Lindo.
Vais-te deixar ir onde o chão te levar
E andando para longe a correr, devagar
Vais-te esquecendo, aos poucos, dos passos
Que te levaram daqui e te podem trazer
De volta para mim, de volta ao descanso
Da cama que nos ensinou sobre o prazer
Conto cada dia que chega e depois passa
Traçando marcas na parede de dentro
Que não há-de ruir por mais força que faça
Mas espera o toque aberto da tua mão
Para descer toda e desaparecer no chão
E fazer-se de tapete vermelho,
Para os teus pés e os meus joelhos cansados
E os sonhos e os desejos, nossos, justificados
Sabes que as minhas mãos se encontraram
Pedindo as duas o mesmo, o que já tiveram;
As duas juntas pedindo puseram-se a rezar
Não era mais um poema porque ao começar
Eu dizia:
"Deus deixa-a ir e ajuda-a a conseguir...
E depois, cheia de vontade, fá-la voltar
Que eu prometo que lhe vou dar
Tudo o que eu tiver e ela quiser
A mesma cama que ela deixou
E todas as razões porque voltou..."
- Diogo Vaz Pinto