segunda-feira, outubro 31, 2005

Angola II



Chove,

E a trovoada
é um batuque incessante,
uma estranha batucada.

Os raios são setas de fogo
que misteriosamente, em tom de guerra,
espíritos do mal lançam da Altura
para incendiar a Terra.

O vento
Ora violento, ora brando,
o vento é o cazumbi dos cazumbis
-o deus do mar, do rio e da floresta-
que vai cantando e dançando,
em tragicómica festa,
o seu coro de mil vozes,
os seus bailados febris.

As nuvens negras são virgens tontas,
quais almas do outro mundo,
errando como sonambulas
pelo céu negro e profundo...
E a chuva, constante e forte,
é o pranto (parece eterno)
dos deuses negros que a Morte
sacrificou no Inferno.

- Geraldo Bessa Vitor, Dia de Chuva no Mato

Angola I

Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
e com letra bonita eu disse ela tinha
um sorrir luminoso tão quente e gaiato
como o sol de Novembro brincando
de artista nas acácias floridas
espalhando diamantes na fímbria do mar
e dando calor ao sumo das mangas

Sua pele macia - era sumaúma...
Sua pele macia, da cor do jambo, cheirando a rosas
sua pele macia guardava as doçuras do corpo rijo
tão rijo e tão doce - como o maboque...
Seus seios, laranjas - laranjas do Loje
seus dentes... - marfim...
Mandei-lhe essa carta
e ela disse que não.

Mandei-lhe um cartão
que o amigo Maninho tipografou:
"Por ti sofre o meu coração"
Num canto - SIM, noutro canto - NÃO
E ela o canto do NÃO dobrou

Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
pedindo, rogando de joelhos no chão
pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigenia,
me desse a ventura do seu namoro...
E ela disse que não.

Levei á Avo Chica, quimbanda de fama
a areia da marca que o seu pé deixou
para que fizesse um feitiço forte e seguro
que nela nascesse um amor como o meu...
E o feitiço falhou.

Esperei-a de tarde, á porta da fabrica,
ofertei-lhe um colar e um anel e um broche,
paguei-lhe doces na calçada da Missão,
ficamos num banco do largo da Estátua,
afaguei-lhe as mãos...
falei-lhe de amor... e ela disse que não.

Andei barbudo, sujo e descalço,
como um mona-ngamba.
Procuraram por mim
"-Não viu...(ai, não viu...?) não viu Benjamim?"
E perdido me deram no morro da Samba.

Para me distrair
levaram-me ao baile do Sô Januario
mas ela lá estava num canto a rir
contando o meu caso
as moças mais lindas do Bairro Operário.

Tocaram uma rumba - dancei com ela
e num passo maluco voamos na sala
qual uma estrela riscando o céu!
E a malta gritou: "Aí Benjamim !"
Olhei-a nos olhos - sorriu para mim
pedi-lhe um beijo - e ela disse que sim.

- Viriato da Cruz

Dia 1 de Novembro

O dia 1 de Novembro de cada Ano, trás em si um significado muito especial:

- Nos países anglo-saxónicos comemoram o Halloween, época interessante, um misto entre o Carnaval e uma vassourada de bruxa!! Scary stuff indeed :)
Uma parada ou desfile, no qual as pessoas saem à rua mascaradas de bruxas, bruxos e outras coisas que tais!
Abóboras transformadas em candeiros assustadores, teias de aranha capaz de aguentar um tractor...!

Os miúdos pedem: Treat or Trick!

Muito giro!


- Nos países europeus, a questão prende-se mais com aqueles que já não estão fisicamente; e os parentes rumam à última morada dos entes queridos.

Uma coisa é certa:

o dia 1 de Novembro é um dia dedicado ao Espírito; pelo menos, um dia por Ano as pessoas lembram-se de que, para além do Corpo, há Espírito.
Independentemente do local, o tributo está presente.

Acresce que este ano completam-se precisamente 250 Anos do terrível terramoto que assolou Lisboa.
Falham as palavras para a realidade que então foi vivida.
Excelentes contribuições para esta marca foram dadas aqui.

Tenham um excelente dia 1 de Novembro, que seja um momento muito especial: de reencontro e de descoberta.

OLHO O TEJO, e de tal arte
Que me esquece olhar olhando,
E súbito isto me bate
De encontro ao devaneando -
O que é ser-rio, e correr?
O que é está-lo eu a ver?

Sinto de repente pouco,
Vácuo, o momento, o lugar.
Tudo de repente é oco -
Mesmo o meu estar a pensar.
Tudo - eu e o mundo em redor -
Fica mais que exterior.

Perde tudo o ser, ficar,
E do pensar se me some.
Fico sem poder ligar
Ser, idéia, alma de nome
A mim, à terra e aos céus...

E de súbito encontro Deus.


- Fernando Pessoa

No, no pasa nada!

Ride, ride...

Não tarda chorareis, e arrepender-vos-eis, ao demais, e aos costumes:

0

Ide pela fresca.

Pssst... no pasa nada!

À pesporência e desatino, um tributozinho de somenos importância:

Sirventês

Vej’eu as gentes andar revolvendo
e mudando aginha os corações
do que põen antre si as nações;
e já m’eu aquesto vou aprendendo
e ora cedo mais aprenderei:
a quen poser preito, mentir-lho-ei,
e assi irei melhor guarecendo.

Ca vej’eu ir melhor ao mentireiro
c’ao que diz verdade ao seu amigo;
e por aquesto o jur’ e o digo
que já mais nunca seja verdadeiro;
mais mentirei e firmarei log’al:
a quen quer’oje ben, querrei-lhe mal,
e assi guarrei como cavaleiro.

