quarta-feira, dezembro 29, 2004

FLEC ameaça Luanda com nova estratégia de combate

Resistência de Cabinda desafia Angola a abrir território a jornalistas estrangeiros

Uma «nova estratégia de combate» e uma «nova metodologia de acção de acordo com o novo cenário militar» no território, é o que o Estado Maior General da FLEC acaba de advertir em comunicado, responsabilizando o governo de Luanda como «único e exclusivo responsável dos efeitos colaterais que poderão atingir interesses económicos estrangeiros em Cabinda».

A esta advertência, segue-se uma declaração da FLEC a manifestar «total disponibilidade para negociar urgentemente uma paz sólida e duradoira em Cabinda», apelando a Angola «para que cesse imediatamente os combates e as violações dos direitos humanos no território».

Agora sob um único comando após o acordo que dissolveu facções e reunificou o movimento, a FLEC afirma-se «em condições de efectuar de imediato acções militares urbanas em Tchiwoa», a capital do antigo protectorado português onde, segundo os independentistas «as Forças Armadas Angolanas atacam indiscriminadamente as populações civis isoladas do interior».

Numa alusão aos protestos de Angola contra o relatório da Human Rigths Watch desfavorável à actuação de Luanda, a FLEC «desafia o governo de Luanda a autorizar a livre entrada em Cabinda de todos os jornalistas estrangeiros e que estes circulem e constatem livremente no terreno a realidade vivida em Cabinda de Norte a Sul, e que confirmem imparcialmente a situação de guerra permanente, testemunhem e apurem as constantes violações dos direitos humanos no território», lê-se no comunicado assinado por Inácio Mbuada, porta-voz do movimento.

A FLEC diz ainda que «deplora a constante inércia e silêncio da comunidade internacional, que perante os relatórios independentes onde são denunciados actos de violações dos direitos humanos em Cabinda, prefere não se pronunciar sobre o assunto, nem condenar o Estado Angolano». É neste quadro que a FLEC faz especial apelo «aos chefes de Estado da África Central, que conhecem e vivem o sofrimento do Povo Binda, que unam esforços e encontrem os meios de impedir o prosseguimento do massacre».


- Carlos Albino