Inverno
Chega-te a mim, oh companheira de toda a minha vida;
Chega-te a mim e não deixes que o toque do Inverno
Se coloque entre nós. Senta-te ao meu lado diante da lareira,
Porque o fogo é o único fruto do Inverno.
Fala-me da glória do teu coração, porque
Ela é maior que os elementos estridentes
Para além da nossa porta.
Tranca a porta e veda as traves das janelas, porque
A expressão irada do céu deprime o meu
Espírito, e a face dos nossos campos cobertos de neve
Faz a minha alma chorar.
Alimenta o candeeiro com azeite e não o deixes esmorecer, e
Coloca-o ao teu lado, para que eu possa ler com lágrimas o que a
Tua vida comigo escreveu no teu rosto.
Traz o vinho do Outono. Vamos beber e cantar a
Canção da recordação à sementeira descuidada da Primavera,
E aos cuidados atentos do Verão, e à
Recompensa da colheita do Outono.
Chega-te a mim, oh amada da minha alma; o
Fogo está a arrefecer e a desaparecer sob as cinzas.
Abraça-me porque eu temo a solidão; o candeeiro
Extingue-se, e o vinho que esprememos faz-nos
Fechar os olhos. Vamos olhar um para o outro antes
Que eles se fechem.
Encontra-me com os teus braços e abraça-me; deixa que
O sono então abrace as nossas almas numa só.
Beija-me, minha amada, porque o Inverno roubou
Tudo menos os nossos lábios que se movem.
Estás perto de mim, Minha Eterna.
Tão profundo e largo será o oceano do Sono,
E tão recente foi a madrugada!
- Khalil Gibran
Chega-te a mim, oh companheira de toda a minha vida;
Chega-te a mim e não deixes que o toque do Inverno
Se coloque entre nós. Senta-te ao meu lado diante da lareira,
Porque o fogo é o único fruto do Inverno.
Fala-me da glória do teu coração, porque
Ela é maior que os elementos estridentes
Para além da nossa porta.
Tranca a porta e veda as traves das janelas, porque
A expressão irada do céu deprime o meu
Espírito, e a face dos nossos campos cobertos de neve
Faz a minha alma chorar.
Alimenta o candeeiro com azeite e não o deixes esmorecer, e
Coloca-o ao teu lado, para que eu possa ler com lágrimas o que a
Tua vida comigo escreveu no teu rosto.
Traz o vinho do Outono. Vamos beber e cantar a
Canção da recordação à sementeira descuidada da Primavera,
E aos cuidados atentos do Verão, e à
Recompensa da colheita do Outono.
Chega-te a mim, oh amada da minha alma; o
Fogo está a arrefecer e a desaparecer sob as cinzas.
Abraça-me porque eu temo a solidão; o candeeiro
Extingue-se, e o vinho que esprememos faz-nos
Fechar os olhos. Vamos olhar um para o outro antes
Que eles se fechem.
Encontra-me com os teus braços e abraça-me; deixa que
O sono então abrace as nossas almas numa só.
Beija-me, minha amada, porque o Inverno roubou
Tudo menos os nossos lábios que se movem.
Estás perto de mim, Minha Eterna.
Tão profundo e largo será o oceano do Sono,
E tão recente foi a madrugada!
- Khalil Gibran