sábado, junho 30, 2007

"Vitória do realismo sobre a utopia"

Em jeito de carta aberta



Meu Caro,

A vitória do realismo sobre a utopia vai no sentido inverso ao que expões.

O realismo é considerar que esta UE, e aqueles que propõe uma Federação Europeia são utópicos.
Nem por sombras se aplica utopia àqueles que não querem uma Federação Europeia, essa sim, uma utopia.

A Federação Europeia é uma impossibilidade gritante. Veja-se o repetido exemplo que a história nos dá: guerras, conflitos e cissões constante entre países, Estados e Nações europeias.
Assim, bem vês, utópico é pensar que conseguem dobrar séculos e séculos de uma genética europeia, à pala do tachismo, amiguismo e centralismo bruxelense!

MP

quarta-feira, junho 27, 2007

Parabéns!

Muitos parabéns ao Carlos Furtado e ao Nortadas pelos 4 anos de blogosfera!

É uma obra monumental, feita de 4 estações!


Magoei os pés no chão onde nasci.
Cilícios de raivosa hostilidade
Abriram golpes na fragilidade
De criatura
Que não pude deixar de ser um dia.

Com lágrimas de pasmo e de amargura
Paguei à terra o pão que lhe pedia.

Comprei a consciência de que sou
Homem de trocas com a natureza.
Fera sentada à mesa
Depois de ter escoado o coração
Na incerteza
De comer o suor que semeou,
Varejou,
E, dobrada de lírica tristeza,
Carregou.


- Começo

Não são pepitas de oiro que procuro.
Oiro dentro de mim, terra singela!
Busco apenas aquela
Universal riqueza
Do homem que revolve a solidão:
O tesoiro sagrado
De nenhuma certeza,
Soterrado
Por mil certezas de aluvião.
Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
Poeta antes dos versos
E sede antes da fonte.
Puro como um deserto.
Inteiramente nu e descoberto.


- Prospecção
De Miguel Torga

segunda-feira, junho 25, 2007

A novidade "florida" ...

Sim ao Referendo do novo Tratado da UE

domingo, junho 24, 2007

Cuidado: Europa Federal!

É o que pretendem os pseudo altos dignatários europeus, e bem assim, os marshmallows mundiais:

Uma Federação Europeia.



(Federalismo/Federação)

Ao nível dos outros países que fazem parte da União Europeia, uns mais do que outros, lutam pela salvaguarda da soberania do seu respectivo país.

Portugal, e os seus governantes e representantes, lutam pelo seu quinhão ao sol, i.e., lutam por um tachito no centralismo de Bruxelas - tendo em conta que Portugal não conta para tabaco, apenas para as estatísticas residuais; assim sendo, não existe qualquer pejo, na venda, alienação ao desbarato deste pedacito de terra com tantos séculos de existência - a sua alienação será sumária, rápida e indelevelmente propagandística (i.e., será vendida aos borregos do costume como sendo a melhor coisa deste mundo e arredores para os portugueses - ou isso, ou os dinheiritos de Bruxelas não continuaram a correr pelo rio de mel dos instalados, coisa que será vendida como: os subsídios de Bruxelas terminaram se não alinharmos ... Ora, o povinho português, com a sua veia cada vez mais subsídio dependente, exemplo gritante a agricultura muribunda portuguesa ...).

Assim sendo, a Federação Europeia está à porta.
Está à porta, porque uns quantos querem aquilo que muitos não desejam.
E aquilo que uns quantos querem, será imposto a muitos. Sem Referendo, sem consulta popular, sem respeito pelo desejo, pela especificidade dos Povos.

Estes quantos caem num terrível erro - a Federação Europeia, é uma utopia.