Pois que meu prez nem mia onra non crece,
por que me quígi teer à verdade,
vede’lo que farei, par cardade,
pois que vej’ o que m’assi acaece:
mentirei ao amigo e ao senhor,
e poiará meu prez e meu valor
com mentira, pois com verdade dece.


- Pêro Mafaldo

Tendo o terrível Bonaparte à vista,
Novo Aníbal, que esfalfa a voz da Fama,
"Ó capados heróis!" (aos seus exclama
Purpúreo fanfarrão, papal sacrista):

"O progresso estorvai da atroz conquista
Que da filosofia o mal derrama?..."
Disse, e em férvido tom saúda, e chama,
Santos surdos, varões por sacra lista:

Deles em vão rogando um pio arrojo,
Convulso o corpo, as faces amarelas,
Cede triste vitória, que faz nojo!

O rápido francês vai-lhe às canelas;
Dá, fere, mata: ficam-lhe em despojo
Relíquias, bulas, merdas, bagatelas.


- Bocage

quinta-feira, outubro 27, 2005

"As Aves" - Aristofanes

Anda meio mundo, e outro tanto!! Preocupado com as aves, as propriamente ditas, e as outras, de plumagem humana.

Assim sendo, aqui fica uma tradução pessoal das Aves de Aristofanes, esse excepcional dramaturgo helénico, numa das suas mais interessantes obras cénicas:

(...)

EUELPIDES - Não poderias averiguar, apartir daqui, onde se encontra a nossa pátria?

PITHETAERUS - De certeza que não; nem sequer Execestides o conseguiria.

EUELPIDES - Credo!

PITHETAERUS - Tu, amigo meu, continua por esse caminho.

EUELPIDES - Que terrível aldrabice aquela que Filocrates nos fez!! Esse vendedor aldrabão de pássaros! Garantiu-nos que estas duas aves nos iriam guiar melhor que qualquer outra ao local onde se encontra Tereus, o Epopoi, que foi transformado em pássaro; e vendeu-nos este gaio, um verdadeiro filho de Tharrhelides, por um obolus, e por trazer aquele corvo, que só sabem bicar-nos.
(Para o seu gaio) Porque é que me olhas constantemente com o bico aberto? Queres precipitar-nos destas pedras? Por aí não existe qualquer caminho.

PITHETAERUS - Por Zeus, nem sequer uma trilha.

EUELPIDES - O que diz o corvo sobre o caminho a seguir?

PITHETAERUS - Por Zeus, continua a grasnar as mesmas coisas de antes.

EUELPIDES - Sim, está bem, mas o que é que diz a respeito do caminho?

PITHETAERUS - O que é que há-de dizer? Apenas que à força de roer acabará por comer-me os dedos?

EUELPIDES - Isto é insuportável! Demos tudo o que tinhamos para ficar com os corvos, e não conseguimos encontrar o caminho. Porque deveis de saber, caros leitores, que a nossa enfermidade é completamente distinta daquela que aflige Saccas: este, que não é cidadão, obstina em sê-lo, e nós, que o somos, e de famílias distintas, ainda que ninguém nos expulse, fugimos a toda à pressa da nossa pátria.
Não que incomodemos uma cidade tão célebre e rica como a nossa, sempre aberta a todo aquele que queira arruinar-se em litígios; porque na realidade, é uma triste verdade que as cigarras apenas cantam um ou dois meses por ano entre as folhas das árvores, em contrapartida, os atenienses cantam toda a vida debruçados sobre processos.
Foi isto que nos obrigou a iniciar esta viagem e a buscar, carregados apenas de figos e algumas folhas e bagas de mirto, um país livre de pleitos, onde tranquilamente viver a nossa vida. Vamos para Tereus, onde está o Epopoi, para perguntar-lhe se nos locais por onde passou nos seus aéreos caminhos, avistou alguma cidade como esta que procuramos.

PITHETAERUS - Ei, tu!

EUELPIDES - O que é que se passa?

PITHETAERUS - Há já algum tempo que o corvo me indica que
há que subir um pouco.

EUELPIDES - Também o gaio olha na mesma direcção, com o bico aberto, como se quisesse dizer-me alguma coisa: deve haver aves por aqui. Pronto, sabê-lo-emos se fizermos barulho.

PITHETAERUS - Sabes o que é que tens que fazer? Bate-lhe com o pé e a pedra.

EUELPIDES - E tu, com a cabeça, por forma a que o ruído seja ainda maior.

PITHETAERUS - Será melhor, apanhares essa pedra e gritar.

EUELPIDES - Terá de se fazer, claro está! Escravo! Escravo!

PITHETAERUS - Mas, que fazes?! Para chamar Epopoi, gritas:
Escravo! Escravo! Em vez de escravo deves gritar: Epopoi! Epopoi!

EUELPIDES - Epopoi! Terei de chamar outra vez. Epopoi!

TROCHILUS, O CRIADO - (Personificando um pássaro) Quem lá vem? Quem chama o meu dono?

EUELPIDES - Que Apolo nos assista! Que bico enorme!

TROCHILUS, O CRIADO - Horror! São caçadores!

EUELPIDES - Causa-me um medo irreprimível.

TROCHILUS, O CRIADO - Morrereis!

EUELPIDES - Mas, não somos homens!

TROCHILUS, O CRIADO - Então o que é que sois?

