domingo, novembro 27, 2005

A criança que ri na rua



A criança que ri na rua,
A música que vem no acaso,
A tela absurda, a estátua nua,
A bondade que não tem prazo -

Tudo isso excede este rigor
Que o raciocínio dá a tudo,
E tem qualquer cousa de amor,
Ainda que o amor seja mudo


- Fernando Pessoa, A Criança Que Ri na Rua

O fim da brasa

Um Excelente artigo sobre o 25 de Novembro de Luiz Carvalho no jornal Expresso:

A festa tinha sido bonita, mas acabara. Duran Clemente, o oficial revolucionário, entrou no ar interrompendo a emissão da RTP para falar ao povo. Passados minutos, depois de algumas expressões patéticas, foi retirado do ar. O Dany Kaye em filme americano deu-lhe continuidade. A ideologia rosa vencia a ideologia vermelha.

Antes, o país entrara em colapso. Aquele Verão de 75 tinha sido quente. Um país em brasa. Os militares rebeldes do Copcon, com Otelo à cabeça, qual Fidel Castro da Europa disposto a meter no Campo Pequeno os fascistas (quem não estava com a revolução era uma espécie em vias de extinção), queriam tomar o poder. Nacionalizações, ocupações selvagens, autogestão, ocupação de empresas pelos trabalhadores, o quadro mais insurrecto podia ser observado no Portugal de 75.

O delírio colectivo estava na rua. Soldados ocuparam Lisboa, desviaram autocarros, atravessavam a Ponte 25 de Abril gritando «Soldados são filhos do povo, revolução já!».


Na manhã de 26 de Novembro, 200 comandos, sob as ordens do mítico coronel Jaime Neves, abriram fogo sobre o Regimento da Polícia Militar (RPM) em Belém, então comandado pelo major Tomé, que se assumia como a força militar de defesa do MFA. Este movimento «libertador e democrático» que pretendeu «devolver ao povo o genuíno espírito do 25 de Abril» foi uma ratoeira bem armada pelos militares ligados ao Grupo dos Nove, com Eanes no comando.

Tudo começou com a movimentação de 123 pára-quedistas ligados às forças de extrema-esquerda sedeados em Cortegaça para que convencessem outros camaradas a ocuparem cinco bases aéreas, entre elas a de Tancos. À mesma hora, forças da direita começavam a levantar barricadas em Rio Maior, a «terra da moca», o ícone da «reacção».

Entretanto, Otelo é retido numa reunião do Conselho da Revolução e demitido. Quando chega a Belém para se apresentar ao Presidente Costa Gomes, os carros de assalto do coronel Jaime Neves saem da Amadora e rumam à RPM, a escassos metros do Palácio, para derrubar o último reduto otelista.

Foi a vitória de uma facção militar muitas vezes conotada com a direita mais radical, mas que depois do golpe aceitou as regras democráticas de homens como Eanes e Costa Gomes, com um Álvaro Cunhal inteligente a saber usar uma das máximas de Lenine: «É preciso saber dar dois passos à frente e um atrás».


Galeria de Imagens

sexta-feira, novembro 25, 2005

O "Almirante Sem Medo" no Terreiro do Paço

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O 25 de Novembro de 1975

Comemoram-se hoje 30 anos do 25 de Novembro de 1975.


- Imagem disponibilizada em: JPDias

A História, pode ser contada de diversas formas, conforme a tendência.
Uma coisa é certa, o Comunismo não passou, e vive-se hoje em Portugal algum equilíbrio democrático.

O Fumaças dá um retrato do Almirante Pinheiro de Azevedo, o Almirante Sem Medo, uma figura patusca e com estamina:

Estou. Fui sequestrado. Já duas vezes. Já chega. Não gosto de ser sequestrado. É uma coisa que me chateia, pá.

E que foi capaz de aguentar as pressões que se viviam na altura.

Lembro-me de uma reportagem onde lhe fizeram, uma vez mais, perguntas do mais incrível possível, e ele respondeu:

- "Olhe, se quer saber, vá perguntar à bruxa!"

Eram os tempos quentes, em que Portugal mais parecia uma arena, e os portugueses, folhas ao vento.

Não passaram.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Portugal Contemporâneo



Portugal Contemporâneo
- Diário de um País visto à distância


Benvindo!

quarta-feira, novembro 23, 2005

Pouca ou nenhuma

... paciência.

O País, é um Circo.
(O que está a dar é a Sátira.)

O MNE, que devia ser um Diplomata, revela-se um troglodita.
Os Britânicos é que têm razão.

A OTA, é uma vergonha. Não se realizará, mas se se realiza-se era o descalabro completo.

O (des)Governo socialista, vai de mal a pior.

Tentar fundamentar de forma racional não resulta.
A Coisa está de tal forma que a Razão não se aplica.

O que resta?
Hum

segunda-feira, novembro 21, 2005

É já amanhã!



Terça-feira, 22 de Novembro às 18h00 - Sala "Henrique o Navegador" - Edifício João Paulo II - Universidade Católica Portuguesa.

A sessão será presidida pelo Professor João Carlos Espada e contará com a presença do autor, Professor Jesús Huerta de Soto, ficando a apresentação a cargo do Professor José Manuel Moreira. Estarão ainda presentes o Dr. Luis Aguiar Santos, Presidente da Causa Liberal, e a Drª Sara Marques em representação da Editora O Espírito das Leis.

Efeitos da Lua Cheia



Ó noites claras de lua cheia!
Em vosso seio, noites chorosas,
Minh'alma canta como a sereia,
Vive cantando num mar de rosas;

Noites queridas que Deus prateia
Com a luz dos sonhos das nebulosas,
Ó noites claras de lua cheia,
Como eu vos amo, noites formosas!

