Suspeitas de Tráfico de Órgãos Estendem-se a Várias Províncias de Moçambique
Suspeita de Tráfico de Orgãos
O negócio de tráfico de órgãos que poderá explicar a morte de várias crianças, nos últimos meses, em Nampula, Moçambique, parece não se restringir apenas a esta província. Já há conhecimento de situações semelhantes em outras províncias do país, entre as quais Manica, disse o procurador-geral da República de Moçambique, Joaquim Madeira, em declarações à RDP-África. O problema está a adquirir proporções alarmantes em Moçambique, considerou.
Uma equipa de médicos legistas já iniciou a exumação dos corpos das crianças, a fim de poder avaliar com mais rigor os sinais de crime. Os cadáveres foram encontrados sem alguns órgãos, como os rins, os pulmões ou o cérebro, e a situação foi denunciada por uma freira brasileira residente em Nampula, que terá investigado oito mortes e, segundo afirma, foi por isso alvo de várias ameaças de morte.
Segundo o procurador-geral da República, as investigações sobre estes alegados casos de tráfico de órgãos decorrem há cerca de dois meses em Nampula. Joaquim Madeira esclareceu que a denúncia foi feita junto da Liga dos Direitos Humanos pela missionária Elilda dos Santos e o assunto foi então encaminhado para a Procuradoria-Geral, em Maputo.
Os indícios existentes apontam para o envolvimento de um casal de estrangeiros (um sul-africano e uma norueguesa) que já estiveram, inclusivamente, em prisão preventiva, mas acabaram por ser libertados à ordem do juiz de instrução criminal, conforme disse o governador de Nampula, Abdul Rasak.
Contactada anteontem pelo PÚBLICO, a freira Elilda dos Santos afirmou não poder adiantar pormenores acerca da situação "por motivos de segurança", mas disse que "as autoridades estão a trabalhar no campo" e que o "ambiente acalmou".
A religiosa chegou a estar fechada com um grupo de crianças, durante alguns dias, no convento onde reside, receando pela sua vida. Terá ainda sido ameaçada de expulsão se continuasse a falar.
A sua situação foi recentemente noticiada no Brasil, durante um programa televisivo, com base num "dossier" e num vídeo denunciando a situação que a freira entregou a uma outra religiosa que viajou recentemente para o continente americano.
O presidente do Centre Spiritain Européen pour la Coopération au Développement (CSECD), a funcionar em Bruxelas, padre Firmino Cachada, também já alertou a Amnistia Internacional para o assunto, salientando a necessidade de uma "investigação independente" sobre estes acontecimentos.
A existência de tráfico de órgãos humanos, em Moçambique, já tinha sido admitida, no ano passado, pelo ministro da Segurança Interna do país, Almer Manhenje. Segundo notícia difundida pela rádio França Internacional em Julho de 2002, o ministro afirmou: "Não temos intenção de alarmar as populações, mas não é segredo para ninguém que o tráfico de rins e de córneas existe e alimenta redes de transplantações. Ao ponto de o Governo estar a pensar seriamente em ordenar o encerramento do comércio a partir de uma certa hora da noite, a fim de reduzir o número de agressões e de raptos."
A notícia referia que "o mesmo problema preocupa a vizinha Tanzânia, onde os crimes seguidos de extracção de órgãos são cada vez mais frequentes, em particular ao longo das fronteiras com a Zâmbia e o Malawi". "Os financiadores serão 'exportadores' de órgãos que pagam cerca de nove mil dólares por cadáver fresco", especificava-se.
- Público
O negócio de tráfico de órgãos que poderá explicar a morte de várias crianças, nos últimos meses, em Nampula, Moçambique, parece não se restringir apenas a esta província. Já há conhecimento de situações semelhantes em outras províncias do país, entre as quais Manica, disse o procurador-geral da República de Moçambique, Joaquim Madeira, em declarações à RDP-África. O problema está a adquirir proporções alarmantes em Moçambique, considerou.
Uma equipa de médicos legistas já iniciou a exumação dos corpos das crianças, a fim de poder avaliar com mais rigor os sinais de crime. Os cadáveres foram encontrados sem alguns órgãos, como os rins, os pulmões ou o cérebro, e a situação foi denunciada por uma freira brasileira residente em Nampula, que terá investigado oito mortes e, segundo afirma, foi por isso alvo de várias ameaças de morte.
Segundo o procurador-geral da República, as investigações sobre estes alegados casos de tráfico de órgãos decorrem há cerca de dois meses em Nampula. Joaquim Madeira esclareceu que a denúncia foi feita junto da Liga dos Direitos Humanos pela missionária Elilda dos Santos e o assunto foi então encaminhado para a Procuradoria-Geral, em Maputo.
Os indícios existentes apontam para o envolvimento de um casal de estrangeiros (um sul-africano e uma norueguesa) que já estiveram, inclusivamente, em prisão preventiva, mas acabaram por ser libertados à ordem do juiz de instrução criminal, conforme disse o governador de Nampula, Abdul Rasak.
Contactada anteontem pelo PÚBLICO, a freira Elilda dos Santos afirmou não poder adiantar pormenores acerca da situação "por motivos de segurança", mas disse que "as autoridades estão a trabalhar no campo" e que o "ambiente acalmou".
A religiosa chegou a estar fechada com um grupo de crianças, durante alguns dias, no convento onde reside, receando pela sua vida. Terá ainda sido ameaçada de expulsão se continuasse a falar.
A sua situação foi recentemente noticiada no Brasil, durante um programa televisivo, com base num "dossier" e num vídeo denunciando a situação que a freira entregou a uma outra religiosa que viajou recentemente para o continente americano.
O presidente do Centre Spiritain Européen pour la Coopération au Développement (CSECD), a funcionar em Bruxelas, padre Firmino Cachada, também já alertou a Amnistia Internacional para o assunto, salientando a necessidade de uma "investigação independente" sobre estes acontecimentos.
A existência de tráfico de órgãos humanos, em Moçambique, já tinha sido admitida, no ano passado, pelo ministro da Segurança Interna do país, Almer Manhenje. Segundo notícia difundida pela rádio França Internacional em Julho de 2002, o ministro afirmou: "Não temos intenção de alarmar as populações, mas não é segredo para ninguém que o tráfico de rins e de córneas existe e alimenta redes de transplantações. Ao ponto de o Governo estar a pensar seriamente em ordenar o encerramento do comércio a partir de uma certa hora da noite, a fim de reduzir o número de agressões e de raptos."
A notícia referia que "o mesmo problema preocupa a vizinha Tanzânia, onde os crimes seguidos de extracção de órgãos são cada vez mais frequentes, em particular ao longo das fronteiras com a Zâmbia e o Malawi". "Os financiadores serão 'exportadores' de órgãos que pagam cerca de nove mil dólares por cadáver fresco", especificava-se.
- Público