quarta-feira, novembro 15, 2006

É valente.

Hoje ainda estamos vivos

O MPLA, ou algumas pessoas a ele supostamente ligadas, e o Governo de Angola, ou pessoas a ele supostamente ligadas, entendem que tudo tem preço, que tudo se compra. Ou seja, que os fins justificam os meios, mesmo que para isso o povo morra à fome. E enquanto não for possível fazer os que pensam de maneira diferente chocar com uma bala, optam por abrir os cordões à bolsa e comprar tudo, ou quase. Até agora, pelo menos.

Por aqui vivem-se momentos delicados. Aperta-se o cerco. Os lutadores pela liberdade estão em sérias dificuldades. Alguns pensam já em dar o salto e renderem-se a um adversário que parece ter, ou tem mesmo, uma fábrica de dinheiro. Outros há que não se renderam a esse adversário mas que, pelo sim e pelo não, abandonam o barco.

E tudo isto acontece perante a passividade dos que, e são alguns, poderiam dar uma ajuda mas que parecem dispostos a colaborar com o lobo para derrotar o cão. Esquecem-se que. depois de comer o cão, o lobo os vai comer a eles.

Por aqui vivem-se momentos delicados. Apesar disso, pelo menos hoje alguns continuam no posto de combate. Hoje ainda estamos vivos. É que estar vivo não é só ter vida. É sobretudo não deixar morrer a dignidade.

Para quem vive com uma refeição de quando em vez, como a maioria do povo angolano, é tentadora a oferta de uma tonelada de comida. E se alguns temem morrer de congestão, ou admitem a hipótese de a comida estar fora da validade, outros há que já só pensam com a barriga.

Existem outros que conseguem (ainda conseguem) pôr o poder das ideias acima das ideias de poder. Estranham, é certo, que a ajuda tarde a chegar. Mas porque hoje ainda estão vivos, saltam o rio e despistam o inimigo. “Pode ser que alguém descubra que a liberdade não tem preço”, dizem num misto de esperança e utopia.

Não sei se alguém vai ajudar a manter a liberdade. A única coisa que sei é que hoje estamos vivos. E se amanhã assim continuarmos, cá estarei a dar disso testemunho. Nesta altura... a luta continua.

- Orlando Castro, Notícias Lusófonas


Orlando Castro é desde há muitos anos, um defensor inamovível da, da real não da ficcionada, democracia angolana.

Deu conta das tentativas de silenciar uma voz dissonante da batuta central de Luanda.

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É valente.