Vós sois um rio de luz sagrada
Onde, sonhando, passa embalada
Minha esperança, de mágoas nua...

Ó noites claras de lua plena
Que encheis a terra de paz serena
Como eu vos amo, noites de lua!


- Auta de Souza, Noites Amadas

Saudades do Outono



II
Passou o outono já, já torna o frio...
- Outono de seu riso magoado.
Álgido inverno! Oblíquo o sol, gelado...
- O sol, e as águas límpidas do rio.

Águas claras do rio! Águas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?

Ficai, cabelos dela, flutuando,
E, debaixo das águas fugidias,
Os seus olhos abertos e cismando...

Onde ides a correr, melancolias?
- E, refratadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias...


- Camilo Pessanha, Passou o Outono

sábado, novembro 19, 2005

Água na boca!!

É maldade!! Fim de semana gastronómico de eleição:

Em Guimarães, o Festival do Cozido à Portuguesa.

Em Alcobaça, o Festival da Doçaria Portuguesa.

Não comam tudo de uma só vez... :))





BatOTA

Uma excelente capa do "Independente".

O jornal revela aquilo que já era conhecido.
São apresentados alguns dos aspectos nefastos da construção de um novo aeroporto na OTA, nomeadamente:

- o impacto devastador no Turismo da capital;
- uma perda de 16% (diria que a perda é muito superior a esta, mas, enfim...) do total de turistas;
- e um prejuízo de quase 100 milhões de euros por ano (em receitas provenientes do sector turístico).

O Governo continua a fazer-se de autista.
Inclusive, até já encontraram nome para o futuro aeroporto:
Aeroporto Internacional de Lisboa.
(Embora fique bem longe de Lisboa, mais precisamente a 50km!!)

Por seu turno, o Presidente da edilidade lisboeta, vem prometer (se for uma promessa idêntica à da chegada de táxi à sua tomada de posse... é mais uma para o caixote do lixo.) a defesa da Portela.

Entretanto e enquanto o silêncio persistir -
PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A "BUSCA DE SOLUÇÕES" EM DETRIMENTO DA "ESPECULAÇÃO"?

O Governo faz favor de fazer publicar o estudo que é agora revelado pelo jornal "Independente", para que todos os factores sejam de conhecimento público?
Não tem que agradecer; é uma obrigação.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Pyton Dudes's Time



Olha, olha... A reprodução medicamente assistida!!

Part V: Live Organ Transplants
[violin music]