EUELPIDES - Eu sou o Tímido, ave da Líbia.

TROCHILUS, O CRIADO - Ah! Outro desses...!

EUELPIDES - Pergunta a toda a caca que levo nos pés.

TROCHILUS, O CRIADO - E esse aí? Que pássaro é que é? Responde.

PITHETAERUS - O Emporcalhado, ave de Fasos.

EUELPIDES - E tu? Em nome dos deuses, que tipo de animal és?

TROCHILUS, O CRIADO - Eu sou um pássaro escravo.

EUELPIDES - E fostes conquistado por quem? Por algum galo?

TROCHILUS, O CRIADO - Não; mas quando o meu dono foi transformado num pássaro também quis que eu me transformasse em pássaro, para ter quem o seguisse e servisse.

(...)

E, mais outro patrocínio PS

Ota: data de apresentação do projecto anunciada em breve

O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, afirmou esta quinta-feira que «dentro de poucos dias» vai ser anunciada a data da apresentação do projecto do novo aeroporto da Ota.


Mário Lino falava aos jornalistas à margem do congresso sobre telecomunicações Fleit 2005, organizado pela fundação Luso-espanhola, em Lisboa.
«Confirmo que dentro de poucos dias vou anunciar a hora e o local de apresentação» do projecto, que inclui a calendarização das obras do futuro aeroporto, disse Mário Lino, quando questionado pelos jornalistas.

O governante adiantou que o novo aeroporto, «se for bem conduzido, com rigor», é um projecto que levará «12 anos a ser implementado».

Questionado sobre o projecto do comboio de alta velocidade (TGV), o ministro admitiu alguns atrasos, mas afirmou que será anunciado em breve.

«É evidente que teve algum condicionamento com este processo que houve com a administração da Refer, mas muito em breve vou anunciar a hora e local da apresentação», sublinhou.

O Conselho de Ministros aprovou quarta-feira a exoneração do conselho de administração da Refer, liderado por José Braancamp Sobral, que é presidente da Rede de Alta Velocidade (RAVE), entidade gestora do projecto do TGV.

- Diário Digital / Lusa

Mais um patrocínio PS

Tribunal de Contas: Oliveira Martins empossado na sexta-feira

Guilherme d'Oliveira Martins, até agora deputado do PS, vai ser empossado sexta-feira pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, como presidente do Tribunal de Contas, disse à Lusa fonte de Belém.


A cerimónia de posse terá lugar às 12:30 horas, no Palácio de Belém.
Guilherme d'Oliveira Martins, 53 anos, independente eleito deputado nas listas do Partido Socialista, foi escolhido pelo primeiro-ministro, José Sócrates, para substituir Alfredo José de Sousa na presidência do órgão fiscalizador das contas dos Estado.

O Presidente da República, Jorge Sampaio, ratificou posteriormente o nome do antigo ministro da Educação, da Presidência e das Finanças dos anteriores governos socialistas liderados por António Guterres.

A escolha de uma figura ligada ao PS para presidir ao Tribunal de Contas motivou a contestação dos partidos da oposição, mas Oliveira Martins assegurou que exercerá um mandato «isento e independente» e apelou à oposição para «não alimentar polémicas marginais».

«No dia em que se concretizar a minha nomeação (pelo Presidente da República) para a presidência do Tribunal de Contas, será uma nova página na minha vida», declarou o ex-ministro das Finanças, adiantando que «o Estado de Direito só pode funcionar com base em princípios de isenção e independência».

Antes de tomar posse, Oliveira Martins renunciou, na passada segunda-feira, ao seu mandato de deputado e demitiu-se de vice-presidente da direcção da bancada do PS.

- Diário Digital

quarta-feira, outubro 26, 2005

Greve da Justiça - Governo decreta requisição civil

O Conselho de Ministros decretou hoje a requisição civil dos funcionários judiciais que estão em greve, por falta de cumprimento dos serviços mínimos, disse à Lusa fonte do Ministério da Justiça.

Segundo um assessor do ministro Alberto Costa, «tendo-se verificado que os serviços mínimos não estavam a ser cumpridos em alguns tribunais, decidiu-se decretar a requisição civil».
Outro motivo invocado pelo ministério foi o facto de o Sindicato dos Funcionários Judiciais «se ter recusado a negociar com o ministério».

O Conselho de Ministros está reunido em Lisboa desde as 09:30, esperando-se o anúncio da requisição civil na conferência de imprensa no final dos trabalhos.

Fonte oficial havia indicado que a greve destes funcionários estava a decorrer com uma adesão de 84,51%.

O Sindicato dos Funcionários Judiciais foi a única das 12 estruturas sindicais envolvidas na mega-paralisação de hoje da justiça a anunciar que não tencionava cumprir os serviços mínimos.

- Diário Digital / Lusa

Esta questão da greve da Justiça é a cereja no cimo do bolo socialista.
Já só faltam os causídicos, também eles, entrarem em greve, e é o colapso geral da Justiça - se a Justiça já é um carracol, com este golpe de cintura a população fica entregue às ventanias.

Palavras como Honra, Ética, Profissionalismo, etc, etc, são já de significado vão, oco e, até, roçam a hipocrisia na boca de alguns profissionais.

O Governo, igual a si mesmo: totalitário, autista e prepotente.

terça-feira, outubro 25, 2005

Contas de cabeça

De facto, é perigoso fazer contas de cabeça, principalmente se sair um golpe de mestre como ao Engº Guterres!!
Mas, tentemos!

Relativamente à questão do Referendo sobre o Aborto ou IVG.