A Europa não é os EUA.
A Europa tem uma história milenar; uma história repleta e plena de especificidades, de animosidades entre Estados, entre Povos, entre Nações.
A Europa nunca será uma Federação.
E, por mais que tentem uns quantos, os muitos, no final, irão impôr aquilo que desde sempre vingou na Europa:

A diversidade de Estados, Povos e Nações, distintas e plenamente soberanos.
Nada menos do que isso.

Aos srs pseudo coisos, que consideram que ficaram cá para sempre, e que sempre mandarão nos destinos dos borregos (leia-se população), um pequeno aviso:

SIC TRANSIT GLORIA MUNDI.

terça-feira, junho 19, 2007

ATENÇÃO!!

Estes srs preparam-se para mandar o Referendo, ao pseudo Tratado Constitucional da União Europeia, para o caixote do lixo!!

(Só não estava à espera desta postura por parte de Pinto Balsemão ...)



Mendes aconselhado a esquecer referendo

Mendes está cada vez mais isolado na defesa do referendo à Europa. Durão é contra

Marques Mendes está cada vez mais isolado na exigência de um referendo ao tratado europeu. O líder do PSD assumiu na reunião do Conselho de Estado, sexta-feira, em Belém, que não deixará cair o compromisso eleitoral de defender a consulta popular sobre a Europa, mas foi aconselhado a ter prudência.
Vários conselheiros – entre eles Manuel Alegre e Almeida Santos (do PS) e Francisco Pinto Balsemão (do PSD) – contrariaram a tese do líder social-democrata, que conta, à partida, com forte oposição de Cavaco Silva e de Durão Barroso. O presidente da Comissão Europeia defendeu a necessidade imperiosa de se ultrapassarem todos os impasses relacionados com a aprovação do tratado europeu e não entrou na discussão sobre o referendo. Mas já depois da reunião do Conselho de Estado, confrontado, segunda-feira, com o assunto no Programa "Prós e Contras" da RTP, enfatizou várias vezes que ''um tratado ratificado pelos Parlamentos tem tanta legitimidade quanto um tratado referendado''.

O Presidente da República também não se referiu directamente ao assunto na reunião em Belém, mas ao enfatizar as prioridades que considera estarem colocadas à presidência portuguesa da UE, Cavaco ignorou a forma de ratificar o eventual tratado. As suas reticências ao referendo já foram assumidas pelo próprio publicamente.

Manuel Alegre e Francisco Pinto Balsemão, que falaram depois do líder do PSD, criticaram indirectamente a defesa do referendo feita por Marques Mendes e alertaram para a necessidade de ter prudência na ordem de prioridades, por forma a não dificultar a obtenção de um acordo europeu, ainda que sob a forma de tratado simplificado.

(...)

- Expresso Online

segunda-feira, junho 18, 2007

Muitos parabéns!



Ao Bekx - Ejetamos, pelos 3 anos de blogosfera!

Conte muitos mais!

Sete em cores, de repente
O arco-íris se desata
Na água límpida e contente
Do ribeirinho da mata.

O sol, ao véu transparente
Da chuva de ouro e de prata
Resplandece resplendente
No céu, no chão, na cascata.

E abre-se a porta da Arca
De par em par: surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca

Noé, o inventor da uva
E que, por justo e temente
Jeová, clementemente
Salvou da praga da chuva.

Tão verde se alteia a serra
Pelas planuras vizinhas
Que diz Noé: "Boa terra
Para plantar minhas vinhas!"

E sai levando a família
A ver; enquanto, em bonança
Colorida maravilha
Brilha o arco da aliança.

(...)

Na serra o arco-íris se esvai . . .
E . . . desde que houve essa história
Quando o véu da noite cai
Na terra, e os astros em glória

Enchem o céu de seus caprichos
É doce ouvir na calada
A fala mansa dos bichos
Na terra repovoada.


- Vinícius De Moraes, A Arca de Noé

domingo, junho 17, 2007

Para Conservador, não lhe cai nada mal o Liberalismo!