ANNOUNCER:
The Meaning of Life: Part Five: Live Organ Transplants.
[ding dong]
MR. BROWN:
[cough] Don't worry, dear! I'll get it! [cough]
[ding dong ding dong]
[ding dong ding dong]
MR. BROWN:
Yes?
MAN:
Hello. Uhh, can we have your liver?
MR. BROWN:
My what?
MAN:
Your liver. It's a large, ehh, glandular organ in your abdomen.
ERIC:
[sniff]
MAN:
You know, it's, uh,-- it's reddish-brown. It's sort of, uhh,--
MR. BROWN:
Yeah,-- y-- y-- yeah, I know what it is, but... I'm using it, eh.
ERIC:
Come on, sir.
MR. BROWN:
Hey! Hey! Stop!
ERIC:
Don't muck us about.
MR. BROWN:
Stop! Hey! Hey! Stop it. Hey!
MAN:
Hallo.
MR. BROWN:
Ge-- get off.
MAN:
What's this, then? Mmh.
MR. BROWN:
A liver donor's card.
MAN:
Need we say more?
ERIC:
No!
MR. BROWN:
Listen! I can't give it to you now. It says, 'in the event of death'. Uh. Oh! Ah. Ah. Eh.
MAN:
No one who has ever had their liver taken out by us has survived.
MR. BROWN:
Agh.
ERIC:
Just lie there, sir. It won't take a minute.
MR. BROWN:
[screaming]
MAN:
Zip it up.
MR. BROWN:
[screaming]
MRS. BROWN:
'Ere. What's going on?
MAN:
Uh, he's donating his liver, madam.
MR. BROWN:
[screaming]
MRS. BROWN:
Is this because he took out one of those silly cards?
MAN:
That's right, madam.
MR. BROWN:
[screaming]
MRS. BROWN:
Typical of him!
MR. BROWN:
[screaming]
MRS. BROWN:
He goes down to the public library, he sees a few signs up, comes home all full of good intentions.
MR. BROWN:
[screaming]
MRS. BROWN:
He gives blood. He does cold research. All that sort of thing.
MAN:
Oh.
MR. BROWN:
[screaming]
ERIC:
Ehh.
MRS. BROWN:
What do you, uh,-- what do you do with them all, anyway?
ERIC:
They all go to saving lives, madam.
MRS. BROWN:
Mmm. That's what he used to say. 'It's all for the good of the country' he used to say.
MR. BROWN:
[screaming]
MRS. BROWN:
Do you think it's all for the good of the country?
MR. BROWN:
[screaming]
MAN:
Hm?
MRS. BROWN:
Do you think it's all for the good of the country?
MAN:
Well, I wouldn't know about that, madam. We're just, uh, doing our jobs, you know.
MR. BROWN:
[screaming]
MRS. BROWN:
You're not... doctors, then?
MR. BROWN:
[screaming]
MAN:
Oh. Blimey no.
MR. BROWN:
[screaming]
MAN and ERIC:
[laughing]
YOUNG MAN:
Mum. Dad. I'm off out now. I'll see you about seven.
MAN and ERIC:
[laughing]
MRS. BROWN:
Right-o, son. Look after yourself.
MR. BROWN:
[screaming]
MAN:
Oh. Now.
ERIC:
M-hmm.
MR. BROWN:
[screaming]
MRS. BROWN:
Do you, um,...
ERIC:
[mumble]
MAN:
Carry on.
MRS. BROWN:
...fancy a cup of tea?
MR. BROWN:
[screaming]
MAN:
Oh, well, that would be very nice.
MRS. BROWN:
Oh.
MAN:
Thank you.
MR. BROWN:
[screaming]
MAN:
Thank you very much, madam.
MR. BROWN:
[screaming]
MAN:
Thank you.
MR. BROWN:
[screaming]
MAN:
Oh, eh,-- I thought she'd never ask.
ERIC:
You know it.
MR. BROWN:
[screaming]
MAN:
Uhh, you do realise, uh, he has to be, uh,... well, dead,... by the terms of the card, uh, before he donates his liver.
MRS. BROWN:
Well, I told him that, but he never listens to me. Silly man!
MR. BROWN:
[screaming]
MAN:
Only I was wondering, ehh,... well, you know, what you was thinking of doing after that. I mean, [sniff] will you stay on your own,... or is there, uh,... well, someone else, sort of, uh,... on the horizon?
MRS. BROWN:
I'm too old for that sort of thing.
I'm past my prime.
MAN:
Not at all. You're a very attractive woman.
MRS. BROWN:
Well, I'm certainly not thinking of getting hitched up again.
MAN:
Sure?
MRS. BROWN:
Sure.
[pause]
MAN:
Can we have your liver, then?
MRS. BROWN:
Oh. No, I'd be... scared.
MAN:
All right.
[snap]
I'll tell you what. Look. Listen to this.
[music]
MAN IN PINK:
Whenever life gets you down, Mrs. Brown,
And things seem hard or tough,
[clunk]
And people are stupid, obnoxious, or daft,
And you feel that you've had quite enough,
[boom]
[singing]
Just remember that you're standing on a planet that's evolving
And revolving at nine hundred miles an hour,
That's orbiting at nineteen miles a second, so it's reckoned,
A sun that is the source of all our power.
The sun and you and me and all the stars that we can see
Are moving at a million miles a day
In an outer spiral arm, at forty thousand miles an hour,
Of the galaxy we call the 'Milky Way'.
Our galaxy itself contains a hundred billion stars.
It's a hundred thousand light years side to side.
It bulges in the middle, sixteen thousand light years thick,
But out by us, it's just three thousand light years wide.
We're thirty thousand light years from galactic central point.
We go 'round every two hundred million years,
And our galaxy is only one of millions of billions
In this amazing and expanding universe.
[boom]
[slurp]
The universe itself keeps on expanding and expanding
In all of the directions it can whizz
As fast as it can go, at the speed of light, you know,
Twelve million miles a minute, and that's the fastest speed there is.
So remember, when you're feeling very small and insecure,
How amazingly unlikely is your birth,
And pray that there's intelligent life somewhere up in space,
'Cause there's bugger all down here on Earth.
[clunk]
MRS. BROWN:
[sigh] Makes you feel so, sort of, insignificant, doesn't it?
MAN:
Yeah. Yeah. [sniff] Can we have your liver, then?
MRS. BROWN:
Yeah. All right. You talked me into it.
MAN:
Eric!
[clap]
[music]
...
CRIMSON PERMANENT ASSURANCE PIRATE:
Aaaaah!
[crash]
CHAIRMAN:
Good Lord! The Crimson Permanent Assurance!
PROJECTIONIST:
We interrupt this film to apologise for this unwarranted attack by the supporting feature. Luckily, we have been prepared for this eventuality, and are now taking steps to remedy it.
[creak]
[boom]
Thank you.

quarta-feira, novembro 16, 2005

O Amor

Amor


Amor não é só o sexo
Entre o côncavo e o convexo
É também sentir no peito
Um coração a vibrar
Por outro, que diz amar.
Isso é que é Amor perfeito!

É sofrer com o sofrimento
De alguém que sinta o tormento
Que a vida, por vezes, é.
É dar de si quanto tem,
Quando preciso, a alguém
´Steja longe, 'steja ao pé!

É dar a vida por vida
Mesmo que haja a fé perdida
De esse alguém corresponder.
É sofrer de ansiedade,
É matar-se de saudade
Se esse alguém não vier

É querer viver mais e mais
Com querer e força reais
P'ra aumentar o seu valor
Para ajudar quem se ama
Sem 'star a pensar na cama
Isso sim, isso é AMOR!!!


- Alfredo Louro, O AMOR!...

terça-feira, novembro 15, 2005

Amanhã: NOITES À DIREITA*

*projecto liberal



____________________

Criticism may not be agreeable, but it is necessary. It fulfils the same function as pain in the human body. It calls attention to an unhealthy state of things.

- Winston Churchill

___________________

António Borges e Daniel Bessa são os convidados principais de mais uma sessão das Noites à Direita* - Projecto Liberal, com a moderação de António Pires de Lima.

Depois da aprovação do Orçamento de Estado para 2006, vamos ouvir quem sabe da matéria e pode ajudar a compreender o que está em causa. Mas não ficaremos por discussões técnicas, porque o que realmente interessa são as políticas, a Política e, sobretudo, o futuro de Portugal.

Numa conversa aberta a todos, António Borges e Daniel Bessa serão convidados a debater o que está em causa para o presente e para o futuro económico e político do nosso País: até onde deve ir a intervenção do Estado na Economia; será possível conseguir desenvolver o País com a actual Constituição, ou é obrigatória a sua revisão; será que o modelo social está totalmente esgotado ou é ainda reformável; como é possível combater o défice e o desemprego, aumentando a produtividade; que reformas e privatizações são essenciais; e qual deve ser o papel de Portugal numa economia cada vez mais globalizada.

Dia 16 de Novembro, pelas 20h30, na Sociedade de Geografia, junto ao Coliseu de Lisboa.

