quarta-feira, maio 12, 2004

Os Putos

Uma bola de pano, num charco
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
O céu no olhar, dum puto.

Uma fisga que atira a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser criança
Contra a força dum chui, que é bruto.

Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar do homem novo
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens.

As caricas brilhando na mão
A vontade que salta ao eixo
Um puto que diz que não
Se a porrada vier não deixo

Um berlinde abafado na escola
Um pião na algibeira sem cor
Um puto que pede esmola
Porque a fome lhe abafa a dor.


- José Carlos Ary dos Santos, Os putos

Vem isto a propósito da 'exaltação' que tomou a Juventude Social Democrata da Madeira contra o EuroDeputado Pacheco Pereira, em decorrência da sua posição relativamente à JSD.

Extinção da JSD
A extinção da Juventude Social Democrata (JSD) foi defendida pelo eurodeputado Pacheco Pereira, por ter demasiado peso no partido, para além de ser um mecanismo de carreira política.

Pacheco Pereira afirmou, no programa de Maria João Avillez na SIC Notícias, que a JSD é muitas vezes um órgão de oposição ao partido.

Pinto Balsemão, também convidado do programa, reconheceu que existe o «perigo de um excesso de profissionalização da juventude».


Entretanto, e após a intervenção de JPP na Madeira, a JSD-M 'emitiu' "umas declarações":

JSD-M aconselha Pacheco Pereira a deixar partido «intergeracional»

Eurodeputado defendendeu a extinção da JSD. Jaime Filipe Ramos vai apresentar voto de protesto contra «elitista» no congresso nacional do PSD

O eurodeputado social-democrata Pacheco Pereira vai ser alvo de um voto de protesto no congresso nacional do partido, a realizar-se no final do mês, em Oliveira de Azeméis. Essa é a intenção do líder da JSD-M e surge na sequência das declarações de Pacheco à SIC-Notícias, no programa "Outras conversas", durante o qual defendeu a extinção da Juventude Social Democrata, dado que, na sua óptica tem «demasiado peso no partido» e é «um mecanismo de carreira política».
Jaime Filipe Ramos considera que o argumento é retrógrado e «inconcebível», por não caracterizar «aquilo que a "jota" é e por não respeitar aquilo que o PSD sempre foi», ou seja, «um partido interclassista e intergeracional». Mais, entende que o desejo de extermínio da JSD, «a voz da juventude no interior do partido», configura uma atitude típica de uma pessoa «elitista» e que vive numa dimensão «que nada tem a ver com a realidade».
Por tal, julga que o deputado europeu e militante do PSD «está a mais na política e no partido». Sugere mesmo que «se enganou» ao escolher o PSD para defender as suas teses, algumas das quais, contrárias à liberdade consagrada. Logo, «devia sair do partido», refere, aconselhando a que ponha o lugar à disposição.
É neste quadro que Jaime Filipe vai sugerir ao líder nacional da JSD que apresente um voto de protesto contra Pacheco Pereira no congresso nacional. Contudo, se Jorge Nuno Sá se «agachar», é ponto assente que o líder regional avança com a ofensiva.
O rosto da JSD-M admite ainda que uma coisa é pôr em causa a estratégia política, que é legítima, outra é dar cabo sem mais de uma presença incómoda da "jota", escola de formação de muitos activos do partido. Na sua opinião, Pacheco optou pela segunda.
Jardim contra extinção
Sobre a possibilidade de extinguir na Madeira a JSD e os TSD, o líder do PSD diz que «nem pensar nisso aqui na Madeira. Tanto a JSD como os TSD têm toda a razão para continuarem a existir».
Jardim fundamenta a sua posição evidenciando que os quadros do PSD saíram precisamente da JSD, com sucesso, e que os TSD servem essencialmente para formar e esclarecer, sobretudo em matéria laboral e em matéria de sociologia.
Para Jardim, os partidos da oposição falharam precisamente porque não apostaram como devia ser na formação dos jovens.


Ora bem..!! Recadinho do "Ti" Alberto João!

Não fazendo eu parte do PSD, partilho da mesma opinião que JPP, em relação às "jotas" partidárias.

As "jotas" partidárias não têm razão de existir. O partido é só um, não devem ser criados "ghetos" no interior dos partidos!
De mais a mais, a 'juventude' considera que tem, por natureza, direito a aceder automaticamente ao poder, pois é isso que os norteia! Sem experiência de vida, para desempenharem funções, consideram-se com direito a exercerem cargos pela sua simples existência!

Haja peso..!!