Concordo (!!)
Com Joana Amaral Dias, no Bichos Carpinteiros
Entrevista ou sessão de esclarecimento?
Realmente Sócrates não é engenheiro. É professor. Cada questão, três pontinhos sistematizados. Só faltava o power point. Foi esse o tom adoptado na entrevista de hoje à SIC/SIC N, e que lhe permitiu passar entre os pingos da chuva. Literalmente. Muitas perguntas, poucas respostas directas. Muito comício, poucas explicações.
Sobre Angola e as relações económicas com esse país, o primeiro-ministro afirmou que estão bem e recomendam-se. No final, acrescentou “A não ser que saibam alguma coisa que eu não sei”, num toque jocoso e supostamente irónico. Realmente, sabemos alguma coisa que o chefe do executivo, aparentemente, não sabe. Angola é uma cleptocracia. E com as ditaduras amigas, o primeiro-ministro não tem qualquer problema em fomentar negócios.
Sobre Portugal, Sócrates pintou um retrato autisticamente optimista. Sobretudo, de auto-promoção. Negação de todos os problemas do país: negação da monstruosidade do desemprego, negação da degradação das condições de vida dos portugueses, negação das dificuldades no sistema ensino, negação dos problemas gravíssimos na saúde. Pouca ou nenhuma empatia com o descontentamento geral da população. Insensível. Distante. Estatista, mais do que estadista. Enquanto Cavaco, insiste que visitou uma das maravilhas, Sócrates vive noutra. Sozinho. Empatia com empatia se paga, e ninguém que estivesse a assistir poderia empatizar com um discurso tão deslaçado da realidade.
Numa época de cheias, esta entrevista foi seca. De ideias.