segunda-feira, março 24, 2008

O Estado penetra

A propósito da ingerência do fisco no enlace nupcial, um diálogo possível:

Fisco - Então digam lá, onde foi o casamento?

Recém-casados (RC) - Na casa da minha Avózinha.

Fisco - Na casa da sua avózinha?!! (pelintras ..) Então e onde é a casa da sua avózinha?

RC - No Douro.

Fisco - No Douro, onde concretamente?

RC - Na Qtª das Flores.

Fisco - Ah ... então e a sua avózinha tem o IMI em dia? Façam o favor de apresentar o comprovativo de pagamento. (já vos apanhei ...) E música? Decerto tiveram música.

RC - Tivemos sim.

Fisco - Quem foi o agrupamento musical? Morada e "NIPC".

RC - Não foi um agrupamento musical, foi o meu primo Zé que colocou música.

Fisco - Ah .. o seu primo zé (pelintras)... Então e o seu primo zé tem licença para pôr música? Passou recibo verde? Qual é o NIF?

RC - Não, não! O meu primo Zé, pôs música só para o nosso casamento!

Fisco - Ah .. sim sr ... Então e tinham licença da SPA? E da Câmara? Quais foram os artistas que passaram?
Já agora, e a cor das meias do seu primo

RC - A cor das meias do meu primo?!

O diálogo podia continuar ad nausea, mas claro, a esta altura já todos nós estamos mais do que fartos da devassa da vida privada por parte desta corja.

Se o fisco quer apanhar contribuintes colectivos ou em nome individual em incumprimento fiscal, façam aquilo que lhes compete, não transformem os cidadãos em bufos e vítimas da perversidade do desgoverno.

Addenda:
Esta feliz e bem humorada descrição (via Corta-fitas) suscita-me um reparo:
o que interessa no casamento não é a festa, é o Outro - uma Festa que dura a vida inteira.
(Sou lamechas, sou.)