"Um anti-americano primário"
Colin Powell critica erros do Governo federal na resposta ao "Katrina"
O ex-secretário de Estado norte- americano, Colin Powell, juntou-se hoje às vozes críticas contra a Administração Bush devido às deficiências na resposta à crise do "Katrina", enquanto em Nova Orleães decorre a evacuação forçada da cidade.
Para Powell, possível candidato à coordenação da ajuda às vítimas do furacão, "houve muitos erros a vários níveis, local, estatal e federal. Ao longo do tempo, houve suficientes avisos sobre o perigo em Nova Orleães".
Numa entrevista ao programa "20/20", que a cadeia de televisão ABC News passará na íntegra esta noite (madrugada em Portugal), o responsável pela diplomacia no primeiro mandato de George W. Bush acredita que "não se fez o suficiente".
"Não me parece que se tenha aproveitado o tempo disponível e a verdade é que não sei porquê", afirmou.
A má gestão da crise provocada pelo furacão que espalhou a destruição pelos estados do Luisiana, Mississippi e Alabama tem suscitado críticas mesmo dentro do partido republicano.
O balanço provisório da catástrofe fala em 277 mortos, mas o presidente da Câmara de Nova Orleães, Ray Nagin, considera que este número pode subir até aos milhares - 25.000 sacos mortuários foram enviados para a região.
Para Powell, ao contrário do que se tem dito, a ajuda não tardou, pelo facto dos norte-americanos serem negros: "Não creio que se trate de racismo, acho que foi uma questão de condições económicas". Ficaram para trás os pobres que não tinham dinheiro para pagar o transporte - "e a pobreza afecta acima de tudo os africanos- americanos deste país", explica.
Quando se ordena uma evacuação, como foi o caso em Nova Orleães, "não se pode esperar que cada um vá pelos seus meios. Há gente que não tem cartões de crédito; só uma em cada dez famílias de baixos recursos tem automóvel", disse Powell.
No entanto, se nos primeiros dias depois do furacão "Katrina", as críticas dirigidas contra a Casa Branca apontavam para a falta de ajuda, agora há quem lance o alarme sobre os apetites menos nobres que as grandes somas de dinheiro destinadas às vítimas possam vir a despertar.
Além dos apoios internos, chovem as ofertas de ajuda vindas do mundo inteiro, tanto das nações mais ricas, como de países mais pobres. O rei Mohammed VI de Marrocos ofereceu hoje 500 mil dólares (403 mil euros) para as vítimas e a China reduziu as suas encomendas de petróleo para evitar a subida do preço do barril.
Só a Cruz Vermelha norte-americana recebeu 485 milhões de dólares (369 milhões de euros) para as suas operações de auxílio nas zonas afectadas pelo furacão.
De acordo com o New York Times de hoje, o fluxo de dinheiro canalizado para as vítimas do "Katrina" manter-se-á até ao fim-de- semana nos dois mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros) por dia e a partir daí deverá ser de 500 milhões de dólares (403 milhões de euros) diários.
Com tamanha torrente de dinheiro, vários advogados alertam para os perigos que a falta de controlo rigoroso possa trazer, com gente a desviar verbas em benefício próprio.
Os especialistas orçamentais do Congresso norte-americano acreditam que os custos federais causados pelo "Katrina" poderão vir a ultrapassar os 100 mil milhões de dólares (80 mil milhões de euros), mais do dobro da verba disponibilizada por ano para a segurança interna, revela o New York Times.
Na quinta-feira, o Congresso aprovou a libertação de 51,8 mil milhões de dólares (41,7 mil milhões de euros) para o resgate e reconstrução nos estados afectados, elevando o total de verbas disponibilizadas até agora para 62 mil milhões de dólares (50 mil milhões de euros).
Em Nova Orleães, os esforços dos militares e da polícia para evacuar a cidade por razões de saúde enfrentam agora a teimosia de alguns habitantes que não querem partir. Alguns chegam mesmo a disparar contra os agentes e acabam detidos.
Polícias e militares têm ordens claras para retirar toda a gente da cidade, mas usando a mínima força.
O Presidente norte-americano voltará à região no domingo e segunda-feira, anunciou hoje o seu porta-voz, Scott McClellan. Esta será a terceira vez que o líder da Casa Branca visita as zonas afectadas.
Bush parte de Washington no domingo, logo após a cerimónia em memória das vítimas do 11 de Setembro. Depois de passar a noite no Luisiana, o Presidente desloca-se ao Mississippi, de onde regressará à capital dos Estados Unidos na segunda-feira.