O MEDO



Fala-se de medo nos dias que correm na Pátria. Medo de escrever em blogues, medo de financiar estudos, medo de falar de assuntos quentes na comunicação social, agora também medo de Directores Regionais de Educação. Funcionam um pouco por todo o lado os mecanismos invisíveis de coacção. De pessoas que escrevem nos blogues, de empresas que financiam estudos contrários às posições do Governo, de jornais que simpaticamente prescindem de jornalistas incómodos, e alguns visíveis como processos disciplinares.

(...)

Especialmente no que toca aos empresários, o medo de se saber que pagaram um simples estudo, que por ironia dos Deuses se vem a saber agora que foi combinado com Sócrates, revela apenas que em Portugal continua a não ser possível a economia funcionar sem o Estado. Quando um empresário que arrisca o seu capital precisa do Estado para ter hipóteses de sucesso, é porque não há mercado a sério, propriedade privada a sério, liberdade económica a sério. E esse é, há séculos, quer se queira quer não, o principal factor do atraso económico e social do país.

Mas há que dizer ainda outras duas coisas. Alguns dos chamados grandes empresários portugueses sempre preferiram acoitar-se no amparo dos dinheiros públicos e do encosto com o poder do que experimentar o negócio a sério. Dá mais trabalho certamente. É ver nomeadamente a pouca vergonha que se passou com as chamadas privatizações, que foram devoluções e não privatizações, com concursos públicos de fachada em muitos casos, com resultado pré-decidido.

(...)

- JF

A fabulosa democracia: China

Mil crianças chinesas foram vendidas como escravos



Com uns magros 50 euros consegue-se comprar uma vida humana na China, depois inicia-se o inferno da escravatura.

São milhões as crianças que caem nas malhas da escravatura


- Expresso Online

Bem, mas eu é que sou uma perigosa Proteccionista...
Digam antes que, eu, tenho razão antes do tempo.
(O recado, está dado.)

sábado, junho 16, 2007

A OTA e o eléctrico chamado TGV



Parece que o trolha de serviço à causa (semi)pública teve que, travar os ímpetos de empreender na construção de um (desnecessário) novo aeroporto de Lisboa, cuja localização era a OTA.
Os factos incontestáveis foram finalmente tornados públicos; ainda há Homens em Portugal (estão escondidos num recôndito local, mas existem. ALELUIA!).

Todos sabemos o porquê da dita localização, e da sanha continuada - pelo menos tem-no sido até à data - da localização e da celeridade da pretensa construção.
Sim, todos sabemos, todos sabem, mas quase todos se fazem de parvos.
Não querem processos como os que aquela outra sra., que suspendeu uma alfaia agrícola do serviço de (pseudo) educação do Norte.
Ou ainda, de toda uma, cada vez maior, gama de artefactos judiciais de que se socorre a censura actual para por cobro à liberdade de expressão, pensamento e acção cívica.

Pois íamos nós na OTA...
Passemos ao eléctrico de luxo ao qual deram o nome de TGV; um nome piroso, para um eléctrico de pirosos.
O combóio do Tua é mais rápido e mais giro, sempre dá para ir colher umas cerejas até à curva seguinte na paisagem ...

Como ia dizendo, parece que o trolha de serviço à causa (semi)pública, foi obrigado a reconsiderar, e que o Governo desacelerou os seus propósitos de sanha a bem da Presidência Europeia Portuguesa; para este último peditório o PR também deu, pediu contensão (hummm ...) - é o fado português.

E pronto. Um país de flibusteiros (termo fanado ao Dragão - data venia), pobretanas armados ao pingarelho, sempre a querer parecer mais do que ser.

Auristela Hermengarda?!!!

Que nome estapafúrdio de se ter!!

Pois o Conde ... está quase extinto.

Liberdade

Uma vez mais, num acto cívico de plena cidadania, António Balbino Caldeira está a ser alvo do Ministério Público e da Polícia Judiciária.

