Nos Idos, em que a GeoPolítica e GeoEstratégia era 'bem mais simples'
Esta frase:
«(..) vale a regra de ouro do convívio entre classes distintas: manda quem pode, obedece quem tem juízo.»
Reportou-me aos 'tempos' em que a GeoPolítica e GeoEstratégia eram 'tão mais simples'!
Em que se 'sabia' que de um lado estava o 'mundo livre' e do outro o 'mundo totalitário, oprimido' pelo comunismo e 'socialismo radical'.
Uma opressão em que as pessoas, designadas por comuns, estavam e permitiam estar sujeitas a 'quem mandava'! Sem escolha, ou voto na matéria!
Uns quantos proletários de meia-pataca, arrogavam-se o direito de mandar numa multidão que se portava com juízo, com muito juizinho, e se deixava levar por esses 'irmãos' do proletariado!
Hoje em dia, essa distinção caiu, e, na verdade, anda tudo aos papéis!
O Totalitarismo reveste-se, hoje, de formas mais subtis, mais refinadas, e muito mais 'estéticas'!
No entanto, 'anda por aí'!
Pessoalmente, não sou ovelha; não tenho juízo; e não me deixo guiar.
A mim, quem me guia, sou eu.
E os subtis totalitarismos não me compram, não me vendem, e MUITO MENOS ME GUIAM.
CÂNTICO NEGRO
"Vem por aqui" – dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho os com olhos lassos,
(Há nos meus olhos ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
– Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Porque me repetis: "Vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?
Corre nas vossas veias sangue velho dos avós.
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
– Sei que não vou por aí!
- José Régio
«(..) vale a regra de ouro do convívio entre classes distintas: manda quem pode, obedece quem tem juízo.»
Reportou-me aos 'tempos' em que a GeoPolítica e GeoEstratégia eram 'tão mais simples'!
Em que se 'sabia' que de um lado estava o 'mundo livre' e do outro o 'mundo totalitário, oprimido' pelo comunismo e 'socialismo radical'.
Uma opressão em que as pessoas, designadas por comuns, estavam e permitiam estar sujeitas a 'quem mandava'! Sem escolha, ou voto na matéria!
Uns quantos proletários de meia-pataca, arrogavam-se o direito de mandar numa multidão que se portava com juízo, com muito juizinho, e se deixava levar por esses 'irmãos' do proletariado!
Hoje em dia, essa distinção caiu, e, na verdade, anda tudo aos papéis!
O Totalitarismo reveste-se, hoje, de formas mais subtis, mais refinadas, e muito mais 'estéticas'!
No entanto, 'anda por aí'!
Pessoalmente, não sou ovelha; não tenho juízo; e não me deixo guiar.
A mim, quem me guia, sou eu.
E os subtis totalitarismos não me compram, não me vendem, e MUITO MENOS ME GUIAM.
CÂNTICO NEGRO
"Vem por aqui" – dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho os com olhos lassos,
(Há nos meus olhos ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
– Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Porque me repetis: "Vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?
Corre nas vossas veias sangue velho dos avós.
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
– Sei que não vou por aí!
- José Régio