- LUSA
O ex-secretário de Estado norte- americano, Colin Powell, juntou-se hoje às vozes críticas contra a Administração Bush devido às deficiências na resposta à crise do "Katrina", enquanto em Nova Orleães decorre a evacuação forçada da cidade.
Para Powell, possível candidato à coordenação da ajuda às vítimas do furacão, "houve muitos erros a vários níveis, local, estatal e federal. Ao longo do tempo, houve suficientes avisos sobre o perigo em Nova Orleães".
Numa entrevista ao programa "20/20", que a cadeia de televisão ABC News passará na íntegra esta noite (madrugada em Portugal), o responsável pela diplomacia no primeiro mandato de George W. Bush acredita que "não se fez o suficiente".
"Não me parece que se tenha aproveitado o tempo disponível e a verdade é que não sei porquê", afirmou.
A má gestão da crise provocada pelo furacão que espalhou a destruição pelos estados do Luisiana, Mississippi e Alabama tem suscitado críticas mesmo dentro do partido republicano.
O balanço provisório da catástrofe fala em 277 mortos, mas o presidente da Câmara de Nova Orleães, Ray Nagin, considera que este número pode subir até aos milhares - 25.000 sacos mortuários foram enviados para a região.
Para Powell, ao contrário do que se tem dito, a ajuda não tardou, pelo facto dos norte-americanos serem negros: "Não creio que se trate de racismo, acho que foi uma questão de condições económicas". Ficaram para trás os pobres que não tinham dinheiro para pagar o transporte - "e a pobreza afecta acima de tudo os africanos- americanos deste país", explica.
Quando se ordena uma evacuação, como foi o caso em Nova Orleães, "não se pode esperar que cada um vá pelos seus meios. Há gente que não tem cartões de crédito; só uma em cada dez famílias de baixos recursos tem automóvel", disse Powell.
No entanto, se nos primeiros dias depois do furacão "Katrina", as críticas dirigidas contra a Casa Branca apontavam para a falta de ajuda, agora há quem lance o alarme sobre os apetites menos nobres que as grandes somas de dinheiro destinadas às vítimas possam vir a despertar.
Além dos apoios internos, chovem as ofertas de ajuda vindas do mundo inteiro, tanto das nações mais ricas, como de países mais pobres. O rei Mohammed VI de Marrocos ofereceu hoje 500 mil dólares (403 mil euros) para as vítimas e a China reduziu as suas encomendas de petróleo para evitar a subida do preço do barril.
Só a Cruz Vermelha norte-americana recebeu 485 milhões de dólares (369 milhões de euros) para as suas operações de auxílio nas zonas afectadas pelo furacão.
De acordo com o New York Times de hoje, o fluxo de dinheiro canalizado para as vítimas do "Katrina" manter-se-á até ao fim-de- semana nos dois mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros) por dia e a partir daí deverá ser de 500 milhões de dólares (403 milhões de euros) diários.
Com tamanha torrente de dinheiro, vários advogados alertam para os perigos que a falta de controlo rigoroso possa trazer, com gente a desviar verbas em benefício próprio.
Os especialistas orçamentais do Congresso norte-americano acreditam que os custos federais causados pelo "Katrina" poderão vir a ultrapassar os 100 mil milhões de dólares (80 mil milhões de euros), mais do dobro da verba disponibilizada por ano para a segurança interna, revela o New York Times.
Na quinta-feira, o Congresso aprovou a libertação de 51,8 mil milhões de dólares (41,7 mil milhões de euros) para o resgate e reconstrução nos estados afectados, elevando o total de verbas disponibilizadas até agora para 62 mil milhões de dólares (50 mil milhões de euros).
Em Nova Orleães, os esforços dos militares e da polícia para evacuar a cidade por razões de saúde enfrentam agora a teimosia de alguns habitantes que não querem partir. Alguns chegam mesmo a disparar contra os agentes e acabam detidos.
Polícias e militares têm ordens claras para retirar toda a gente da cidade, mas usando a mínima força.
O Presidente norte-americano voltará à região no domingo e segunda-feira, anunciou hoje o seu porta-voz, Scott McClellan. Esta será a terceira vez que o líder da Casa Branca visita as zonas afectadas.
Bush parte de Washington no domingo, logo após a cerimónia em memória das vítimas do 11 de Setembro. Depois de passar a noite no Luisiana, o Presidente desloca-se ao Mississippi, de onde regressará à capital dos Estados Unidos na segunda-feira.
- LUSA