Ora, ABC sempre deu a cara, i.e., sempre assinou todos os seus artigos, nunca deixou de fundamentar qualquer opinião.

Está neste momento a ser alvo (e uma vez mais) de perseguição; é exactamente isso: perseguição.
Um cidadão, no exercício pleno dos seus direitos, está a ser sarciado na sua liberdade de expressão, de pensamento e de cidadania.
Estamos perante o ressuscitar da polícia política que pretende por cobro a qualquer fuga à corrente predeterminada e aceite pelo sistema.

O sistema combate quem pensa por si, e aquilo a que estamos a assistir é ao ressurgir da limitação, delimitação e formatação do pensamento e da acção (que se quer responsável - no caso de ABC foi) pelos poderes que estão.


Addenda -

No artigo de J.G., um sagaz comentário:

No céu cinzento Sob o astro mudo
Batendo as asas Pela noite calada
Vêm em bandos Com pés de veludo
Chupar o sangue Fresco da manada

Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhes franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada [Bis]

A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas acabadas

São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

No chão do medo Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos Na noite abafada
Jazem nos fossos Vítimas dum credo
E não se esgota O sangue da manada

Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhe franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada


- Zeca Afonso, Vampiros

Cá temos mais um poema que visando os de outrora, afinal, melhor revela os de agora.
- R.A.I.

Atrasada

O falecimento de Kurt Waldheim



Foi um excelente Secretário-Geral das NU.
Quanto ao resto, bem o resto já era conhecido de todos quando era Secretário-Geral das NU, e não foi por causa desse passado que ele deixou de ser Secretário-Geral das NU, ou de ser reconduzido no cargo.

A hipocrisia humana corre fundo.

terça-feira, junho 12, 2007

Oh freguês! Vai um manjerico?



Votos de excelente arraial: febra e sardinha assada, e mais uns tintóis valentes!
Amanhã é dia de descanso - Boa Festa!

Cantigas de portugueses
São como barcos no mar —
Vão de uma alma para outra
Com riscos de naufragar.

A caixa que não tem tampa
Fica sempre destapada
Dá-me um sorriso dos teus
Porque não quero mais nada.

No baile em que dançam todos
Alguém fica sem dançar.
Melhor é não ir ao baile
Do que estar lá sem estar.

Vale a pena ser discreto?
Não sei bem se vale a pena.
O melhor é estar quieto
E ter a cara serena.

Tenho um relógio parado
Por onde sempre me guio.
O relógio é emprestado
E tem as horas a fio.

Aquela senhora velha
Que fala com tão bom modo
Parece ser uma abelha
Que nos diz: "Não incomodo".

Não digas mal de ninguém,
Que é de ti que dizes mal.
Quando dizes mal de alguém
Tudo no mundo é igual.

Quando vieste da festa,
Vinhas cansada e contente.
A minha pergunta é esta:
Foi da festa ou foi da gente?

Tenho uma pena que escreve
Aquilo que eu sempre sinta.
Se é mentira, escreve leve.
Se é verdade, não tem tinta.

Deixaste cair a liga
Porque não estava apertada...
Por muito que a gente diga
A gente nunca diz nada.

Não há verdade na vida
Que se não diga a mentir.
Há quem apresse a subida
Para descer a sorrir.

Santo Antônio de Lisboa
Era um grande pregador
Mas é por ser Santo Antônio
Que as moças lhe têm amor.

Tem um decote pequeno,
Um ar modesto e tranqüilo;
Mas vá-se lá descobrir
Coisa pior do que aquilo!

Aquela loura de preto
Com uma flor branca no peito,
É o retrato completo
De como alguém é perfeito.

Duas hora te esperei
Dois anos te esperaria.
Dize: devo esperar mais?
Ou não vens porque inda é dia?

Dias são dias, e noites
São noites e não dormi...
Os dias a não te ver
As noites pensando em ti.

