sábado, novembro 21, 2009

A dor mais profunda

Trespassa-me o Coração e a Alma.

O meu Querido Amigo Irmão Compincha Tudo passou.
Ficam as memórias, as recordações, as imensas e profundas saudades.

Querido Jorge

Honor, Virtus et Potestas

Homem Bom.
Recto.
Vertical.
Bon vivant, que gostava de fruir as coisas boas da vida.
Cidadão.
Vivaz.
Animal político.

Foi deitado abaixo por um maldito câncro que o ceifou no melhor da vida.
Esse monstro que o vinha tolhendo desde o início de 2008.
Merda de medicina que não tem resposta para os males dos nossos.

Quem me irá agora desafiar?
Quem me irá agora amparar nas horas tristes e difíceis?
Com quem discutir tudo, e a quem contar tudo?
A solidão mais profunda é a que se sente no meio de uma multidão.

Esse Livro, guardado lá na gaveta, se quiseres e Deus me der sabedoria, capacidade e conhecimento, sairá. Para que todos possam saber e conhecer.

Sei que agora já não te sentes só.
As tuas Horas já estão bem.
Repousas sem dor no Oceano de Amor e Misericórdia.

Até já Amigo de sempre e de todas as horas.

Este Blog suspende.

Aqui, diante de mim,
Eu, pecador, me confesso
De ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
Que vão em leme da nau
Nesta deriva em que vou.

Me confesso
Possesso
Das virtudes teologais,
Que são três,
E dos pecados mortais
Que são sete,
Quando a terra não repete
Que são mais.

Me confesso
O dono das minhas horas.
O das facadas cegas e raivosas
E das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo
Andanças
Do mesmo todo.

Me confesso de ser charco
E luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
Que atira setas acima
E abaixo da minha altura.

Me confesso de ser tudo
Que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
Desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.

Me confesso de ser Homem.
De ser o anjo caído
Do tal céu que Deus governa;
De ser o monstro saído
Do buraco mais fundo da caverna.

Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
Para dizer que sou eu
Aqui, diante de mim!


Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...


- Torga