Não Perca. Você é o nosso convidado principal.
__________

Os promotores das "Noites à Direita* - Projecto Liberal":
António Pires de Lima, Leonardo Mathias, Luciano Amaral, Filipa Correia Pinto, Manuel Falcão, Paulo Pinto Mascarenhas, Pedro Lomba e Rui Ramos

Parabéns

Ao ABC pela Absolvição.

Outra 'coisa' não seria de esperar.

segunda-feira, novembro 14, 2005

Da e para a gripe

No worries!

É desagradável, mas tem remédio! É também um momento de 'descanso' forçado pelo organismo; que trata de pôr à prova as defesas imunitárias! (O Ser Humano é um "espectáculo"!!)

Aqui ficam algumas sugestões naturais para 'combater' a gripe:

Lista de Compras -

- Um pacotão de lenços de papel!



- Uns quilos de laranjas e limões




- Mel



- Echinacea Compositum Forte S, Heel

- Oscillococcinum



- Lehning 52, Estados Gripais



- Tintura de Própolis
Uma vasta gama de produtos para a gripe.

- Creme, baton do cieiro



- Canj(inh)a :)



- Muita água e muito chá


- Essências de Eucalipto, Rosmaninho, Alecrim e Salva



E pronto!!
Penso que não me esqueci de nada!

Agora muitas sopas e descanso; 5 dias de molho e já está!
Prontinha para outra!

sábado, novembro 12, 2005

Brasão



I. OS CAMPOS

PRIMEIRO / O DOS CASTELOS


A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,

A mão sustenta, em que se apoia o rosto.
Fita, com olhar sphyngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal.


SEGUNDO / O DAS QUINAS

Os Deuses vendem quando dão.
Comprase a glória com desgraça.
Ai dos felizes, porque são
Só o que passa!

Baste a quem baste o que Ihe basta
O bastante de Ihe bastar!
A vida é breve, a alma é vasta:
Ter é tardar.

Foi com desgraça e com vileza
Que Deus ao Cristo definiu:
Assim o opôs à Natureza
E Filho o ungiu.


II. OS CASTELOS

PRIMEIRO / ULISSES


O mytho é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mytho brilhante e mudo —-
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.

Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.

Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.


SEGUNDO / VIRIATO

Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.

Nação porque reencarnaste,
Povo porque ressuscitou
Ou tu, ou o de que eras a haste —
Assim se Portugal formou.

Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada,
E é ja o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.



TERCEIRO / O CONDE D. HENRIOUE

Todo começo é involuntário.
Deus é o agente.
O herói a si assiste, vário
E inconsciente.

À espada em tuas mãos achada
Teu olhar desce.
«Que farei eu com esta espada?»
Ergueste-a, e fez-se.



QUARTO / D. TAREJA

As naçôes todas são mystérios.
Cada uma é todo o mundo a sós.
Ó mãe de reis e avó de impérios,
Vela por nós!

Teu seio augusto amamentou
Com bruta e natural certeza
O que, imprevisto, Deus fadou.
Por ele reza!

Dê tua prece outro destino
A quem fadou o instinto teu!
O homem que foi o teu menino
Envelheceu.

Mas todo vivo é eterno infante
Onde estás e não há o dia.
No antigo seio, vigilante,
De novo o cria!


QUINTO / D. AFONSO HENRIQUES

Pai, foste cavaleiro.
Hoje a vigília é nossa.
Dá-nos o exemplo inteiro
E a tua inteira força!

Dá, contra a hora em que, errada,
Novos infiéis vençam,
A bênção como espada,
A espada como benção!


SEXTO / D. DINIS

Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.

Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.


SÉTIMO (I) / D. JOÃO O PRIMEIRO

O homem e a hora são um só
Quando Deus faz e a história é feita.
O mais é carne, cujo pó
A terra espreita.

Mestre, sem o saber, do Templo
Que Portugal foi feito ser,
Que houveste a glória e deste o exemplo
De o defender.

Teu nome, eleito em sua fama,
É, na ara da nossa alma interna,
A que repele, eterna chama,
A sombra eterna.


SÉTIMO (II) / D. FILIPA DE LENCASTRE

Que enigma havia em teu seio
Que só gênios concebia?
Que arcanjo teus sonhos veio
Velar, maternos, um dia?

Volve a nós teu rosto sério,
Princesa do Santo Graal,
Humano ventre do Império,
Madrinha de Portugal!


III. AS QUINAS

PRIMEIRA / D. DUARTE, REI DE PORTUGAL


Meu dever fez-me, como Deus ao mundo.
A regra de ser Rei almou meu ser,
Em dia e letra escrupuloso e fundo.

Firme em minha tristeza, tal vivi.
Cumpri contra o Destino o meu dever.
Inutilmente? Não, porque o cumpri.


SEGUNDA / D. FERNANDO, INFANTE DE PORTUGAL

Deu-me Deus o seu gládio, porque eu faça
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.

Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer grandeza são seu nome
Dentro em mim a vibrar.

E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma.


TERCEIRA / D. PEDRO, REGENTE DE PORTUGAL

Claro em pensar, e claro no sentir,
É claro no querer;
Indiferente ao que há em conseguir
Que seja só obter;
Dúplice dono, sem me dividir,
De dever e de ser —

Não me podia a Sorte dar guarida
Por não ser eu dos seus.
Assim vivi, assim morri, a vida,
Calmo sob mudos céus,
Fiel à palavra dada e à idéia tida.
Tudo o mais é com Deus!


QUARTA / D. JOÃO, INFANTE DE PORTUGAL

Não fui alguém. Minha alma estava estreita
Entre tão grandes almas minhas pares,
Inutilmente eleita,
Virgemmente parada;

Porque é do português, pai de amplos mares,
Querer, poder só isto:
O inteiro mar, ou a orla vã desfeita —
O todo, ou o seu nada.


