domingo, agosto 20, 2006

Senhor D'Aragão

Foi ter escutado o canto das sereias,
foi ter fitado os olhos de Medusa.
Fez de mim pedra, estátua confusa
náufrago irrecuperável de Odisseias.

Foi ter interrogado Esfinges e Oráculos,
foi ter percorrido, curioso, o labirinto;
Fez de mim a vítima com que brinco
cercando-me de muros e obstáculos.

Foi ter partido para muito longe, foi
Ter ficado prisioneiro da Cadeira Sem Memória;
-fez de mim aquilo que mais dói:

Um Ulisses que já não cabe na história,
um velho mais réprobo que herói,
Sem Penélope, nem Ítaca, nem glória.



Creia vossa Senhoria que, no Plano da Consciência, não há Cavalheiro mais bravo e galhardo que Vós.

Pois é desta massa que são feitos os Heróis. Sim, aqueles que lutam contra moinhos e marés, contra o aceite e o momentâneo, contra as aparências de Verdade...

Crede, é dessa fibra que a História não tece, mas que perdura e replica uma e nova vez, que são feitos os Heróis; aqueles seres lendários, que no meio do labirinto e do desconhecido têm coragem e força para avançar e continuar, para descobrir e chamar a si a Realidade.

É pois, com a mais elevada Honra e Estima que aqui me curvo perante prenda tão preciosa, e saúdo o Denodado Paladino.