domingo, novembro 29, 2009

Ofício Diário 5 anos

Parabéns a Torquato da Luz e ao seu Ofício Diário, que cumpre 5 anos de existência

Uma existência feita de palavras que enchem de música os sentidos

Possa cumprir pelo menos outros tantos de Obra

Sabemos sempre pouco das pessoas
que é suposto conhecermos:
todas, é claro, têm os seus termos
e não as há más nem boas
que o sejam inteiramente.
Convém, assim, ter presente
que cada um só revela,
do que é, uma parcela
e, por sinal,
não raro é mais o que esconde,
aqui, ali, sei lá onde,
do que mostra no estendal
.

- Torquato da Luz, Estendal

domingo, novembro 22, 2009

Kyrie Eleison

Até já.

Não é já de Natal esta poesia.
E, se a teus pés deponho algo que encerra
e não algo que cria,
é porque em ti confio: como a terra,
por sobre ti os anos passarão,
a mesma serás sempre, e o coração,
como esse interior da terra nunca visto,
a primavera eterna de que existo,
o reflorir de sempre, o dia a dia,
o novo tempo e os outros que hão-de vir.


- Jorge de Sena, Reflorir, sempre

sábado, novembro 21, 2009

A dor mais profunda

Trespassa-me o Coração e a Alma.

O meu Querido Amigo Irmão Compincha Tudo passou.
Ficam as memórias, as recordações, as imensas e profundas saudades.

Querido Jorge

Honor, Virtus et Potestas

Homem Bom.
Recto.
Vertical.
Bon vivant, que gostava de fruir as coisas boas da vida.
Cidadão.
Vivaz.
Animal político.

Foi deitado abaixo por um maldito câncro que o ceifou no melhor da vida.
Esse monstro que o vinha tolhendo desde o início de 2008.
Merda de medicina que não tem resposta para os males dos nossos.

Quem me irá agora desafiar?
Quem me irá agora amparar nas horas tristes e difíceis?
Com quem discutir tudo, e a quem contar tudo?
A solidão mais profunda é a que se sente no meio de uma multidão.

Esse Livro, guardado lá na gaveta, se quiseres e Deus me der sabedoria, capacidade e conhecimento, sairá. Para que todos possam saber e conhecer.

Sei que agora já não te sentes só.
As tuas Horas já estão bem.
Repousas sem dor no Oceano de Amor e Misericórdia.

Até já Amigo de sempre e de todas as horas.

Este Blog suspende.

Aqui, diante de mim,
Eu, pecador, me confesso
De ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
Que vão em leme da nau
Nesta deriva em que vou.

Me confesso
Possesso
Das virtudes teologais,
Que são três,
E dos pecados mortais
Que são sete,
Quando a terra não repete
Que são mais.

Me confesso
O dono das minhas horas.
O das facadas cegas e raivosas
E das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo
Andanças
Do mesmo todo.

Me confesso de ser charco
E luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
Que atira setas acima
E abaixo da minha altura.

Me confesso de ser tudo
Que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
Desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.

Me confesso de ser Homem.
De ser o anjo caído
Do tal céu que Deus governa;
De ser o monstro saído
Do buraco mais fundo da caverna.

Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
Para dizer que sou eu
Aqui, diante de mim!


Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...


- Torga

quinta-feira, novembro 19, 2009

Eu vou ... eu vou ...

PGR decide sábado desfecho de certidões que envolvem Sócrates

O procurador-geral da República decidirá no sábado o desfecho das últimas seis certidões remetidas pelo DIAP de Aveiro com conversas entre Armando Vara e o primeiro-ministro José Sócrates.

segunda-feira, novembro 16, 2009

Em águas de bacalhau ...

Cavaco recebe em audiência Noronha do Nascimento

O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, recebe terça-feira ao final da tarde em audiência o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento, segundo a agenda do Chefe de Estado divulgada no site da Presidência.

A audiência está marcada para as 18h00, no Palácio de Belém, mas não é indicado qual o motivo da audiência.

"O Presidente da República recebe, em audiência, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, juiz-conselheiro Luís António Noronha do Nascimento", lê-se no site da Presidência da República.

Straight to the point

A ler, Joaquim, do Portugal Contemporâneo:

- justiça? que justiça?

- AR

E agora, ladies and gents, la piéce de resistance:

- imunidade dos deputados da AR
só alargaria à imunidade aos detentores de cargos políticos, sejam quais forem ...