Teus brincos dançam se voltas
A cabeça a perguntar.
São como andorinhas soltas
Que inda não sabem voar.

Levas uma rosa ao peito
E tens um andar que é teu...
Antes tivesses o jeito
De amar alguém, que sou eu.

Rosa verde, rosa verde...
Rosa verde é coisa que há?
É uma coisa que se perde
Quando a gente não está lá.

Tenho vontade de ver-te
Mas não sei como acertar.
Passeias onde não ando,
Andas sem eu te encontrar.

O burburinho da água
No regato que se espalha
É como ilusão que é mágoa
Quando a verdade a baralha.

Boca com olhos por cima
Ambos a estar a sorrir...
Já sei onde está a rima
Do que não ouso pedir.

Não digas mal de ninguém,
Que é de ti que dizes mal.
Quando dizes mal de alguém
Tudo no mundo é igual.

Todas as coisas que dizes
Afinal não são verdade.
Mas, se nos fazem felizes,
Isso é a felicidade.


- Fernando Pessoa, Quadras ao gosto popular

Publicado também aqui

domingo, junho 10, 2007

Colin Powell diz que prisão de Guantánamo devia ser encerrada imediatamente



- Powell considera que a prisão em Cuba se tornou um grave problema

O antigo secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, disse hoje que a prisão militar de Guantánamo para suspeitos de terrorismo devia ser encerrada imediatamente e os detidos deviam ser transferidos para os Estados Unidos.

Powell considera que a prisão em Cuba se tornou um “grave problema” para a imagem dos Estados Unidos no estrangeiro e tem feito mais mal que bem.

“Se me coubesse a mim, não fecharia Guantánamo amanhã mas esta tarde”, comentou Powell à estação de televisão NBC.

“Abalámos a crença que o mundo tinha no sistema de Justiça americano ao manter um local como Guantánamo aberto”, acrescentou.

Os Estados Unidos têm cerca de 380 suspeitos de terrorismo presos em Guantánamo.

Associações de direitos humanos e governos têm apelado ao encerramento da prisão, dizendo que manter prisioneiros durante anos sem serem julgados é uma violação à Justiça. Mas Washington mantém que a prisão é legal e necessária para manter indivíduos perigosos.

- Público

Dia de Portugal



Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instincto teu.

Nação porque reincarnaste,
Povo porque ressuscitou
Ou tu, ou o de que eras a haste-
Assim se Portugal formou.

Teu ser é como aquella fria
Luz que precede a madrugada,
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.


- Fernando Pessoa, Viriato

quarta-feira, junho 06, 2007

Diz que ...

.. é uma espécie de piada:

Carmona Rodrigues quer maioria absoluta

terça-feira, junho 05, 2007

Sursum Corda ...

... a Vida pede: Silêncio.



Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.

Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.

Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.

Sursum corda! Erguei as almas! Toda a Matéria é Espírito,

Porque Matéria e Espírito são apenas nomes confusos
Dados à grande sombra que ensopa o Exterior em sonho
E funde em Noite e Mistério o Universo Excessivo!
Sursum corda! Na noite acordo, o silêncio é grande,
As coisas, de braços cruzados sobre o peito, reparam

Com uma tristeza nobre para os meus olhos abertos
Que as vê como vagos vultos noturnos na noite negra.
Sursum corda! Acordo na noite e sinto-me diverso.
Todo o Mundo com a sua forma visível do costume
Jaz no fundo dum poço e faz um ruído confuso,

Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça.

