quarta-feira, setembro 08, 2004

«De inteligência superior e bondade»

Aos 58 anos
Morreu o Presidente do Tribunal Constitucional
Luís Nunes de Almeida

Figura máxima do órgão fiscalizador do cumprimento da Constituição desde Abril de 2003, faleceu esta madrugada (06/09/2004) em Saragoça, Espanha, vítima de ataque cardíaco.

O bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice, recorda como um homem de «inteligência superior e bondade» o Presidente do Tribunal Constitucional Luís Nunes de Almeida.

Contactado pela Agência Lusa, Júdice contou ter recebido a notícia da morte de Nunes de Almeida com «um choque muito profundo», e sublinhou o contributo do magistrado na cidadania e justiça portuguesas.

«Foi decisivo em momentos importantes da justiça portuguesa», considerou, elogiando o seu trabalho à frente do Tribunal Constitucional, e em concreto a capacidade de tornar a instituição «hoje em dia nuclear para a defesa dos direitos fundamentais».

O bastonário disse ainda que a memória de Luís Nunes de Almeida está associada a duas características «que raras vezes surgem juntas, uma inteligência superior, acutilante, e bondade».

A notícia chegou via comunicado do governo de Aragão, que sublinhou os infrutíferos esforços do pessoal médico para salvar Luís Nunes de Almeida.

A caminho de França, onde anualmente profere conferências sobre Direito Constitucional, Luís NUnes de Almeida sentiu-se mal durante a noite e a sua mulher ligou para os serviços de emergência pedindo uma ambulância, mas o pessoal médico nada pode fazer para o salvar, especifica a nota.

Luís Nunes de Almeida tinha passado o domingo com a mulher em visita a vários locais da cidade de Calatayud, hospedando-se no hotel do antigo mosteiro cistercense em Saragoça.

O cadáver foi trasladado para a morgue de Calatayud, de onde seguirá para Portugal, segundo a mesma nota.

Luís Nunes de Almeida sofria de problemas cardíacos há vários anos e já tinha sido submetido a um bypass.

Natural de Lisboa, Luís Nunes de Almeida era presidente do órgão fiscalizador do cumprimento da Constituição desde Abril de 2003, ao fim de 20 anos como juiz conselheiro do TC, 14 dos quais na Vice- Presidência.

Considerado próximo da área do PS, partido pelo qual foi deputado à Assembleia da república, Luís Nunes de Almeida foi igualmente advogado e gestor de empresas privadas, assistente do Instituto Superior de Economia e do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, e vogal da Comissão Constitucional.


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