sexta-feira, março 12, 2004

Teu Espírito





Deus dos nossos dias supremos,
Dos nossos pais e hostes guerreiras,
De cuja mão sublime temos
Domínio em gelos e palmeiras -
Senhor, teu espírito não nos faleça,
Não nos esqueça! não nos esqueça!

Cessa o tumulto, cessa o bulício,
Reis, chefes vão-se; ainda perdura
O teu antigo sacrifício,
Uma alma humana humilde e pura. -
Senhor, teu espírito não nos faleça,
Não nos esqueça, não nos esqueça!

A nossa esquadra ao longe, esvai-se;
Já pelas praias não se ouve o Tiro:
O esplendor de ontem, ei-lo que vai-se
Como o de Nínive, como o de Tiro!
Teu espírito ainda se compadeça,
Não nos esqueça, não nos esqueça!

Se a nossa alma, ébria de ambição,
E olvidando que és tu seu rei,
Soltar vanglórias de pagão() -
Senhor, teu espírito não nos faleça,
Não nos esqueça, não nos esqueça!

De alma pagã cuja fé fica
Em cano de arma e ferro nu, -
Pó que sobre pó edifica
E guarda, sem guardares Tu, -
De glória oca, de oco valor,
Sempre o teu povo livra, Senhor!


- Joseph Ruydard Kipling