QUINTA / D. SEBASTIÃO, REI DE PORTUGAL

Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

IV. A COROA

NUN'ÁLVARES PEREIRA


Que auréola te cerca?
É a espada que, volteando.
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.

Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Artur te deu.

'Sperança consumada,
S. Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!


V. O TIMBRE

A CABEÇA DO GRIFO / O INFANTE D. HENRIOUE


Em seu trono entre o brilho das esferas,
Com seu manto de noite e solidão,
Tem aos pés o mar novo e as mortas eras —
O único imperador que tem, deveras,
O globo mundo em sua mão.


UMA ASA DO GRIFO / D. JOÃO O SEGUNDO

Braços cruzados, fita além do mar.
Parece em promontório uma alta serra —
O limite da terra a dominar
O mar que possa haver além da terra.

Seu formidavel vulto solitário
Enche de estar presente o mar e o céu
E parece temer o mundo vário
Que ele abra os braços e lhe rasgue o véu.


A OUTRA ASA DO GRIFO / AFONSO DE ALBUQUEROUE

De pé, sobre os países conquistados
Desce os olhos cansados
De ver o mundo e a injustiça e a sorte.
Não pensa em vida ou morte
Tão poderoso que não quer o quanto
Pode, que o querer tanto
Calcara mais do que o submisso mundo
Sob o seu passo fundo.
Três impérios do chão lhe a Sorte apanha.
Criou-os como quem desdenha.


- Fernando Pessoa

sexta-feira, novembro 11, 2005

Projecto de Lei 172/X/1

Da autoria do Grupo Parlamentar do PSD, relativo ao Regime jurídico da procriação medicamente assistida.

A minha posição é ABSOLUTAMENTE CONTRÁRIA a este Projecto Lei, ou a qualquer outro relativamente a questões desta mesma natureza. Se fosse Deputada à AR, vetaria liminarmente este Projecto.
Sem apelo, nem agravo.

Exposição do Âmbito de Aplicação da Proposta de Projecto Lei:


Âmbito de aplicação

A presente lei aplica-se às seguintes técnicas de procriação medicamente assistida:

a) Inseminação artificial;
b) Fertilização in vitro;
c) Injecção intracitoplasmática de espermatozóides;
d) Transferência de embriões humanos para o útero;
e) Transferência de gâmetas ou de embriões humanos para a trompa;
f) Outras técnicas laboratoriais de manipulação gamética ou embrionária equivalentes ou subsidiárias.

Sou absolutamente contra qualquer tipo de, procriação medicamente assistida, manipulação genética sob que razões forem, a qualquer utilização de embriões humanos seja para que fins seja.

Eis um início de um ser humano fabricado:



e o destino da Humanidade:





Muito triste, a sorte da Humanidade.


quinta-feira, novembro 10, 2005

Demitam-no.

Cravinho deve pedir desculpas à UNITA ou ser demitido

O CDS-PP condenou hoje as «inaceitáveis declarações» do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação sobre o líder histórico da UNITA, considerando que João Gomes Cravinho deve ser demitido se não pedir desculpas ao partido.

Em comunicado do gabinete do presidente do partido, o CDS/PP manifesta o seu «protesto e indignação» pelas declarações de Cravinho, sábado, ao Jornal Expresso, em que descreve Jonas Savimbi, líder histórico da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) como «um monstro» e um «Hitler africano».

«O CDS/PP considera que a UNITA e os angolanos são credores de explicações e de um pedido de desculpa, e, se assim não for, recomenda a demissão do senhor secretário de Estado», refere o comunicado.

Os democratas-cristãos afirmam ainda que, «no quadro da política externa e de cooperação e, em particular, no contexto importantíssimo das relações privilegiadas com Angola, o governo português tem que assegurar que quem chefia a diplomacia da cooperação não se exprime como um carroceiro e não actua como um agente provocador convocando lastimáveis incidentes». (APOIADO)

Neste sentido, o partido português considera que as declarações de Cravinho «revelam ignorância e sectarismo», e «evocam tristemente, pelo seu tom provocador e incendiário, as piores ingerências de responsáveis portugueses na História recente de Angola».

O CDS/PP defende que Angola, «após anos de trágica guerra civil» deve poder contar «com o apoio solidário e imparcial da comunidade internacional, da União Europeia e, em particular, de países-irmãos como Portugal».

Na reacção, quarta-feira, às declarações de Cravinho, o Comité Permanente da UNITA considerou tratar-se de um «insulto intolerável» e de uma «grostesca ingerência» nas relações com Angola. Jonas Savimbi, morto em combate na província angolana do Moxico em Fevereiro de 2002, foi o fundador e líder histórico da UNITA.

A direcção da UNITA decidiu enviar ao primeiro-ministro português, José Sócrates, uma carta manifestando o seu «veemente protesto» pelo que entende ser uma «grotesca e infantil ingerência do seu principal porta-voz em matéria de relacionamento com Angola».

«Quanto a João Cravinho, convirá dizer, para refrescar a sua seca memória, que quem tem hitlerismos consigo e cometeu monstruosidades indescritíveis foi uma parte dos colonizadores, de que ele é indefectivelmente uma continuação biológica», disse a UNITA.

O maior partido da oposição angolana referiu, no entanto, acreditar que «os dirigentes portugueses responsáveis, sem miopia política nem servilismos mercantilistas, saberão respeitar e trabalhar com os angolanos para criar o quadro psicológico necessário ao bom desenvolvimento das relações entre os dois povos».

Por outro lado, destaca a «clarividência do povo português, que, ao contrário de certos membros do seu governo, sempre soube posicionar-se ao lado de todos os angolanos».