Palermices

BE quer esclarecer conta do almoço de Ana Paula Vitorino

O que é que o BE fez para esclarecer as escutas ao PM?

Para, pelo menos, apurar se as escutas foram ou não destruídas?

Para apurar as falcatruas que vêm a público todos os dias?

É a espuma dos media, a ditar os pedidos de esclarecimento do BE.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Embora já não sirva para nada, ...

... ainda bem que o início da investigação, da míriade de faces, não teve lugar em Lisboa ...

O bochechos

Super Desinfector

Massacre de Santa Cruz - Timor Leste

12 de Novembro de 1991

"Pátria ou Morte! Resistir é Vencer!" - Xanana Gusmão

UNESCO

quarta-feira, novembro 11, 2009

Dia, também, de S. Martinho

Castanhas e vinho

Dia do Armistício - I GM

Dia do Armistício da I Guerra Mundial
Dia da Memória
Dia de Homenagear o meu Avô Materno


Perdoou, expirando, o Filho do Homem
Aos seus perseguidores;
Perdão, também, às cinzas de infelizes;
Perdão, oh vencedores!
Não insulteis o morto. Ele há comprado
Bem caro o esquecimento,
Vencido adormecendo em morte ignóbil,
Sem dobre ou monumento.
C tempo d'olvidar ódios profundos
De guerra deplorável.
O forte é generoso, e deixa ao fraco
O ser inexorável.
Oh, perdão para aquele a quem a morte
No seio agasalhou!
Ele é mudo: pedi-lo já não pode;
O dá-lo a nós deixou.
Além do limiar da eternidade
Cl mundo não tem réus,
O que levou à terra o pó da terra
Julgá-lo cabe a Deus.
E vós, meus companheiros, que não vistes
Nossa triste vitória,
Não precisais do trovador o canto:
Vosso nome é da história.

Assim, foi do infeliz sobre a jazida
Que um hino murmurei,
E, do vencido consolando a sombra,
Por vós eu perdoei.


- Alexandre Herculano, A vitória e a piedade

terça-feira, novembro 10, 2009

Semi-private ...

... womb

quinta-feira, novembro 05, 2009

Ocultas faces

O enredo de cordel do entretenimento dos media, continua.

Varas, Penedos, e outros iscos pequenos, continuam na ordem do dia; continuam a ocupar as pantalhas dos portugueses, com entretenimento de questões bem mais importantes. A saber:

- A Constituição dita Europeia está em prática.

- A AR portuguesa serve apenas como filial para Bruxelas se entreter.

- Afinal o que é que o novo velho (des)Governo vai fazer para relançar a economia nacional?

- Vai baixar impostos para tal efeito?

- Vai lançar campanhas internacionais para cativar investimento estrangeiro?

- Vai cortar na despesa pública com ministros, secretários de estado, sub-secretários, as primas e os primos dos mestres de obras? - A esta já temos a resposta: aumentou o número de primas e primos dos mestres de obras, mais os respectivos 37.

- O novo velho presidente da CML vai dar verdadeiro cumprimento às suas promessas? Para começar, e tendo em conta que o Inverno se aproxima, e as chuvas também: não seria possível mandar, sim MANDAR, os serviços da CML (os Srs. funcionários que se estorvam um aos outros ...) desentupir as sarjetas?

Corrupção?!
Não.

Corrupção é algo que se desconhece; aquilo que sucede em Portugal, não é corrupção. Não.

É a institucionalização do suborno: passivo e activo.
Em que o primeiro pede, e em que está intrínsecamente inerente, a "coima" pelo segundo.

O povo português é hipócrita.
Todos sabem que há corrupção.
Vendem-se e compram-se mutuamente, sabem quem se vende, e quem compra. Mas quando o cheiro chega aos media: aqui d'el rey!

Conseguiremos chegar sempre mais baixo enquanto colectivo.
É pena.

De la Palice

Tomadas de posse

Uma fogueira de vaidades: Vanitas vanitatum, et omnia vanitas.

Egos que se atropelam.
Mas, a maior vaidade, são os interesseiros e os penduras de hoje, de sempre, e de amanhã, num frenesim de lambe-botismo.

O problema é de raiz, onde uns veêm trabalho, os outros veêm benefícios e beneplácitos.

Onde uns veêm serviço público, os outros veêm interesses, confraria e benesseses.

