quinta-feira, outubro 16, 2008

Corrupção e os Portugueses

Atitudes, Práticas e Valores

Luís de Sousa
João Triães

Prefácio
Maria José Morgado

Está a iniciar-se o lançamento do livro publicado pela RCP Edições, no Auditório Afonso de Barros - Ala Autónoma do ISCTE (Av. das Forças Armadas, Lisboa).

Muitos parabéns a Rui Costa Pinto pela edição da Obra, e votos de que, no momento em que se discute a nova entidade de combate à corrupção, possa ser um descodificador do muito que vai ocorrendo em Portugal.

Addenda - uma pequena passagem do excerto (completo) que poderá consultar aqui:

As Democracias têm vivido transformações importantes no que respeita aos princípios de ética sob os quais assentam as suas próprias instituições e o seu desempenho.

A corrupção exposta durante as últimas duas décadas tem afectado, directa ou indirectamente, a percepção dos cidadãos face ao desempenho da Democracia e constitui um factor explicativo do actual declínio dos níveis de confiança institucional (Johnston 1991b; Mény 1996a; Pharr e Putnam 2000).

Isto poderá ser entendido como um sintoma, e não como a causa, de um mal-estar mais profundo das Democracias de matriz ocidental, nas quais se inscreve a Democracia portuguesa. Algumas transformações nos processos de decisão têm posto em risco a aplicabilidade dos princípios de ética que governam (ou deveriam governar) a res publica.

O distanciamento e a falta de renovação dos partidos, o autismo dos governantes face aos problemas dos cidadãos, o esvaziamento do Parlamento e a sua resignação a uma função submissa face aos Governos, o redimensionamento da Administração pública por lógicas economicistas, a proliferação de novos híbridos administrativos sem que sejam clarificadas as fronteiras de interacção público/privado e salvaguardado o interesse público, a insuficiência do Estado face aos desafios da economia global.

No meio desta evolução, os medos e frustrações dos cidadãos fazem-se sentir de forma mais intensa do que as suas esperanças e optimismo.

É, por isso, legítimo ponderar se a actual intensidade com que o fenómeno é discutido na arena pública resulta de uma cidadania mais exigente em relação ao exercício de funções públicas/eleitas ou se, pelo contrário, se trata apenas de uma reacção pontual, gerada pela hipersensibilidade a um determinado tipo de ocorrências e alimentada por uma comunicação social sensacionalista.