Superlativo Dragão
Escreve como ninguém.
De seu apelido: Dragão, para os amigos, César Augusto :))
Para os outros: o tormento dos ígnaros, o desbravador das doutas ignorâncias.
Ei-lo, em trecho:
E tem outra coisa, estimado JCD: chacinar o infeliz ruminante cria riqueza, gera emprego, promove turismo. Não me diga que quer torpedear o melhor dos mundos com essa erupção destrambelhada de escrúpulos morais?! Não me diga que os valores cristãos -tais como a compaixão- são péssimos para as pessoas, mas indispensáveis para os bovinos!... Ainda para mais quando milita num blogue cujo lema emblemático é "acabar com a bovinidade". Lamento, mas a coerência cobra tributo. Ou devia cobrar. Não gosta de ver, tapa os olhos. Faz como eu, não compra bilhete, não assiste. O touro em causa, porventura, é propriedade sua? Se o matam à missionário, no açougue municipal, ou com preliminares e requintes, na arena, em que é que isso são contabilidades do seu rosário? É o seu direito à indignação? Sem dúvida, Deus, digo, o Mercado lho guarde. Permita até que me indigne consigo. Indignemo-nos juntos! Podemos também indignar-nos por causa daqueles míudos nos teares paquistaneses, indonésios et al, que produzem aquele belo calçado Reebok com que fazemos jogging (bem, eu não, eu é mais putedo, mas também se percorrem grandes distâncias, verdadeiras maratonas atrás das putas, ou em cima delas, tanto faz, o Caguinchas é testemunha)?... Não? Porque isso é indústria, não é "espectáculo", ou seja, não se vê, está escondido, longe da vista, longe do coração?... Ah, pois, que cabeça a minha. Sim e não são animais do primeiro mundo, são apenas pessoas -ainda por cima monhés, chinocas ou escarumbas - do terceiro, cujo dever essencial é trabalhar e sacrificar-se para que nós, abençoadinhos, predestinados, liberdadeiros, consumamos produtos cada vez mais baratos. Poderá parecer uma tortura, mas não é. Ou melhor: não é uma tortura gratuita, frívola, com lentejoulas. Pelo contrário, é uma tortura útil, fundamental, filantrópica e necessária. Um sacrifício que uns fazem pela felicidade dos outros. Puro amor ao próximo, se bem que longínquo, convenhamos. Cristianismo aplicado, há que reconhecê-lo (no calvário deles repousa a nossa salvação). Por isso mesmo nem se lhe chama tortura: chama-se-lhe trabalho. Há lá coisa melhor que o trabalho deles e o nosso emprego e respectivas férias?! E de pequenino é que se torce o destino. Além disso, entre estarem ali bem arrecadadinhos e concentrados horas a fio, a treinarem e adestrarem-se para o desemprego, ganhando o seu dinheirinho, se bem que diminuto, ou andarem a prostituir-se a pedófilos, a serem esquartejados para tráfico de órgãos, ou a darem tiros como aprendizes numa qualquer milícia de bandidos muçulmanos ou animistas, só temos que agradecer à globalização que permite estes notáveis progressos. Verdadeiros milagres, sou forçado a concordar.
Ide; ide até ao túgurio, para apreciar a obra deste monumental escritor que, como nenhum outro, consegue colocar as palavras a dizerem algo.
De seu apelido: Dragão, para os amigos, César Augusto :))
Para os outros: o tormento dos ígnaros, o desbravador das doutas ignorâncias.
Ei-lo, em trecho:
E tem outra coisa, estimado JCD: chacinar o infeliz ruminante cria riqueza, gera emprego, promove turismo. Não me diga que quer torpedear o melhor dos mundos com essa erupção destrambelhada de escrúpulos morais?! Não me diga que os valores cristãos -tais como a compaixão- são péssimos para as pessoas, mas indispensáveis para os bovinos!... Ainda para mais quando milita num blogue cujo lema emblemático é "acabar com a bovinidade". Lamento, mas a coerência cobra tributo. Ou devia cobrar. Não gosta de ver, tapa os olhos. Faz como eu, não compra bilhete, não assiste. O touro em causa, porventura, é propriedade sua? Se o matam à missionário, no açougue municipal, ou com preliminares e requintes, na arena, em que é que isso são contabilidades do seu rosário? É o seu direito à indignação? Sem dúvida, Deus, digo, o Mercado lho guarde. Permita até que me indigne consigo. Indignemo-nos juntos! Podemos também indignar-nos por causa daqueles míudos nos teares paquistaneses, indonésios et al, que produzem aquele belo calçado Reebok com que fazemos jogging (bem, eu não, eu é mais putedo, mas também se percorrem grandes distâncias, verdadeiras maratonas atrás das putas, ou em cima delas, tanto faz, o Caguinchas é testemunha)?... Não? Porque isso é indústria, não é "espectáculo", ou seja, não se vê, está escondido, longe da vista, longe do coração?... Ah, pois, que cabeça a minha. Sim e não são animais do primeiro mundo, são apenas pessoas -ainda por cima monhés, chinocas ou escarumbas - do terceiro, cujo dever essencial é trabalhar e sacrificar-se para que nós, abençoadinhos, predestinados, liberdadeiros, consumamos produtos cada vez mais baratos. Poderá parecer uma tortura, mas não é. Ou melhor: não é uma tortura gratuita, frívola, com lentejoulas. Pelo contrário, é uma tortura útil, fundamental, filantrópica e necessária. Um sacrifício que uns fazem pela felicidade dos outros. Puro amor ao próximo, se bem que longínquo, convenhamos. Cristianismo aplicado, há que reconhecê-lo (no calvário deles repousa a nossa salvação). Por isso mesmo nem se lhe chama tortura: chama-se-lhe trabalho. Há lá coisa melhor que o trabalho deles e o nosso emprego e respectivas férias?! E de pequenino é que se torce o destino. Além disso, entre estarem ali bem arrecadadinhos e concentrados horas a fio, a treinarem e adestrarem-se para o desemprego, ganhando o seu dinheirinho, se bem que diminuto, ou andarem a prostituir-se a pedófilos, a serem esquartejados para tráfico de órgãos, ou a darem tiros como aprendizes numa qualquer milícia de bandidos muçulmanos ou animistas, só temos que agradecer à globalização que permite estes notáveis progressos. Verdadeiros milagres, sou forçado a concordar.
Ide; ide até ao túgurio, para apreciar a obra deste monumental escritor que, como nenhum outro, consegue colocar as palavras a dizerem algo.