O governo português recusou quarta-feira comentar esta reacção da UNITA.

Em declarações à Agência Lusa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, António Carneiro Jacinto, afirmou que o governo português «não comenta» a reacção da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA) às declarações de João Gomes Cravinho.

- Diário Digital / Lusa

DEMITAM-NO.

Não é aceitável ou tolerável, que um Alto Responsável do Governo Português actue desta forma.
(Deve ser primo da Alice...)

A questão do OGE

Soa a organismos geneticamente modificados mas não é!
Trata-se do Orçamento Geral do Estado para 2006.

Ano após ano, a elaboração e apresentação do OGE tem-se revelado uma vergonha nacional.
Este ano é particularmente proeminente a total falta de sentido da proporcionalidade.

Um Orçamento despesista e estatista; um constante sorvedor do dinheiro dos contribuintes.
Ao nível da despesa directa do orgão executivo, é ostensiva a gastança com os bois.
As autarquias foram fortemente penalizadas; o Estado mais próximo das populações é penalizado, e em consequência também o são as populações - não há milagres; sem ovos não é possível fazer omeletes.

O péssimo exemplo fornecido pelo PM e restantes membros do Executivo, é de bradar; são as viagens sumptuárias e desnecessárias.
São as mil e uma pseudo razões para estourar o dinheiro arrecadado aos contribuintes.

A OTA, agora e sempre, até conseguirem despachar os terrenos que ganham mofo desde a década de 90.

É o TGV, que ao contrário do que muitos apregoaram no passado e agora se apresentam defensores da sua desnecessidade, é uma anormalidade e uma megalomania. O combóio da Régua seria mais rápido; mais rápido, e mais divertido.

Não esquecendo a fatia de queijo da ilha, cuja negociação por parte do Governo Regional dos Açores, não deixou créditos por mãos alheias, chantageando o Governo Nacional, e colocando o PM numa posição de, ou aceitação ou de ver os deputados do PS eleitos pelos Açores a votarem contra o OGE.
CHANTAGEM.
Chantagem e, arrogância, prepotência e ausência de postura democrática.
Sr. PM, olhe que a oposição tem tanto direito quanto vexa. a opinar.
Respeitinho é bonito, e todos gostam.
E cabe-lhe, equanto PM de Portugal, responder a todas as perguntas que lhe sejam colocadas pela Oposição; ainda que sejam sempre as mesmas. Se lhe são colocadas de novo as mesmas, é porque não respondeu da primeira vez. Serão feitas tantas vezes quantas aquelas que forem necessárias para obter uma resposta concreta e aceitável.

quarta-feira, novembro 09, 2005

A falência do Estado Social

Os acontecimentos que têm estado a assolar a França e que se irão repercutir pelos restantes países europeus, veja-se o caso da Bélgica e da Alemanha.
O caso da Alemanha é um caso bem mais complicado; senão vejamos, considerando o espectro do Neo-Nazismo, estamos perante um verdadeiro barril de pólvora!
E não é de pólvora seca que se trata, mas antes de uma verdadeira explosão social.

O modelo do Estado Social, que já se afigurava (a bem da verdade, sempre se afigurou) inválido e falido, tem nestes acontecimentos a sua certidão de óbito.

Ontem, no programa Parlamento da RTP2, a pitonisa do BE - Ana Drago, falava da integração dos imigrantes, de que os imigrantes é que construiram a França de hoje!
Os imigrantes que de facto trabalharam e trabalham em França foram e são remunerados.
O problema não reside em quem trabalha, mas sim em quem vive à custa do subsídio de desemprego.
Aquilo que, mais uma vez, e de uma forma atroz e alucinante, Ana Drago e o BE pretendem, é que seja o Estado o Pai e Mãe das pessoas, nomeadamente dos imigrantes em França.
Em França, e também em Portugal.

O Estado não tem que ser um subsidiador do desemprego.
O Estado tem é que respeitar o direito das pessoas à livre iniciativa e oportunidade de trabalhar e de se sustentar, de auto-provimento e gestão, sem entrar numa sociedade forçada com o trabalhador-contribuinte, i.e., em que o Estado não seja parasita dos proventos do trabalhador-contribuinte.

Ao permitir essa liberdade, de fruição de proventos, de auto-determinação de um plano de poupanças para o futuro, e de uma carga fiscal baixa, obteremos uma situação económica próspera e adequada a uma civilização que se pretende avançada.
Daí que, o modelo actual esteja mais do que estafado, sendo de facto um modelo falido e inválido.

Já no que diz respeito aos imigrantes, à entrada, permanência e a pseudo ou referida integração, a França é o paradigma desse fenómeno.
Ao aplicar o modelo de Estado Social aos imigrantes, passando a subsidiar toda e qualquer pessoa que entre na sua área territorial, está a criar um monstro.
O mesmo se passa em qualquer outro país onde esse mesmo modelo é aplicado.

A Liberté, Egalité et Fraternité, estão a ser colocadas em causa, e os hospitaleiros franceses começam a aperceber-se que os interesses de um Povo, o Francês, não se coaduna minimamente com um alberge da mitra para todas e quaisquer pessoas que rumem a França; não em busca de construir algo, mas de viver à custa do até agora sacrossanto modelito social.

No que toca ao BE e à indigitada pitonisa Ana Drago, uma só palavra: bull...
Se a demagogia barata e a irresponsabilidade fossem governo, estariam na linha da frente.
Felizmente que assim não é.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Os Anjos também brincam com a Luz


É do nosso JCD.
Quem vê assim, vê a Substância.

Uma ilustração dos zombies da Vida

Foi uma experiência pessoal que tive hoje, e que gostava de compartilhar como forma de ilustração do ponto a que uma grande parte das pessoas chegou:

verdadeiros zombies.