O TC aprecia na próxima sexta-feira o Acordão sobre a questão - pelas vozes que se vão ouvindo, será negativo.

O PR, também considera que o Referendo não deverá ter lugar em 2005.

Governo - PS, PCP e BE, querem alterar a legislação em sede da AR, sem consulta popular.
Ao Governo, o incumprimento de mais uma promessa não incomoda, o chamado: não aquece, nem arrefece. A situação já está de tal maneira que mais um incumprimento a acrescentar ao rol de tantas outras promessa eleitorais falhadas, não tolhe; maioria absoluta serve para decisões totalitárias.
Com a ajuda do PCP e do BE, a legislação passa sem qualquer obstáculo.
A recusa do PR e a negação próxima e eventual do TC, só vão fornecer a tais intentos as munições necessárias para um tal coup.

Se era previsível?
Era.

sábado, outubro 22, 2005

Uma medida acertada!!

Governo prepara mexidas no quadro legal sobre prostituição

O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Jorge Lacão, anunciou sábado que vai propor alterações no quadro legal sobre prostituição após concluir um processo de audição a entidades com «palavra relevante» na matéria.

Justificando a intenção, o governante disse que a legislação portuguesa, «tendencialmente abolicionista», «levanta muitas dificuldades» para travar a prostituição e outros fenómenos associados, como o tráfico de seres humanos.

«Mas este não é ainda o momento para tomarmos uma posição definitiva sobre qual é a melhor resposta no plano jurídico ao problema», salvaguardou, escusando-se por isso a adiantar se optará pela via sueca, que criminaliza os compradores de favores sexuais.

A «importação» do modelo legal sueco sobre prostituição foi defendida, em Junho deste ano, num seminário em Lisboa, pela ex-presidente da Comissão para a Igualdade e Direitos da Mulher (CIDM), Leonor Paiva.

Em declarações à Lusa, Jorge Lacão frisou hoje que em equação estão também os modelos holandês e alemão, que visam encontrar soluções de «legalização socialmente controlada» do fenómeno da prostituição.

«Estamos ainda a reflectir», insistiu, explicando que nesta tarefa estão envolvidas entidades com «palavra relevante na compreensão destes problemas» como as polícias, magistratura e CIDM, uma estrutura que recentemente passou a ser tutelada por Elsa Pais.

Segundo Jorge Lacão, que se reuniu hoje no Porto com representantes daquelas entidades, «não é possível ter uma resposta totalmente sustentável para o problema do tráfico de pessoas - e nomeadamente de mulheres, para exploração sexual - se simultaneamente não tivermos uma resposta adequada para o problema da prostituição».

«Esta tomada de consciência, nós temo-la. E é no sentido de encontrar as soluções que estamos a trabalhar», declarou.

No imediato, o secretário de Estado quer «afinar» o quadro legal já existente, em matéria de adequação dos instrumentos de direito interno aos de direito internacional, e na melhor articulação das regras portuguesas de direito material às regras de direito processual.

«Aqui, há um trabalho mais imediato a fazer e em relação ao qual certamente terão notícias em breve», prometeu.

Um estudo da CIDM, divulgado em Março deste ano, indica que a maioria das prostitutas estrangeiras em Portugal foram aliciadas por um «angariador» no seu próprio país, que lhes paga a viagem mediante a entrega do passaporte e passa a ser «dono» da sua independência.

O que se segue é o «desespero permanente» de alguém que se vê obrigada a, através da prostituição, pagar aquela dívida que se tornará, com o passar do tempo, «interminável».

As vítimas de tráfico em Portugal são na sua maioria da Ucrânia, Moldávia, Rússia, Roménia, Lituânia e Bielorússia, verificando-se um crescente número de cidadãs brasileiras, angolanas e cabo-verdianas.

Pelo menos 75 mil mulheres brasileiras foram traficadas para países europeus através de Portugal, de acordo com dados da ONU.

Nas suas declarações, Jorge Lacão referiu «outras formas de exploração encapotada» associadas ao tráfico de seres humanos para as quais Governo, polícias, magistraturas e CID também procuram respostas «legais e sociais».

Jorge Lacão referiu o caso particular de imigrantes atraídos com promessas de contratos de trabalho que afinal não existem e que «deixam as pessoas abandonadas à sua sorte».

- Diário Digital / Lusa

sexta-feira, outubro 21, 2005

Quem avisou, amigo é...

Aborto: Sócrates não exclui possibilidade de lei ser alterada sem referendo

Lisboa, 21 Out (Lusa) - O secretário-geral socialista, José Sócrates, n ão excluiu hoje a possibilidade de o PS abdicar do compromisso eleitoral de real izar um referendo sobre o aborto e de aprovar a alteração da legislação no Parla mento.

Questionado pela comunicação social sobre se considera a hipótese de a despenalização do aborto ser aprovada "no Parlamento" e se "admite não haver ref erendo", José Sócrates respondeu que decidirá depois de conhecido o parecer do T ribunal Constitucional sobre a questão do início da sessão legislativa.

"Veremos isso quando conhecermos a decisão do Tribunal Constitucional ( TC)", declarou o secretário-geral do PS, à saída de uma reunião com os deputados socialistas sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2006.

Confrontado com as declarações do Presidente da República, que admitiu que o Parlamento poderá aprovar a alteração da lei se o TC decidir que não pode ser aceite qualquer proposta de referendo até Setembro de 2006, Sócrates escusou -se a fazer mais comentários.

