sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Sibila



«Sacerdotisa que adivinhava o futuro. Uma das mais famosas chamava-se Cassandra, por quem Apolo se apaixonou e que viveu em Tróia e na Eritréia; a mais antiga foi a de Cumas.
É um sí­mbolo de algo enigmático, hermético e misterioso; e da capacidade de comunicação com o divino.»

(Mitologia Grega)

O caráter arcaico, enigmático, hermético, oracular, dos símbolos arquetípicos, é representado mitologicamente pela figura da Sibila, definida muito propriamente por Heráclito(..) É a linguagem sibilina dos símbolos arquetípicos que, por não se referirem ao que é conhecido, não podem usar a linguagem racional.

Musa
Aqui me sentei quieta
Com as mãos sobre os joelhos
Quieta muda secreta
Passiva como os espelhos

Musa ensina-me o canto
Imanente e latente
Eu quero ouvir devagar
O teu súbito falar
Que me foge de repente.



Níobre Transformada em Fonte
(adaptado de Ovídio)


Os cabelos embora o vento passe
Já não se agitam leves. O seu sangue,
Gelando, já não tinge a sua face.
Os olhos param sob a fonte aflita.
Já nada nela vive nem se agita,
Os seus pés já não podem formar passos,
Lentamente as entranhas endurecem
E até os gestos gelam nos seus braços.

Mas os olhos de pedra não esquecem.
Subindo do seu corpo arrefecido,
Lágrimas lentas rolam pela face,
Lentas rolam, embora o tempo passe.


- Sophia de Mello Breyner Andresen