Fui de compras. E tendo esquecido de comprar algo, voltei atrás e aproximei-me do balcão para guardar as anteriores.
O balcão estava vazio, e os empregados ocupados com outras coisas.
Aguardei.
Chega uma senhora e espeta com as coisas dela em frente ao meu nariz!
Entregando de imediato os sacos dela para guardar, não respitando nada, nem ninguém!!
Eu, que gosto pouco de brincadeiras, principalmente deste género, preparava-me para "explicar" as "delícias do respeito pelas outras pessoas" quando de súbito olho para a "dita":
"Oh pá, é que nem vale a pena! A gaja está mais drogada que a Alice no País das Maravilhas"!!

Pois que, são os Xanax, e outros axes para "curar" as moléstias e modéstias do corpo, mas principalmente para anestesiar a Alma.

Dizer a alguém nesta condição sub-humana o que quer que seja, é pingar uma gota de água no deserto.

E assim vão vivendo uma grande parte das pessoas, sonâmbulas da Vida, alheias, e agradecidas por serem anestesiadas.

The Wife of Bath's Tale


In Arthur's day, before the friars drove away the fairies, a lusty bachelor of the king's court raped a young maiden.

He is taken and condemned to die (such was the custom then) but the king, in deference to Queen Guenevere's pleas, allows the ladies to judge him.
They tell him he can save his life only if a year and a day later he can tell them what it is that women most desire.

He wanders long without finding the answer; he is about to return disconsolate when he comes upon an old and remarkably ugly woman. She says that if he swears to do whatever she will next ask him, she will tell him the answer.
He agrees and returns with the answer: women most desire to have sovereignty over their husbands.

Guenevere and her ladies are amazed; they grant him his life.

The old woman then makes her demand: that he marry her.
She will accept no less. On their wedding night; he turns away from her.
She asks him what is the matter. He answers that she is old and ugly and low born.
The old woman demonstrates to him that none of these matter -- especially noble birth, since true gentilesse depends on deeds rather than birth.
She offers him the choice: he can have her old and ugly and faithful or young, beautiful, and possibly unchaste.
He tells her to choose; he grants her the sovereignty.

When he does so she turns into a beautiful maiden, and they live thereafter in perfect joy.


- Geoffrey Chaucer


What is the Effect of Love?

This is the effect of love:
that the true lover can not be corrupted by avarice; love makes an ugly and rude person shine with all beauty, knows how to endow with nobility even one of humble birth, can even lend humility to the proud; he who loves is accustomed humbly to serve others.

Oh, what a marvelous thing is love, which makes a man shine with so many virtues and which teaches everyone to abound in good customs. . . .


- Andreas Capellanus

domingo, novembro 06, 2005

Da Perda de Valores e de Interesses Nacionais

Nós últimos quinzes anos, Portugal vem assistindo a uma perda de valores e interesses nacionais colectivos.

O Estado-estado, que deveria ser um Estado-estado mínimo, i.e., menos Estado-estado, melhor Estado-estado. Uma estrutura governativa, reguladora e interventora na esfera privada com menores dimensões e menor peso; permitindo aos particulares uma efectiva iniciativa e gestão privada, deu lugar a uma maior e mais profunda intervenção do Estado-estado na esfera íntima/privada dos cidadãos-contribuintes.

O aprofundamento da mentalidade subsídio-depende, substituiu os valores de autogestão e responsabilização dos particulares.
Ao Estado-estado cabe cada vez mais o papel de subsidiador dos particulares sem qualquer fundamentação.
Os cidadãos contribuintes deixaram de trabalharem para si e para proverem ao seu sustento, passando a trabalhar para efectuar os pagamentos de cada vez mais impostos e contribuições para o Estado-estado, deixando de usufruírem efectivamente e de forma eficaz dos proventos obtidos.

A União Europeia, e o cada vez maior aprofundamento de integração, pairando a sombra de uma Constituição Europeia amalgamante a todos os países nela intervenientes, vieram criar aos Estados um apetite voraz pelo subsídio e receitas fáceis, abdicando em contrapartida de valores e interesses únicos à generalidade daqueles que constituem a Nação, País e Estado: a Portugal.

Estão a perder-se as raízes que nos são comuns.
Perdem-se os valores e o sentir que caracteriza Este Povo.
Perde-se a dignidade e a singularidade de Ser Colectivo.

Portugal é mais do que Economia, Portugal é, acima de tudo, os traços únicos que ligam os portugueses, e que fazem de todos nós parte desse desígnio mais elevado que se chama:

PORTUGAL.

(Artigo a publicar pelo CIARI)

sábado, novembro 05, 2005

No teu poema



No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida
No teu poema
Existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura
E aberta uma varanda para o mundo
Existe a noite
O riso e a voz refeita à luz do dia
A festa da Senhora da Agonia e o cansaço
Do corpo que adormece em cama fria
Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva, a luta, de quem cai ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte
No teu poema
Existe o grito e o eco da metralha
A dor que sei de cor mas não recito
E os sonos inquietos de quem falha
No teu poema
Existe um cantochão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E um barco assoprado a todo o pano
Existe um rio
O canto em vozes juntas, em vozes certas
Canção de uma só letra e um só destino a embarcar
No cais da nova nau das descobertas
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte
o risco, a raiva e a luta de quem cai ou que resiste
que vence ou adormece antes da morte
No teu poema
Existe a esperança acesa atrás do muro
Existe tudo o mais que ainda me escapa
E um verso em branco à espera do futuro

- Ary dos Santos

Parabéns...

É envergonhada que dou os parabéns ao Jumento!
Então não é que passou-me a data dos dois anos de artigos desse Valoroso Roncinante?!!

