E, contudo, é bonito
O entardecer.
A luz poente cai do céu vazio
Sobre o tecto macio
Da ramagem
E fica derramada em cada folha.
Imóvel, a paisagem
Parece adormecida
Nos olhos de quem olha.
A brisa leva o tempo
Sem destino,
E o rumor citadino
Ondula nos ouvidos
Distraídos
Dos que vão pelas ruas caminhado
Devagar
E como que sonhado,
Sem sonhar...
- Miguel Torga, Vesperal