Sursum corda! ó Terra, jardim suspenso, berço
Que embala a Alma dispersa da humanidade sucessiva!
Mãe verde e florida todos os anos recente,
Todos os anos vernal, estival, outonal, hiemal,
Todos os anos celebrando às mancheias as festas de Adônis
Num rito anterior a todas as significações,
Num grande culto em tumulto pelas montanhas e os vales!
Grande coração pulsando no peito nu dos vulcões,
Grande voz acordando em cataratas e mares,
Grande bacante ébria do Movimento e da Mudança,
Em cio de vegetação e florescência rompendo
Teu próprio corpo de terra e rochas, teu corpo submisso
A tua própria vontade transtornadora e eterna!
Mãe carinhosa e unânime dos ventos, dos mares, dos prados,
Vertiginosa mãe dos vendavais e ciclones,
Mãe caprichosa que faz vegetar e secar,
Que perturba as próprias estações e confunde
Num beijo imaterial os sóis e as chuvas e os ventos!

Sursum corda! Reparo para ti e todo eu sou um hino!
Tudo em mim como um satélite da tua dinâmica intima
Volteia serpenteando, ficando como um anel
Nevoento, de sensações reminescidas e vagas,
Em torno ao teu vulto interno, túrgido e fervoroso.
Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente
Meu coração a ti aberto!
Como uma espada traspassando meu ser erguido e extático,
Intersecciona com meu sangue, com a minha pele e os meus nervos,
Teu movimento contínuo, contíguo a ti própria sempre,

Sou um monte confuso de forças cheias de infinito
Tendendo em todas as direções para todos os lados do espaço,
A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une
E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim
Não passem de mim, nem quebrem meu ser, não partam meu corpo,
Não me arremessem, como uma bomba de Espírito que estoira
Em sangue e carne e alma espiritualizados para entre as estrelas,
Para além dos sóis de outros sistemas e dos astros remotos.

Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo.
Tudo o que há dentro de mim tende a despejar-me no chão,
No vasto chão supremo que não está em cima nem embaixo
Mas sob as estrelas e os sóis, sob as almas e os corpos
Por uma oblíqua posse dos nossos sentidos intelectuais.

Sou uma chama ascendendo, mas ascendo para baixo e para cima,
Ascendo para todos os lados ao mesmo tempo, sou um globo
De chamas explosivas buscando Deus e queimando
A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica,
A minha inteligência limitadora e gelada.

Sou uma grande máquina movida por grandes correias
De que só vejo a parte que pega nos meus tambores,
O resto vai para além dos astros, passa para além dos sóis,
E nunca parece chegar ao tambor donde parte ...

Meu corpo é um centro dum volante estupendo e infinito
Em marcha sempre vertiginosamente em torno de si,
Cruzando-se em todas as direções com outros volantes,
Que se entrepenetram e misturam, porque isto não é no espaço
Mas não sei onde espacial de uma outra maneira-Deus.

Dentro de mim estão presos e atados ao chao
Todos os movimentos que compõem o universo,
A fúria minuciosa e dos átomos,
A fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos,
A espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam,

A chuva com pedras atiradas de catapultas
De enormes exércitos de anões escondidos no céu.

Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio
De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma.
Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode,
Freme, treme, espuma, venta, viola, explode,
Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge,
Sê com todo o meu corpo todo o universo e a vida,
Arde com todo o meu ser todos os lumes e luzes,
Risca com toda a minha alma todos os relâmpagos e fogos,
Sobrevive-me em minha vida em todas as direções!


- Álvaro Campos

segunda-feira, junho 04, 2007

Notícias de relevo

A Vila, sempre, Viçosa de Hélder Cravo



Quando os Bons partem

Partiu um amigo



Faleceu Hélder Cravo

Um Homem Bom; uma excelente pessoa, sempre alegre, amigo e convicto.
Um Homem que se batia por ideais.
Que não se furtava à luta.

Vá em Paz.
E, Muito Obrigada.

À Família e Amigos, sentidas condolências.



O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...

- Miguel Torga, Confiança

Brincar com o fogo

Putin ameaça apontar mísseis nucleares à Europa



O presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou hoje apontar mísseis, alguns deles com ogivas nucleares, à Europa como resposta a uma eventual instalação do escudo anti-mísseis que os Estados Unidos querem instalar no leste europeu.
«É óbvio que se parte do potencial estratégico nuclear dos Estados Unidos se encontra na Europa e, segundo os nossos especialistas, nos ameaçam, teremos de responder», afirmou Putin numa entrevista que pode ser lida no site do diário canadiano The Globe and Mail.

