús,
inda por entre vós i-los rasgando!...
V
Hoje estou velho e só e corcovado.
Causa-me espantado a sombra d'uma estola:
Enche-me o peito, um tedio desolado:
E corro o mundo todo esfomeado,
Aos abutres do ceo pedindo esmola.
VI
Eu sou Satan o triste o derrubado!
Mas vós estrellas, sois os musgo velho
Das paredes do ceo desabitado.
E a poeira que se ergue ao ceo calado,
Quando eu bato co'o pé no Evangelho!
VII
O céo é cemiterio trivial:
Vós sois o pó dos deuses sepultados!
Deuses, magros esboços do ideal!
Só com rasgar-se a folha d'um missal,
Vós cahis mortos, hirtos, gangrenados.
VIII
Eu sou expulso, roto, escarnecido
Mas a vós já ninguém vos quer as leis.
Oh! velho Deus oh! Christo dolorido!
Lembrae-vos que sois pó enegrecido,
E cedo em negro pó vos tornareis.
- Eça de Queirós
Ontem teve lugar "o grande debate" entre os líderes dos "principais" partidos políticos que irão concorrer às próximas eleições legislativas, de 20 de Fevereiro.
Aquele modelito, 'género americano', 'não pega nem de estaca' cá pelo burgo português!
E que dizer da falta de conteúdo dos discursos?!..
Não fosse 'cá por coisas', e era NULO - o voto, claro está.
Se na cena política portuguesa existissem apenas estes dois, "grandes", partidos, o melhor seria 'apanhar o táxi' para um qualquer paraíso tropical, onde não existisse Estado e, muito menos, governo.
Uma daquelas ilhas perdidas, bem distantes deste:
"vira o disco, e toca o mesmo."
Só para esclarecer:
Sr. Engº Sócrates, da sua vida íntima sabe o Sr., e ninguém tem a haver com isso.
Se por outro lado, a sua vida íntima tiver ou vier a ter relevância, ou em decurso dela a esfera pública e os interesses dos cidadãos contribuintes vierem a ser lesados de alguma forma, então aí e só aí será uma questão de interesse público.
O Eça é que a 'sabia toda':
Serenata de Satan ás Estrellas
I
Nas noites triviaes e desoladas
Como vos quero mysticas estrellas!...
Lucidas antigas camaradas...
Gotas de luz, no frio ar nevadas,
Podesse a minha boca inda bebel-as
II
Nem vos conheço já. Por onde eu ando!...
Sois vós mysticos pregos d'uma cruz?
Que Christo estais no ceo crucificando?...
Quem triste pelo ar vos foi soltando
Profundos, soluçantes ais de luz!
III
Oh! viagens nas nuvens desmanchadas!...
Doces serões do ceo entre as estrellas!...
Hoje só ais e lágrimas caladas...
Ai! sementes de luz mal semeadas,
Ave do ceo, podesse eu ir comel-as!
IV
Triste, triste loucura oh! flores da cruz
Quando eu vos dizia soluçando:
Affastae-vos de mim cardos de luz!...
Podesse eu ter agora os pés bens nús,
inda por entre vós i-los rasgando!...
V
Hoje estou velho e só e corcovado.
Causa-me espantado a sombra d'uma estola:
Enche-me o peito, um tedio desolado:
E corro o mundo todo esfomeado,
Aos abutres do ceo pedindo esmola.
VI
Eu sou Satan o triste o derrubado!
Mas vós estrellas, sois os musgo velho
Das paredes do ceo desabitado.
E a poeira que se ergue ao ceo calado,
Quando eu bato co'o pé no Evangelho!
VII
O céo é cemiterio trivial:
Vós sois o pó dos deuses sepultados!
Deuses, magros esboços do ideal!
Só com rasgar-se a folha d'um missal,
Vós cahis mortos, hirtos, gangrenados.
VIII
Eu sou expulso, roto, escarnecido
Mas a vós já ninguém vos quer as leis.
Oh! velho Deus oh! Christo dolorido!
Lembrae-vos que sois pó enegrecido,
E cedo em negro pó vos tornareis.
- Eça de Queirós