O Presidente da República, Jorge Sampaio, referiu-se quinta-feira em An tuérpia a "rumores" sobre a decisão do TC, numa alusão a notícias segundo as qua is os juízes consideraram que a nova sessão legislativa se inicia em Setembro de 2006, pelo que só nessa altura podem ser renovadas propostas de referendo sobr e o aborto.

Nesse caso, afirmou Jorge Sampaio, "a Assembleia da República terá de d ecidir", acrescentando: "das duas, uma, ou aguarda uma nova sessão legislativa o u delibera como entender".

A realização de um novo referendo sobre o aborto com vista a despenaliz ar a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) nas primeiras semanas é um comprom isso incluído no programa eleitoral do PS.

A bancada socialista aprovou em Maio uma proposta de referendo que foi chumbada pelo Presidente da República e renovou essa proposta no final de Setemb ro, defendendo que o poderia fazer porque no dia 15 desse mês se iniciou uma nov a sessão legislativa.

- Lusa

quinta-feira, outubro 20, 2005

Frase do dia

o Homem que não teme morrer, não teme viver.

quarta-feira, outubro 19, 2005

Fénix

Renasce a Fénix das cinzas da vontade,
Renasce dos seus ossos, da medula,
Que mais que pó é cinza, é quase nada,
A vontade ao contrário é quase tudo.
De madeiras de sândalo e perfumes
Fez a Fénix seu ninho à Alvorada,
O Sol o incendiou e se fez fumo
E dessas cinzas reemergiu plumada.
Imolou-se no fogo porque pura,
Nos destroços da lenha a falsidade
E a mentira que do perfume surde:
De tudo se despiu - de Galaad
O ferro ergueu, e o nó cego e obscuro
Tomou enfim o brilho da Verdade.

- Jorge G.

"ESCOLA AUSTRÍACA"

Da Série:

CAUSA LIBERAL

Editada pela "O Espírito das Leis", o excelente:




ESCOLA AUSTRÍACA - Mercado e Criatividade Empresarial

Do Prof. Jesús Huerta de Soto.

A CAUSA LIBERAL em grande forma!
Meus amigos:
Muitos Parabéns.
A Obra está EXCELENTE.

Ao Luís Aguiar Santos, Ilustre Presidente da Causa pela empresa (bom empreendimento!)

Ao André Azevedo Alves, pela Tradução e Estudo Introdutório (Bravo!!)

Ao Prof. Manuel Moreira, pelo Prefácio

Ao Jorge Ferreira, pela coragem em publicar uma tal Obra

E a todos os da Causa, que acreditaram que é possível DE FACTO ser Liberal em Portugal, mas não só!!
Áqueles que estão, e aos outros, que não estando, reconhecem o empenho e a validade.

PARABÉNS!

E agora, com o patrocínio cá da je:

Está nos escaparates!
Comprem, mas comprem mesmo, antes que esgote.


Ser Liberal é sentir-se Liberal, é agir e praticar; e não, apenas, viver de acordo com rótulos ou modas - passageiras.
Ser Liberal, é partir do Indíviduo, não do Mercado!
Há por aí muitos Liberais que, não sabem que o são ou o reconhecem!!

Uns Versos Quaisquer

Vive um momento com saudade dele
Já ao vivê-lo . . .
Barcas vazias, sempre nos impele
Como a um solto cabelo
Um vento para longe, e não sabemos,
Ao viver, que sentimos ou queremos . . .

Demo-nos pois a consciência disto
Como de um lago
Posto em paisagens de torpor mortiço
Sob um céu ermo e vago,
E que nossa consciência de nós seja
Uma cousa que nada já deseja . . .

Assim idênticos à hora toda
Em seu pleno sabor,
Nossa vida será nossa anteboda:
Não nós, mas uma cor,
Um perfume, um meneio de arvoredo,
E a morte não virá nem tarde ou cedo . . .

Porque o que importa é que já nada importe . . .
Nada nos vale
Que se debruce sobre nós a Sorte,
Ou, tênue e longe, cale
Seus gestos . . . Tudo é o mesmo . . . Eis o momento . . .
Sejamo-lo . . . Pra quê o pensamento? . . .


- Fernando Pessoa (Álvaros de Campos)

terça-feira, outubro 18, 2005

Angola: Parlamento inicia nova sessão legislativa, a última antes das eleições

O presidente da Assembleia Nacional de Angola, Roberto de Almeida, defendeu hoje, na abertura do novo ano legislativo, que o parlamento deverá atribuir prioridade à conclusão do pacote legislativo para a realização das próximas eleições, previstas para 2006.

"Deveremos debruçar-nos sobre importantes diplomas, com prioridade para a conclusão do pacote legislativo eleitoral com a aprovação da Lei do Direito de Antena, Resposta e Réplica dos Cidadãos", afirmou Roberto de Almeida.

Esta proposta de lei integra o pacote legislativo que o parlamento tem de aprovar para permitir a realização das próximas eleições em Angola, mas os deputados entenderam não a aprovar em finais de Abril, como aconteceu com os restantes diplomas deste pacote, por considerar que devia ser discutida em simultâneo com a nova Lei de Imprensa".

Roberto de Almeida salientou no seu discurso que o parlamento angolano deverá debruçar-se nos próximos meses sobre outros diplomas importantes, como a legislação sobre o primeiro emprego e as associações de defesa do ambiente, além da Lei Orgânica da Provedoria de Justiça e do estatuto do provedor.

