terça-feira, dezembro 26, 2006

O narcísico PM

Ontem, noite de Natal, entra - via ecrã - casa dentro, e sem convite, o PM.
Numa lacinante mensagem de natal; chorosa e Dickeniana como convém.
Até no Natal o PM vende sabonetes ao país.
Triste.



Dentro de mim me quis eu ver. Tremia,
Dobrado em dois sobre o meu próprio poço...
Ah, que terrível face e que arcabouço
Este meu corpo lânguido escondia!

Ó boca tumular, cerrada e fria,
Cujo silêncio esfíngico eu bem ouço!...
Ó lindos olhos sôfregos, de moço,
Numa fronte a suar melancolia!...

Assim me desejei nestas imagens.
Meus poemas requintados e selvagens,
O meu Desejo os sulca de vermelho:

Que eu vivo à espera dessa noite estranha,
Noite de amor em que me goze e tenha,
... Lá no fundo do poço em que me espelho!


- José Régio, Narciso