sábado, abril 10, 2004

"Há ...

... um velho provérbio iraquiano - muito velho", lembrou Hussein Ali Tukmachi, um pintor em Kadhimiya. "Eu e o meu irmão contra o meu primo. Eu, o meu irmão e o meu primo contra um estranho."

Mas é absolutamente indispensável não serem cometidos mais erros. A estratégia no Iraque necessita de ser desligada da estratégia da campanha eleitoral de Bush; é preciso acelerar a passagem para a ONU da tutela política de todo o processo, com um mandato para uma força multilateral, sob comando americano, encarregada de garantir a segurança no país; não repetir estratégias inconvenientes, como algumas que se têm observado ultimamente - ataques militares directos a lugares santos islâmicos.

Estes ataques, se não forem bem explicados publicamente, principalmente pelos media árabes (o que parece difícil), podem ter efeitos demolidores, tanto a nível do TO, como no âmbito da luta global contra o terrorismo. Poderão deslocar muitos muçulmanos moderados para as teses e métodos fundamentalistas, na medida em que, inevitavelmente, tais actos serão invocados pela Al-Qaeda como prova de que os judeus e os "cruzados", com a América à frente, estão a conduzir uma guerra religiosa contra todos os muçulmanos. Portanto, justificam o apelo à jihad.

Isto é, os erros estratégicos a que temos assistido, praticados especialmente em momentos de fraqueza, mas não só, quando não é fácil discernir e escolher as melhores opções e há a tentação de recorrer mais à força do que à inteligência, podem reforçar o sentimento de que estamos perante uma guerra de civilizações. Escondendo a realidade com que de facto nos defrontamos - um combate, longo e árduo, contra organizações interessadas em explorar as motivações religiosas, não só dos que seguem o Corão, mas também dos que se regulam pelo Antigo e Novo Testamento, para imporem projectos políticos totalitários.