quinta-feira, março 25, 2004

«Campanha por uma Angola Democrática» apela à reconciliação nacional

Os responsáveis pela «Campanha por uma Angola Democrática» aprovaram, quarta-feira, no Huambo, uma moção em que apelam à instauração de um processo de «reconciliação nacional», com vista «à restauração da dignidade humana e do sentido de cidadania a todos os que foram afectados directa ou indirectamente pela guerra e pela intolerância política».

«Paz sem reconciliação nacional é fantasia!», é sublinhado no documento aprovado pela «Campanha por uma Angola Democrática», iniciativa conjunta une os esforços de cerca de 30 organizações e visa estimular o exercício da democracia no país.

Reconhecendo que a paz em Angola, alcançada em 2002, «veio restaurar a esperança na coabitação pacífica entre os diferentes povos e sensibilidades políticas e sociais» que formam o país, os subscritores da moção denunciam, porém, «o retorno às perseguições e retaliações políticas, que se multiplicam no Centro-Sul do país» e «a imposição da cultura do medo», que dizem ser «um imperativo dos anti-democratas».

«Continuamos a assistir, como que impotentes, à arrogância de certos grupos da nossa sociedade que ousam desafiar os ventos da história para gozarem, de forma egoísta, o país, as riquezas e a paz que a todos pertencem por igual», lê-se na «Moção sobre a Reconciliação entre os Angolanos».

No mesmo texto, os responsáveis pela Campanha queixam-se ainda da «ausência de uma política oficial de reconciliação nacional» e do «desprezo com que se recebem os diversos apelos de reconciliação da maioria dos sectores da sociedade».

«Com a guerra perdeu o povo. Ganharam, acima de tudo, os mercadores de armas e da nossa morte», frisam. «A paz é para todos e só a reconciliação nacional e uma verdadeira democracia poderão mantê-la por várias gerações», defendem ainda.

«Se a guerra serviu para dividir e destruir Angola e os angolanos, que a paz seja factor de reconciliação e união entre os irmãos e irmãs desavindos, entre aqueles que se separaram por força das circunstâncias e com os que partiram em busca de refúgio noutras paragens», mas também «portadora da democracia» e «inspiradora da competência, da responsabilidade política e patriótica para uma gestão transparente da vida dos angolanos e dos recursos do país», lê-se na moção.

- PNN (agencianoticias.com)