«Que medidas é que poderemos tomar? Podemos apontar novos objectivos na Europa. Mas é tudo uma questão puramente técnica. Seja com mísseis balísticos ou de cruzeiro, ou ainda com algum tipo de novos sistemas de armamento», sublinhou o presidente russo.

Segundo o jornal, o presidente russo considera que o escudo anti-mísseis que os Estados Unidos querem instalar na Europa do Leste, nomeadamente em países de influência da extinta União Soviética, é uma «provocação» que arrastará para o «regresso à Guerra Fria entre os dois países».

- Diário Digital / Lusa

Administration Rebukes Putin on His Policies

A top Russia expert at the State Department issued an unusually sharp public criticism on Thursday of Moscow’s behavior under President Vladimir V. Putin, describing the Kremlin as bullying its neighbors while silencing political opponents and suppressing individual rights at home.

The comments, approved by the White House, are the latest volley of criticism between Washington and Moscow in recent days. Although the White House said this week that President Bush would play host to Mr. Putin on July 1 at the Bush family compound in Maine, the speech is likely to add tension at a time when the broader dialogue between Washington and Moscow is already taking the most caustic tones since the collapse of communism.

“We do no one any favors, least of all the Russian people and even their government, by abstaining from speaking out when necessary,” the Russia expert, David Kramer, the deputy assistant secretary of state for European and Eurasian affairs, said in a speech Thursday night before the Baltimore Council on Foreign Affairs.

The speech came a day after Foreign Minister Sergey V. Lavrov of Russia accused the United States of fomenting a dangerous new arms race and implicitly threatened to block any effort by the United States and Europe to win broader diplomatic recognition for Kosovo. On Thursday, Secretary of State Condoleezza Rice, a scholar of Russian affairs, used a speech in Potsdam, Germany, to describe the American-Russian relationship as one of “cooperation and competition, of friendship and friction.”

Mr. Kramer’s comments appeared to continue a diplomatic tactic by the White House in which the harshest messages are sometimes delivered by lower-ranking officials, to preserve greater latitude for senior policy makers in dealing with their counterparts.

Several Bush administration officials said they hoped the speech would put Mr. Putin on notice that Mr. Bush is not going to be restrained in his criticism of the Russian government when the two leaders gather for private talks in Maine. At the same time, these officials said, the administration wanted to make clear that the meeting would be an opportunity for the two sides to improve their relations.

Mr. Bush and Mr. Putin are also scheduled to talk next week at the Group of 8 meeting in Germany. The planned visit by Mr. Putin to Kennebunkport, Me., will be the first time in his presidency that Mr. Bush has invited a foreign leader to stay with him at his family compound there.

(...)

- Thom Shanker, NYT

sábado, junho 02, 2007

Ser radical, é ser heterossexual.

Longe vão os tempos em que ser normal, era ser heterossexual.
Hoje em dia, é exactamente o contrário.
Quem não for homossexual, é esquisit@, não é in, é conservador@, é bota de elástico, não está ligad@.

Só epítetos que me incomodam ... Ora, eu sou uma radical do caraças. Sempre fui. Sempre serei. Porrada é comigo.
Isto dito, digo-vos ainda, que radical é o meu nome do meio.
Se é porrada que querem, é porrada que vão ter.

Sou uma esquisita heterossexual, que não pede desculpas, e muito menos licença a ninguém, seja a quem quer que seja, para ser uma radical dos tempos actuais.
Só não digo para irem levar no ... porque ainda estaria a fazer-vos o gosto ao anus.

