terça-feira, maio 29, 2007

Lino, O Governante

Voltemos a Lino.



Apresentam-no como camelo; uma imagem que fica muito aquém da realidade.
Pedem desculpas por tal reprodução, imagéticamente assistida - não tiveram intenção de ofender!!!
É pena, eu tenho toda a intenção de ofender. Assumo. Não tenho palavras para descrever como fica muito longe do pretendido, mas enfim, não se consegue obter tudo na vida ...

Mário Lino, ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, teve, uma vez mais, o desplante, a desfaçatez, de zurzir, de apoucar o Povo português.

Disse o trolha, que a margem sul era um deserto, no qual não existiam hospitais, escolas, etc, etc - ora, tudo infraestruturas públicas, que o trolha Lino tutela.
Pois, não há, não há palavras suficientes para maldizer, ofender e apoucar um governante tão inapto, incapaz e ofensivo da res publica, e do exercício das funções para as quais foi empossado, e que tutela directamente.

Faça um favor a si mesmo, e mais ainda ao Povo português: DEMITA-SE.
E vá tratar da lavoura da Ota, que essa sim, parece ser a sua especialidade.

Perdendo a pouco e pouco a consciencia da sua tradição historica, Portugal, politicamente, não tem hoje papel na civilisação. Está desempregado. Figura no congresso das nações europeias como um paiz sem modo de vida. Perante o progresso não tem profissão. A missão que elle desempenhou na Renascença pela obra magnifica dos seus sabios, dos seus navegadores, dos seus commerciantes e dos seus artistas, as excellenles condições da sua situação geographica e a paz interior de que tem gosado emquanto a Hispanha se dilacera a si mesma nas eternas lutas intermitentes de desaggregação e de unificação das suas provincias, davam a Portugal o direito e o dever de assumir n'este seculo a preponderancia hegemonica dos estados peninsulares, a direcção espiritual da civilisação iberica. Em vez d'isso Portugal descansa desde o seculo XVI sobre os monumentos immortaes da sua passada energia e acha-se no movimento moderno da raça latina como uma nacionalidade com licença illimitada para tomar ares. Os seus filhos mais intelligenles e mais fortes, uns perseguidos, outros despresados, abandonaram-o aos reis, aos estadistas, aos padres, aos persevejos, ás moscas, e foram uns para os Paizes Baixos fundar e enriquecer a Hollanda e botar á luz Spinosa; outros foram para a America Austral fundar, agricultar e enriquecer o Brazil. O resto é o que ahi está ha dusentos annos sentado ao sol n'uma ponta de banco do mappa-mundi, a cabecear, a coçar os joelhos e a ouvir ranger o calabre á nora da coisa publica, puxada pelo governo, velho boi, d'olhos tapados, afeito ao cerco peguinhado do poço sem bica, tornando a deitar para baixo a agua que traz para cima, e não sabendo o proprio governo, nem sabendo ninguem por que ninguem se importa com isso, se é já o pau da nora que empurra de traz o animal ou se é ainda o animal que tira para deante o pau da nora.

Os differentes partidos que ha muitos annos se succedcm no exercicio do poder teem por chefes dois ou tres individuos, cujas personalidades, absolutamente destituidas de ideias correlativas ou concomitantes, representam as duas ou trez phases por que successivamente vae passando e repassando em circulo sobre o mesmo carreiro a rotação governativa.

Os personagens alludidos teem as intenções mais puras e mais honestas d'este mundo. Ter outras, deshonestas e impuras, dar-lhes-hia massada, e para ahi é que elles não vão.


- Ramalho Ortigão, As Farpas