MUITOS PARABÉNS!

Ao Destemido Roncinante:

Que importa perder a vida
em luta contra a traição,
se a Razão, mesmo vencida,
não deixa de ser Razão?

Inteligências há poucas.
Quase sempre as violências
nascem das cabeças ocas,
por medo às inteligências.

P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade,
tem que trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.

Ti, que tanto prometeste
enquanto nada podias,
hoje que podes - esqueceste
tudo quanto prometias...

Os que bons conselhos dão
às vezes fazem-me rir,
- por ver que eles próprios são
incapazes de os seguir.

Os meus versos o que são?
Devem ser, se os não confundo,
pedaços do coração
que deixo cá neste mundo.

Eu não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia.

Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos que pode o povo
qu'rer um mundo novo a sério.

O meu mais puro sorriso
eu não o mostro a ninguém;
mas sei rir, quando preciso,
a quem me sorri também

Nas quadras que a gente vê,
quase sempre o mais bonito
está guardado p'ra quem lê
o que lá não 'stá escrito.

- António Aleixo

quinta-feira, novembro 03, 2005

Virtutibus Maiorum

... é:

Manter a Virtude.

O que é a Virtude?
Tudo menos uma maçã verde.

Causa tangor ab omni.

Souvent quand mon esprit riche en métamorphoses

Flotte et roule endormi sur l'océan des choses,
Dieu, foyer du vrai jour qui ne luit point aux yeux,
Mystérieux soleil dont l'âme est embrasée,
Le frappe d'un rayon, et, comme une rosée,
Le ramasse et l'enlève aux cieux.
Alors, nuage errant, ma haute poésie
Vole capricieuse et sans route choisie,
De l'occident au sud, du nord à l'orient ;
Et regarde, du haut des radieuses voûtes,
Les cités de la terre, et, les dédaignant toutes,
Leur jette son ombre en fuyant.
Puis, dans l'or du matin luisant comme une étoile,
Tantôt elle y découpe une frange à son voile,
Tantôt, comme un guerrier qui résonne en marchant,
Elle frappe d'éclairs la forêt qui murmure,
Et tantôt en passant rougit sa noire armure
Dans la fournaise du couchant.
Enfin, sur un vieux mont, colosse à tête grise,
Sur des Alpes de neige un vent jaloux la brise.
Qu'importe ? Suspendu sur l'abîme béant,
Le nuage se change en un glacier sublime,
Et des mille fleurons qui hérissent sa cime,
Fait une couronne au géant !
Comme le haut cimier du mont inabordable,
Alors il dresse au loin sa crête formidable.
L'arc-en-ciel vacillant joue à son flanc d'acier ;
Et, chaque soir, tandis que l'ombre en bas l'assiège,
Le soleil, ruisselant en lave sur sa neige,
Change en cratère le glacier.
Son front blanc dans la nuit semble une aube éternelle ;
Le chamois effaré, dont le pied vaut une aile,
L'aigle même le craint, sombre et silencieux !
La tempête à ses pieds tourbillonne et se traîne ;
L'œil ose à peine atteindre à sa face sereine,
Tant il est avant dans les cieux !
Et seul, à ces hauteurs, sans crainte et sans vertige,
Mon esprit, de la terre oubliant le prestige,
Voit le jour étoilé, le ciel qui n'est plus bleu,
Et contemple de près ces splendeurs sidérales
Dont la nuit sème au loin ses sombres cathédrales,
Jusqu'à ce qu'un rayon de Dieu
Le frappe de nouveau, le précipite, et change
Les prismes du glacier en flots mêlés de fange ;
Alors il croule, alors, éveillant mille échos,
Il retombe en torrent dans l'océan du monde,
Chaos aveugle et sourd, mer immense et profonde,
Où se rassemblent tous les flots !
Au gré du divin souffle ainsi vont mes pensées,
Dans un cercle éternel incessamment poussées.
Du terrestre océan dont les flots sont amers,
Comme sous un rayon monte une nue épaisse,
Elles montent toujours vers le ciel, et sans cesse
Redescendent des cieux aux mers.

- Victor Hugo

Proximizade - Elos Solidários

Proximidade e mão amiga.
Proximizade, feita do entusiasmo voluntário de quem quer ajudar a combater a apatia, a dispersão e a insensibilidade que nos ameaça se continuarmos indiferentes ao que se sabe e ao que se vê. E ao que se deixa por sentir.
Nós sentimos assim. E acreditamos numa sociedade que quer sentir da mesma forma e intervir sem demora.
Aqui, já está a acontecer.


Adiram!

quarta-feira, novembro 02, 2005

Um contributo para o Não

Trata-se de mais um contributo para o debate e entendimento do Não à Constituição Europeia.

Edição da Espírito das Leis.

GOP Angered by Closed Senate Session

Meeting Reopened After Two Hours

Democrats forced the Senate into a rare closed-door session yesterday, infuriating Republicans but extracting from them a promise to speed up an inquiry into the Bush administration's handling of intelligence about Iraq's weapons in the run-up to the war.

With no warning in the mid-afternoon, the Senate's top Democrat invoked the little-used Rule 21, which forced aides to turn off the chamber's cameras and close its massive doors after evicting all visitors, reporters and most staffers. Plans to bring in electronic-bug-sniffing dogs were dropped when it became clear that senators would trade barbs but discuss no classified information.

(...)

- WP

Sou Marujo, Mestre e Monge

Sou marujo, mestre e monge
marujo de águas paradas
mas que levam os navios
às terras por mim sonhadas

Também sou mestre de escola
em que toda a gente cabe
se depois de estudar tudo
sentir bem que nada sabe

Mas nem terra ou mar me prendem
e para voar mais longe
do mosteiro que não houve

- Agostinho da Silva