Ao demais, respeito merece qualquer ser humano; é uma questão basilar. Sucede, no entanto que, respeitar não significa gostar, aceitar ou concordar.
Respeito, mas não gosto, não concordo, e não aceito.

A intimidade de cada qual, é isso mesmo, intimidade.
Aquilo que adultos, livres, conscientes e responsáveis fazem, apenas diz respeito a si mesmos.

Aquilo que, por outro lado, diz respeito à sociedade, é uma questão que diz respeito a todos.

Quando se trata de legislar, o legislador tem que ter em conta a sociedade, o conjunto de indivíduos que constitui a sociedade. E é dentro desses parâmetros que legisla, ou antes deve legislar.
Princípios comuns, princípios norteadores, valores comuns.

A moda actual, deturpa a natureza humana; a moda actual que tentam impor ao conjunto dos cidadãos, é não só o contracenso do que é a natureza humana, como é em si geradora de todo o tipo de inversão daquilo que é a própria natureza humana.
Será a contrario natura ou seja contra natura.
Uma Lei contra natura é uma Lei nado-morta. Como não podia deixar de o ser.
O código genético dispõe diferentemente daquilo que um grupo, uma clik, um lobby, tenta impor ao conjunto.

Sou frontalmente contra.
Bater-me-ei contra a alteração do quadro legal, que prevê actualmente que o contrato de casamento apenas se aplica a pessoas de sexo diferente.
Não pode, não deve, e não faz o menor sentido, que seja de forma diferente.
Assim como, muito menor sentido faz, a adopção por homossexuais de crianças.

Mais, sou contra a União de Facto, seja para casais heterossexuais, e muito mais contra sou, em relação a casais homossexuais.
A União de Facto só fez sentido legal quando imperava o casamento católico, segundo o qual regime, os casais não se podiam divorciar, sendo remetidos a uma estrutura legal que impedia que voltassem a contrair matrimónio.
Hoje já não faz qualquer sentido. Nenhum.
O divórcio é possível, foi até simplicado - quando por mútuo consentimento, e, assim sendo, só casa quem quer.
Se os casais querem disfrutar dos benefícios que a Lei prevê para o regime do casamento, então casem; agora, quererem usufruir de benefícios idênticos aos do casamento, sem se comprometerem ou assumirem os deveres previstos para o mesmo, ficando apenas e tão somente com a parte melhor, eu digo: vão-se catar.
Não há benesses para quem não estiver disposto a comprometer-se, responsabilizar-se e assumir os seus deveres.

Pois é, o pessoal hoje em dia só quer a parte melhor, a pior fica para os outros.

Se não pertendem compromissos, então vivam juntos, mas não exijam benefícios ao Estado.
O Estado não deve dar. Isso é passar a mãozinha, uma vez mais socialisticamente, pelas cabecinhas de pessoas irresponsáveis que entendem que o Estado subsidiará os seus actos.
Vivam livres, responsabilizem-se pelos vossos actos.

E mais lhes digo:
O Liberalismo não é desculpa para tentarem impor esta visão à sociedade.
NÃO É.
O Liberalismo nada tem nada a ver com a imposição de uma tendência ou modo, ou maneira de vida.
O Liberalismo respeita.
Aquilo que pretendem, uma vez mais, é passar o socialismo, como se de uma visão ou tendência liberal se trata-se. NÃO É VERDADE. Não corrupam o Liberalismo.
Assumam o que pretendem na vida, mas não transformem o Liberalismo em bode expiatório.
Liberdade sob a Lei.
Quando pretendem alterar a Lei para servir uma clik, estão a transformar a Lei num rol de supermercado; não é. Deve apenas, e tão somente, regular a relação entre pessoas imbuídas de valores e sentido comum.
Este, não é comum a todo um conjunto de indivíduos.

Mais, se for preciso ir para a rua, serei a primeira.

Às clicks uma chamada de atenção:
Não me tentem fazer a folha, nunca viram uma Touro f....