O presidente da Assembleia Nacional defendeu ainda a necessidade de se promoverem visitas de deputados às províncias de uma forma "mais organizada" e com delegações "mais abrangentes", de forma a possibilitar "maior rigor" no acompanhamento da execução dos programas.

Por seu lado, o líder da bancada parlamentar do MPLA, Bornito de Sousa, defendeu que as próximas eleições em Angola, previstas para 2006, não devem servir para dividir os angolanos.

"O país e o bem-estar dos angolanos devem estar acima de tudo", frisou o líder da bancada do partido no poder em Angola.

Por seu lado, o presidente da bancada parlamentar da UNITA, Daniel Domingos "MalukaÈ, salientou que o seu partido vai dedicar especial atenção à criação de um "verdadeiro serviço público de comunicação social", destacando ainda a necessidade de se apostar na formação profissional. "A UNITA vai pautar a sua acção na defesa dos interesses dos angolanos, considerando que o melhor e o maior recurso que Angola possui são os seus recursos humanos", afirmou.

Quanto ao líder da bancada do Partido de Renovação Social (PRS), Lindo Bernardo Tito, destacou no seu discurso o facto do actual parlamento estar em funções desde 1992, defendendo que a existência de uma maioria absoluta do MPLA "contribuiu para o empobrecimento da maioria dos angolanos e para distorções na distribuição da renda nacional".

Benjamim da Silva, líder parlamentar da FNLA, apontou a necessidade dos três principais partidos políticos participarem "sem quaisquer reservas" na preparação do processo eleitoral, considerando que a "falta de consenso em questões de interesse nacional" entre o MPLA, a UNITA e a FNLA tem prejudicado o desenvolvimento do país.

A preparação das próximas eleições em Angola dominou também a intervenção da líder do grupo parlamentar do Partido Liberal Democrático (PLD), Anália Pereira, que defendeu a necessidade de se acelerarem as tarefas para permitir a realização do acto eleitoral no próximo ano.

"É urgente reparar pontes e estradas, que consideramos essenciais para a realização das eleições de forma mais abrangente", afirmou.

A Assembleia Nacional iniciou hoje aquele que se prevê que seja o último ano legislativo do actual parlamento com a realização de uma cerimónia solene aberta à população, a que assistiram membros do governo e do corpo diplomático acreditado em Luanda, entre outros convidados.

O parlamento angolano foi eleito em finais de Setembro de 1992, nas únicas eleições legislativas realizadas até hoje em Angola desde a independência do país, proclamada a 11 de Novembro de 1975.

A Assembleia Nacional tem um total de 220 deputados, dos quais 129 são do MPLA, 70 da UNITA, 6 do PRS, 5 da FNLA e 3 do PLD.

O PDP-ANA, PAJOCA, PRD, PSD, FDA, PNDA e a coligação AD têm um deputado cada.

Os cidadãos angolanos deveriam ter sido chamados novamente a votar em 1996, 2000 e 2004, mas o conflito armado em Angola impediu a realização dos actos eleitorais, estando agora previsto que as próximas eleições sejam realizadas em 2006.

- Not. Lusófonas

Pequim agradece apoio de Luanda na questão de Taiwan

O conselheiro de estado chinês Luo Gan agradeceu hoje o apoio dado por Angola à China na questão de Taiwan e em debates sobre direitos humanos, durante a visita ao país do ministro angolano António Neto.

"Queremos agradecer o apoio firme dado por Angola à China na questão de Taiwan e em questões de direitos humanos", disse Luo Gan.

Por seu lado António Neto, ministro da Administração Pública, Emprego e Segurança Social angolano, que visita a China à frente de uma delegação do Movimento Popular da Libertação de Angola (MPLA), prometeu que Luanda continuará a dar o mesmo "apoio firme" à política de "uma só China".

Taiwan, que tem um governo próprio e reclama a independência da China desde 1949, é vista por Pequim como uma província separatista, parte do seu território ao abrigo do princípio político de "Uma Só China".

Luo, que é também membro do Comité Central do Partido Comunista Chinês, disse acreditar que os dois países vão aumentar a cooperação bilateral, em especial no que toca à cooperação política, económica e comercial.

Angola é o segundo maior parceiro comercial da China em África, com um volume comercial entre os dois países de 4,9 mil milhões de dólares (4,07 mil milhões de euros).

No passado mês de Fevereiro, o vice-primeiro ministro chinês Zeng Peiyan encontrou-se com o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, e com o primeiro-ministro, Fernando dos Santos, aos quais prometeu apoio e cooperação na área da energia, recursos minerais, infra- estruturas, treino de recursos humanos, aviação e telecomunicações.

- Not. Lusófonas

Então e o Programa de Adesão?!!

Angola: Epidemia de Marburg declarada erradicada na quinta-feira

O Governo angolano vai declarar quinta-feira oficialmente erradicada a epidemia de febre hemorrágica provocada pelo vírus de Marburg que afectou a província do Uíge, depois de três meses sem o registo de qualquer caso novo.

A declaração será feita, segundo noticiou hoje a agência de notícias angolana (ANGOP), numa cerimónia a realizar no salão nobre do Governo Provincial do Uíge, no norte do país.

O último balanço oficial da epidemia indica que foram registados 359 casos, de que resultaram 316 mortos.

A epidemia de febre hemorrágica provocada pelo vírus de Marburg teve o seu primeiro caso em Outubro de 2004, mas apenas foi oficialmente declarada a 21 de Março deste ano.

Esta foi a maior epidemia provocada pelo vírus de Marburg alguma vez registada a nível mundial.