Vamos ver onde estão daqui a 2 anos ...

Haja saco.

domingo, novembro 01, 2009

Dia


Nas horas de silêncio, à meia-noite,
Eu louvarei o Eterno!
Ouçam-me a terra, e os mares rugidores,
E os abismos do Inferno.
Pela amplidão dos céus meus cantos soem,
E a Lua resplendente
Pare em seu giro, ao ressoar nest'harpa
O hino do Omnipotente.

Antes de tempo haver, quando o infinito
Media a eternidade,
E só do vácuo as solidões enchia
De Deus a imensidade,
Ele existia, em sua essência envolto,
E fora dele o nada:
No seio do criador a vida do homem
Estava ainda guardada;
Ainda então do mundo os fundamentos
Na mente se escondiam
De Jeová, e os astros fulgurantes
Nos céus não se volviam.

Eis o Tempo, o Universo, o Movimento
Das mãos solta o Senhor.
Surge n Sol, banha a Terra, desabrocha
Nesta a primeira flor;
Sobre o invisível eixo range o globo;
O vento o bosque ondeia;
Retumba ao longe o mar; da vida a força
A natureza anseia!

Quem, dignamente, ó Deus, há-de louvar-Te,
Ou cantar Teu poder?
Quem dirá de Teu braço as maravilhas,
Fonte de todo o ser,
No dia da Criação; quando os tesouros
Da neve amontoaste;
Quando da Terra nos mais fundos vales
As águas encerraste?!

E eu onde estava. quando o Eterno os mundos,
Com dextra poderosa,
Fez, por lei imutável, se livrassem
Na mole ponderosa?
Onde existia então ? No tipo imenso
Das gerações futuras;
Na mente do meu Deus. Louvor a Ele
Na Terra e nas alturas!
Oh, quanto é grande o rei das tempestades,
Do raio, e do trovão!
Quão grande o Deus, que manda, em seco estio,
Da tarde a viração!
Por Sua providência nunca, embalde,
Zumbiu mínimo insecto;
Nem volveu o elefante, em campo estéril,
Os olhos inquieto.
Não deu Ele à avezinha o grão da espiga,
Que ao ceifador esquece:
Do norte ao urso o sol da Primavera,
Que o reanima e aquece?
Não deu Ele à gazela amplos desertos,
Ao certo a amena selva,
Ao flamingo os pauis, ao tigre o antro,
No prado ao touro a relva?
Não mandou Ele ao mundo, em luto e trevas,
Consolação e luz?
Acaso em vão algum desventurado
Curvou-se aos pés da Cruz?
A quem não ouve Deus? Somente ao ímpio
No dia da aflição,
Quando pesa sobre ele, por seus crimes.
Do crime a punição.

Homem, ente imortal, que és tu perante
A face do Senhor?
És a junça do brejo, harpa quebrada
Nas mãos do trovador!
Olha o velho pinheiro, campeando
Entre as neves alpinas:
Quem irá derribar o rei dos bosques
Do trono das colinas?
Ninguém! Mas ai do abeto, se o seu dia
Extremo Deus mandou!
Lá correu o aquilão: fundas raízes
Aos ares lhe assoprou.
Soberbo, sem temor, saiu na margem
Do caudaloso Nilo,
O corpo monstruoso ao sol voltando,
Medonho crocodilo.
De seus dentes em roda o susto habita:
Vê-se a morte assentada
Dentro em sua garganta, se descerra
A boca afogueada:
Qual duro arnês de intrépido guerreiro
É seu dorso escamoso;
Como os últimos ais de um moribundo
Seu grito lamentoso:
Fumo e fogo respira quando irado;
Porém, se Deus mandou,
Qual do norte impelida a nuvem passa,
Assim ele passou!

Teu nome ousei cantar! Perdoa, ó Nume;
Perdoa ao teu cantor!
Dignos de ti não são meus frouxos hinos,
Mas são hinos de amor.
Embora vis hipócritas te pintem
Qual bárbaro tirano:
Mentem, por dominar com férreo ceptro
O vulgo cego e insano.
Quem os crê é um ímpio! Recear-te
É maldizer-te, ó Deus;
É o trono dos déspotas da Terra
Ir colocar nos Céus.
Eu, por mim, passarei entre os abrolhos
Dos males da existência
Tranquilo, e sem temor, à sombra posto
Da Tua Providência.


- Alexandre Herculano, Deus