terça-feira, fevereiro 13, 2007

Foi fartar vilanagem

"Quem no seu perfeito juízo enviaria 360 toneladas de dinheiro para uma zona de guerra?"

Democratas espertalhões ...
Mais vale tarde do que, nunca ...


Congresso investiga paradeiro de dinheiro enviado para Bagdad

No orçamento para 2008, o Presidente George W. Bush pede mais 145 mil milhões de dólares para a guerra no Iraque. Mas o que o Congresso, dominado pelos democratas, procura saber antes de aprovar o aumento dos fundos para o conflito é para onde foram as 360 toneladas de dinheiro enviadas por Washington entre Maio de 2003 e Junho de 2004 para a reconstrução daquele país.

"Quem no seu perfeito juízo enviaria 360 toneladas de dinheiro para uma zona de guerra?" A pergunta foi feita pelo presidente da Comissão para a Supervisão e Reforma Governamental, Henry Waxman, durante uma audiência no Congresso. A resposta não tardou: "O nosso Governo." Durante mais de um ano, 12 mil milhões de dólares colocados em sacos foram transportados por aviões Hercules C-130 para o Iraque, onde a Administração americana os devia distribuir pelos ministérios com vista à reconstrução do país. Mas 8800 milhões desapareceram durante o processo.

É o destino desse dinheiro - enviado em maços de notas de cem dólares - que o Congresso tenta apurar. Segundo o diário espanhol El País, a maior transferência em dinheiro alguma vez realizada pela Reserva Federal dos EUA pode mesmo ter servido para financiar a insurreição, responsável, desde o início da guerra, em 2003, pela morte de mais de 3100 soldados americanos.

A acrescentar à polémica, o facto de o dinheiro em questão não vir dos impostos pagos pelos americanos, mas sim de fundos procedentes do programa da ONU Petróleo por Alimentos e de activos iraquianos congelados em bancos americanos desde a invasão do Koweit em 1990.

Segundo a Comissão do Congresso, o dinheiro enviado aos ministérios iraquianos foi desviado antes de ser usado para a reconstrução. Além disso, a Administração Bush usou parte dele para pagar os salários de funcionários-fantasmas.

Ouvido na semana passada pelo Congresso, Paul Bremer, o antigo administrador da Autoridade Provisória da Coligação, encarregue da reconstrução do Iraque, explicou que a opção por transportar o dinheiro em aviões se ficou a dever ao caos em que o país se encontrava e à incapacidade dos bancos para receberem transferências electrónicas. Bremer admitiu ter cometido alguns erros e denunciou a falta de preparação para o pós-guerra, mas não conseguiu explicar para onde foi o dinheiro desaparecido.

"Estávamos permanentemente com falta de pessoal", explicou o ex-administrador durante a sua audiência, acrescentando: "Penso que o planeamento foi inadequado."

Até agora, três oficiais do exército dos EUA e dois civis americanos foram detidos por desvio de fundos. Os cinco são acusados de se terem apropriado de 3,6 milhões de dólares destinados à reconstrução e de terem usado o dinheiro para comprar carros de luxo e jóias.

Segundo um relatório de Stuart Bowen, o responsável governamental encarregue de investigar o destino do dinheiro, 43,8 milhões de dólares enviados pelo Departamento de Estado terão sido usados para construir um campo de treino provisório para a polícia iraquiana. Instalações que nunca chegaram a ser utilizadas. Outros 36,4 milhões de dólares terão sido investidos em veículos blindados e armas cujo destino Washington afirma não conhecer. Tal como não sabe onde estão as cerca de 90 mil espingardas e 80 mil pistolas destinadas, em 2004, às forças de segurança iraquianas.

- DN