- Diário Digital / Lusa

domingo, outubro 16, 2005

Com frontalidade

Eleições abrem guerra no CDS

Elementos próximos de Portas denunciam "visão estalinista" de Ribeiro e Castro

Embate. Maria José denuncia "traquinices". Nuno Melo contesta análise eleitoral feita por Ribeiro e Castro

O líder parlamentar do CDS ficou irritado com as declarações do presidente do partido, José Ribeiro e Castro, na sequência das eleições autárquicas. Nuno Melo, que integra a direcção do partido, revelou ao DN que não foi sequer convocado para a reunião que analisou os resultados eleitorais, garantindo estar "frontalmente contra" a leitura do escrutínio feita por Ribeiro e Castro. Tal como os restantes membros do CDS conotados com o ex-líder Paulo Portas, Nuno Melo acusa ainda a direcção de fechar os olhos aos "maus resultados" que o partido obteve nas urnas. E chama a atenção para a necessidade de o partido reavaliar a estratégia presidencial. "Sob pena de se tornar irrelevante", acentua.

O presidente do grupo parlamentar rompe o silêncio que tem mantido sobre esta matéria para reclamar uma urgente análise interna das autárquicas, em que o CDS obteve menos votos e menos municípios do que obtivera no anterior escrutínio, realizado em 2001. Nuno Melo é um dos signatários de um pedido de reunião extraordinária do Conselho Nacional (CN) do partido para reflectir sobre as autárquicas e debater as presidenciais. Telmo Correia, Pires de Lima, Mota Soares, Teresa Caeiro e João Rebelo são outros subscritores.

Maria José Nogueira Pinto, presidente do CN, ficou irritada com esta iniciativa. "Não tem pés nem cabeça pedir uma reunião extraordinária, que só poderá realizar-se a 6 de Novembro, quando há uma reunião ordinária a 29 de Outubro", disse ao DN a dirigente democrata-cristã, que na próxima semana estará fora do País, em férias.

Nogueira Pinto aponta o dedo aos militantes conotados com Portas. "Querem transformar o CDS num parque de brinquedos ou num circo para porem notícias nos jornais. É pura traquinice. Infelizmente é também por coisas como estas que já quase ninguém quer estar neste partido. Mas este tipo de fitas comigo não pega. Comigo vêm de patins", assegura. E lança um aviso "Não sou um fantoche!"

Nuno Melo reage, considerando "absurdo" este compasso de espera. "É incompreensível que a reunião do CN não se realize em tempo útil porque a presidente vai de férias. Se bem conheço os estatutos, em caso de impedimento deve ser substituída por um vice-presidente." E lembra a Maria José que "algumas pessoas a quem chama traquinas ajudaram-na na recente campanha eleitoral em Lisboa".

O líder parlamentar demarca-se claramente de Ribeiro e Castro "O CDS perdeu em votos, em mandatos e percentagens, além de ter perdido câmaras. Não entendo como o presidente do partido pode dizer que atingimos todos os objectivos."

Nuno Melo destaca também o "decisivo" combate presidencial, acentuando que o CDS "não deve dar um apoio incondicional" a Cavaco Silva. "Devemos saber o que ele pensa em matéria de aborto e de alterações à Lei Eleitoral, por exemplo". Se não coincidir com a doutrina do CDS, o partido deve apresentar um candidato próprio. "Um partido só existe se for capaz de ir a votos. Caso contrário perde por falta de comparência", salienta.

Na facção pró-Portas há quem acuse Ribeiro e Castro de "uma visão estalinista dos resultados eleitorais, sem tradição no CDS".

- DN


Duas questões


- O debate e a livre opinião não podem ser sarciadas dentro do CDS-PP, sob qualquer razão. Nem agora, nem nunca.
Tal implicaria uma posição totalitarista e narcísica do poder.
Os militantes são livres de debaterem e discutirem sobre todos e quaisquer assuntos.
O impedimento a que tal suceda, é razão suficiente para a saída de militantes.

- Maria José Nogueira Pinto, por quem nutro a maior estima e consideração, com quem privei e passei a conhecer e admirar, fez afirmações que reputo de 'estranhas' e, no mínimo, deselegantes para com aqueles que têm opinião contrária à sua.
Ninguém lhe chamou 'nomes' (bem pelo contrário!!) e, tão pouco, não é justificável que se apelide pessoas com opiniões contrárias de:

"Querem transformar o CDS num parque de brinquedos ou num circo para porem notícias nos jornais. É pura traquinice. Infelizmente é também por coisas como estas que já quase ninguém quer estar neste partido. Mas este tipo de fitas comigo não pega. Comigo vêm de patins", assegura. E lança um aviso "Não sou um fantoche!"

Não é aceitável.
Como também não é aceitável a condescendência.
Somos todos maiores de idade.

sábado, outubro 15, 2005

O "Pintas"

O Prémio Nobel da Literatura deste ano, parece que, foi entregue a uma pessoa de nome:

Harold Pinter.

Segundo parece, o sr. Pinter tem um gosto sui generis por m....
Parece ser esse o nível a que chegou o Prémio Nobel da Literatura.

Apartir de 'Pintas', todos os Prémios só poderão ser equiparados a Brilhantina.

Via JM, um excerto da obração de Pinter.


sexta-feira, outubro 14, 2005

"Gripe das Aves"

Segundo consta na comunicação social, existe um surto ou pandemia designada "gripe das aves", que anda a causar uma enorme mortandade ao nível da população avícola (leia-se aves em geral - seres com penas) e que tem estado a transmitir-se aos seres humanos.
Parece ter provocado mortes no continente asiático, e encontra-se em migração para a Turquia e a Roménia!

