segunda-feira, maio 16, 2005

Hoje ... :)



Como a concha de nácar luminoso
Em que Vénus surgiu, risonha e nua,
A Galera vogava ao sol radioso
Com a graça dum Cisne que flutua.

Soltas ao vento as velas de brocado,
Ao som das Liras, sobre o rio imenso,
Dos remos de oiro e de marfim sulcado,
O destino do Mundo ia suspenso!

Como nuvens correndo, as horas passam;
Já se divisa o porto; o Sol declina,
E enquanto as velas, marinheiros, cassam,
Ela que um sonho de poder domina,

Diante do espelho, a reflectir, perscruta
Do seu corpo a beleza profanada,
Como o rufião nocturno, antes da luta,
Examinando a lâmina da espada!


- António Feijó, Sol de Inverno