segunda-feira, abril 19, 2004

Sudão



No livro de pedra estudo a língua intemporal.
Entre duas mós esbracejo, no turbilhão da pedra,
já as duas dimensões até ao pescoço me sorveram,
minha coluna triturada no moínho da morte e da vida.

Que fazer, bordão de Isaías, da tua rectidão?
É mais fina que cabelo, a casca do grão sem tempo,
sem alto, nem baixo. No deserto o povo entre as pedras
reunia-se; real casula de esteira, refrescava-me, na canícula.


- Arseny Tarkovsky