Não querendo ser mórbida, aquilo que pretendo é uma extrapolação da gripe ao nível político (com o devido respeito às aves, e pessoas afectadas).

Há um ditado português que diz, mais ou menos, o seguinte:
"Quando dá nos galos, morrem as galinhas todas"!
(É... parece que ando com um humor mórbido!!)

A hipocrisia política é tão ancestral, quanto ancestral é a própria política, ou seja, desde que existem seres humanos à fase da Terra!

Enigmático? Pois é.....

quarta-feira, outubro 12, 2005

Parabéns!

Ao Blasfémias, que conseguiu "contratar" o "carapau alimado" :)) vulgo JCD, aka Jaquinzinhos!

Eis o resultado de um embate entre um Liberal e um neo-Conservador:



Força marujos!
:))

Campanha Eleitoral e Eleições

A campanha eleitoral e as eleições mantiveram-me afastada deste Blog.
Gosto de manter as "águas separadas".

Os resultados, embora não fossem os aspirados, foram satisfatórios! Um mandato.

O futuro, logo se verá.

terça-feira, outubro 04, 2005

Pois...

A Blogosfera está a transformar-se num Carnaval de vaidades.
Para esse peditório eu não dou.
Vaidades vãs e injustificadas.

"Inventário"

Um dente d'ouro a rir dos panfletos
Um marido afinal ignorante
Dois corvos mesmo muito pretos
Um polícia que diz que garante

A costureira muito desgraçada
Uma máquina infernal de fazer fumo
Um professor que não sabe quase nada
Um colossalmente bom aluno

Um revolver já desiludido
Uma criança doida de alegria
Um imenso tempo perdido
Um adepto da simetria

Um conde que cora ao ser condecorado
Um homem que ri de tristeza
Um amante perdido encontrado
Um gafanhoto chamado surpresa

O desertor cantando no coreto
Um malandrão que vem pe-ante-pé
Um senhor vestidíssimo de preto
Um organista que perde a fé

Um sujeito enganando os amorosos
Um cachimbo cantando a marselhesa
Dois detidos de fato perigosos
Um instantinho de beleza

Um octogenário divertido
Um menino colecionando estampas
Um congressista que diz Eu não prossigo
Uma velha que morre a páginas tantas


- Alexandre O'Neill

domingo, outubro 02, 2005

O Casamento Sagrado entre o Sol e a Lua

Lá fora vai um redemoinho de sol os cavalos do carroussel...
Árvores, pedras, montes, bailam parados dentro de mim...
Noite absoluta na feira iluminada, luar no dia de sol lá fora,
E as luzes todas da feira fazem ruídos dos muros do quintal...

Ranchos de raparigas de bilha à cabeça
Que passam lá fora, cheias de estar sob o sol,
Cruzam-se com grandes grupos peganhentos de gente que anda na feira,
Gente toda misturada com as luzes das barracas, com a noite e com o luar,

E os dois grupos encontram-se e penetram-se

Até formarem só um que é os dois...

A feira e as luzes da feira e a gente que anda na feira,
E a noite que pega na feira e a levanta no ar,

Andam por cima das copas das árvores cheias de sol,
Andam visivelmente por baixo dos penedos que luzem ao sol,

Aparecem do outro lado das bilhas que as raparigas levam à cabeça,
E toda esta paisagem de Primavera é a lua sobre a feira,

E toda a feira com ruídos e luzes é o chão deste dia de sol...
De repente alguém sacode esta hora dupla como numa peneira

E, misturado, o pó das duas realidades cai

Sobre as minhas mãos cheias de desenhos de portos
Com grandes naus que se vão e não pensam em voltar...

Pó de oiro branco e negro sobre os meus dedos...

As minhas mãos são os passos daquela rapariga que abandona a feira,
Sozinha e contente como o dia de hoje...


- Fernando Pessoa, Chuva Oblíqua, V



Senhor, que és o céu e a terra, que és a vida e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu! Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo está - (o teu templo) - eis o teu corpo.

Dá-me alma para te servir e alma para te amar. Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome.

Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos. Faze com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai.

[...]

Minha vida seja digna da tua presença. Meu corpo seja digno da terra, tua cama. Minha alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao lar. Torna-me grande como o Sol, para que eu te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para que eu te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para que eu te possa ver sempre em mim e rezar-te e adorar-te. Senhor, protege-me e ampara-me. Dá-me que eu me sinta teu.

Senhor, livra-me de mim.


- Fernando Pessoa, O Eu Profundo - Prece

sábado, outubro 01, 2005

ELOGIO AO AMOR

Quero fazer o elogio do amor puro.
Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.

Já ninguém quer viver um amor impossível.
Já ninguém aceita amar sem uma razão.


Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido.

Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".

O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.
Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.

O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.

A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática.
O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.

Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.

Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem,tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.

Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha.
Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".

Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos.

Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores.

O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.

Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo.

O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode.
Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.

A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber.

O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.

O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária.

A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.

O amor é uma coisa, a vida é outra.

A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.
Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém.
Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

- Miguel Esteves Cardoso, in Expresso

Obrigada I.

Um público obrigada...

... a familiares e amigos que neste momento, independentemente da sua "cor partidária", prestam-me o seu apoio e carinho.

OBRIGADA
(assim, de forma singela)

É nos momentos em que necessitamos que podemos distinguir quem, de facto, está connosco na Vida.

Beijos