quarta-feira, maio 30, 2007

Por pouco não mataram José Eduardo dos Santos

Alguns dirigentes do Congresso Nacional Africano (ANC) a urdirem o "complot" contra o chefe de Estado angolano

Eduardo dos Santos escapou a um assassinato. Foi por uma unha negra. O pior não aconteceu por que os serviços de contra-inteligência angolanos abortaram o plano a tempo e horas.

A conspiração nasceu em Pretória (África do Sul) passou por Paris (França) e, se tudo tivesse corrido a preceito, terminaria em Luanda, na Marginal, no dia do carnaval. O apoio que a Cidade Alta pretendia dar a Jacob Zuma para substituição de Thabo Mbeki à testa do Estado sul-africano nas próximas eleições terá sido o motivo que levou alguns dirigentes do Congresso Nacional Africano (ANC) a urdirem o "complot" contra o chefe de Estado angolano.


O plano contaria com o apoio do antigo director-geral do Serviço de Inteligência Externa (SIE), Fernando Miala. O assunto já não é assunto - passe o pleonasmo - nos meios políticos sul-africanos aonde circula o relatório de dezassete páginas classificado como sendo «top-secret» que conta a estória tim-tim-por-tim-tim

O chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, foi alvo de um plano de assassinato concebido em Fevereiro de 2006 por Tokyo Sexwale, um proeminente dirigente do Congresso Nacional Africano (ANC). A revelação foi feita ontem, terça-feira, 30, na última edição do jornal electrónico moçambicano «Canal de Moçambique», que dá à estampa cópia de um relatório de dezassete páginas que se supõe ter sido vazado no último fim de semana para a praça pública por uma ala do ANC próxima a Thabo Mbeki, presidente sul-africano.

O documento refere que o plano de Tokyo Sexwal contaria com o apoio do antigo director-geral dos Serviços de Inteligência Externa (SIE) e ex – secretário do Conselho Superior de Segurança Nacional (CSSN). O apoio de Fernando Garcia Miala ao plano, segundo o documento, que tem o carimbo «Top-Secret», consistiria apenas em aconselhar o presidente angolano a assistir, em Fevereiro do ano passado, os festejos do carnaval na Marginal de Luanda.

Para levar José Eduardo dos Santos à Marginal, Miala, de acordo com o referido relatório, usaria o argumento de que era necessário promover a imagem política do presidente da República a nível interno. Nesta altura, os autores materias do plano, que estariam infiltrados no seio do povo, entrariam em cena.

O presidente angolano, recorde-se, exonerou Fernando Garcia Miala do cargo de director-geral do Serviço de Inteligência Externa (SIE) e do Conselho de Superior de Segurança Nacional (CSSN) dia 24 de Fevereiro de 2006. Dois depois da exoneração do então «homem-forte» da segurança do Estado, José Eduardo dos Santos ordenou uma rigorosa sindicância ao SIE com vista a apurar a veracidade das informações postas a circular na altura segundo as quais Miala estaria na eminência de "tomar medidas activas", o que, no dizer dos entendidos, em linguagem de inteligência significava Golpe de Estado.

A demissão de Fernando Miala foi secundada, dia 1 de Abril de 2006, pela de Mariana Lisboa Filipe, do cargo de Chefe do Serviço de Informações e de Feliciano Domingos Tânio da Silva, do cargo de Chefe Adjunto do Serviço de Informações. José Eduardo dos Santos nomeou, no mesmo dia, o Comissário Sebastião José António Martins, para o cargo de Chefe do Serviço de Informações, o Comissário Filomeno Barber Leiro Octávio, para o cargo de Chefe Adjunto de Serviço de Informações; André de Oliveira João Sango, para o cargo de Director Geral do Serviço de Inteligência Externa e o Brigadeiro Gilberto da Piedade Veríssimo, para o cargo de Director Geral Adjunto do Serviço de Inteligência Externa.

- Notícias Lusófonas, Jorge Eurico