sábado, junho 16, 2007

Liberdade

Uma vez mais, num acto cívico de plena cidadania, António Balbino Caldeira está a ser alvo do Ministério Público e da Polícia Judiciária.

Ora, ABC sempre deu a cara, i.e., sempre assinou todos os seus artigos, nunca deixou de fundamentar qualquer opinião.

Está neste momento a ser alvo (e uma vez mais) de perseguição; é exactamente isso: perseguição.
Um cidadão, no exercício pleno dos seus direitos, está a ser sarciado na sua liberdade de expressão, de pensamento e de cidadania.
Estamos perante o ressuscitar da polícia política que pretende por cobro a qualquer fuga à corrente predeterminada e aceite pelo sistema.

O sistema combate quem pensa por si, e aquilo a que estamos a assistir é ao ressurgir da limitação, delimitação e formatação do pensamento e da acção (que se quer responsável - no caso de ABC foi) pelos poderes que estão.


Addenda -

No artigo de J.G., um sagaz comentário:

No céu cinzento Sob o astro mudo
Batendo as asas Pela noite calada
Vêm em bandos Com pés de veludo
Chupar o sangue Fresco da manada

Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhes franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada [Bis]

A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas acabadas

São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

No chão do medo Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos Na noite abafada
Jazem nos fossos Vítimas dum credo
E não se esgota O sangue da manada

Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhe franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada


- Zeca Afonso, Vampiros

Cá temos mais um poema que visando os de outrora, afinal, melhor revela os de agora.
- R.A.I.