domingo, outubro 31, 2004

The Unknown

As we know,
There are known knowns.
There are things we know we know.
We also know
There are known unknowns.
That is to say
We know there are some things
We do not know.
But there are also unknown unknowns,
The ones we don't know
We don't know.


- D. Rumsfeld

sexta-feira, outubro 29, 2004

A Revolta das Palavras

E depois do adeus


Data Venia ao Excelso Professor, e ao Homem Vertical.

Agradecimentos a JF, pela indicação.

José António Barreiros
Advogado

Circunstâncias de alinhamento gráfico fazem com que eu compartilhe esta página com dois membros da Administração deste jornal.

Ambos convergiram numa decisão: afastar o director. Um deles anunciou-o ao País através de uma televisão, da qual é comentador.

Entretanto, uma senhora que, afinal, eles já haviam convidado para ser a próxima directora, veio publicamente dizer que não existiam condições para fazer deste jornal um diário «de referência, isenção e aceitação pública».

Chegadas as coisas a este ponto, compreendam os leitores que eu saia deste lugar. É patente o que está actualmente em causa na comunicação social portuguesa: o domínio dos media pelo grande capital, a entente cordiale entre esse grande capital e o actual Governo. Poucas serão as excepções.

A imprensa deixou de ser um problema de direito constitucional à liberdade de expressão, passou a ser um problema de direito comercial à distribuição de dividendos.

Num quadro destes, eu corro o risco de me transformar na demonstração de que as coisas não são tanto assim quanto parecem.

Enquanto aqui estive nunca sofri a mais pequena sugestão ou limitação de quem quer que fosse; não quero é continuar neste ambiente de degradação.

Ao público em geral há duas coisas que já não escapam.

Primeiro, em Portugal está a instalar-se um clima de medo; não o medo antigo de se ser preso por um delito de opinião, mas um medo moderno, nascido na zona dos interesses, do que se ganha e do que se perde. A hipocrisia, em Portugal, passou a ser a forma de os fracos sobreviverem, a velhacaria um modo de os fortes dominarem.

Segundo, em Portugal a vida política vive na mentira e na desconfiança: ninguém diz totalmente a verdade, ninguém acredita minimamente no que se diz.

É evidente que é um problema de liberdade o que está em causa, um duplo problema de liberdade: é que sem liberdade de empresa, não há liberdade de imprensa.

Ora a concentração capitalista na comunicação social e a sua aliança com o poder político, num só golpe, geraram a miséria a que assistimos. Cada um que vai à quase moribunda Alta Autoridade para a Comunicação Social é mais um rol de ignomínias que vem ao de cima.

Começa a perceber-se o bastidor do espectáculo. Um destes dias os leitores, para estarem capazmente informados, talvez tenham, não de comprar um jornal, mas sim de comprarem o próprio jornal que o publica. Ser jornalista é hoje recolher notícias que outros embrulham no meio da publicidade e da propaganda. Honrados profissionais vivem hoje essa agonia.

Sem ser jornalista, a minha vida está intimamente ligada a escrever nos jornais. O cheiro da tinta de imprensa ainda é para mim um excelente afrodisíaco. Antes do 25 de Abril, com 19 anos, já estava no Comércio do Funchal, no República e no Notícias da Amadora. Talvez, por isso, seja insuspeito para dizer com muita mágoa: pobres coronéis do «lápis azul» que, no antigo regime, a troco de uma magra avença, canhestros e ridículos, tentavam servir um regime, «cortando a raiz ao pensamento».

Comparado com o que se passa hoje, era um mundo artesanal.

É que, então, ainda tínhamos do lado das redacções alguém que, por meio de uns bons berros, em português vernáculo, fazia a notícia passar. Mutilada, esfrangalhada, às vezes quase ilegível, enfim, a notícia passava, e os leitores, habituados a ler nas entrelinhas, percebiam-na.

Hoje já quase não há quem dê berros. Numa só coisa estamos iguais: os leitores começam a saber ler nas entrelinhas.

Obrigado a quem me leu, obrigado a quem permitiu que aqui escrevesse. Durante semanas escrevi gratuitamente, espero não ter escrito em vão.

terça-feira, outubro 26, 2004

EUA: Salazar rejeitou mil milhões de dólares em troca da independência das colónias
- Proposta feita pela CIA tornada pública em livro


No Blasfémias, João Miranda chamou a minha atenção para o artigo publicado, e supra mencionado.

Condescendo que possa ser uma mera ilação, João Miranda escreve:

Salazar era um homem de princípios

Resultado: 13 anos de guerra colonial, milhares de mortos, dezenas de milhar de feridos e traumatizados de guerra, 1 milhão de retornados, duas guerras civis, milhões de mortos e refugiados, fome, atraso económico.


Infiro que, os princípios de Salazar em recusar-se a vender aos norte-americanos a designadas colónias portuguesas em África, foram maus princípios; e que, por tal, ao invés deveria ter aceite o 1 bilião de US dólares propostos, e vendido as ex-colónias portuguesas.

- Não foram 13 anos, mas sim 14; pelo menos em Angola (desde 1961);
- Mais de um milhão de retornados, sim;
- Guerras civis, pelo menos 3: Angola, Moçambique e Guiné Bissau;
- Estropiados físicos e mentais milhares.

Quanto às independências, posso afirmar com certeza de causa, que era desejado por todos uma maior autonomia, maior determinação com o objectivo da independência relativamente à metrópole (um sorvedor de tudo aquilo que era trabalhado lá).
Mas, independência em outros moldes, muito contrários àqueles que acabaram por vingar; mas sem permitir que tal proposta alguma vez pudesse ser aceite, como se fosse possível 'vender'!

Os EUA ao invés de pagarem um bilião para 'adquirir', pagaram vários biliões para financiar o pós-independência(s).
São opções e estratégias para quem fomenta determinadas situações.

Quanto à postura de Salazar, pelo menos era um homem de princípios.
Um bem escasso nos dias que correm.
LOS HOMBRES

COMO la copa de la arcilla era
la raza mineral, el hombre
hecho de piedras y de atmósfera,
limpio como los cántaros, sonoro.
La luna amasó a los caribes,
extrajo oxígeno sagrado,
machacó flores y raíces.
Anduvo el hombre de las islas
tejiendo ramos y guirnaldas
de polymitas azufradas,
y soplando el tritón marino
en la orilla de las espumas.

El tarahurnara se vistió de aguijones
y en la extensión del Noroeste
con sangre y pedernales creó el fuego,
mientras el universo iba naciendo
otra vez en la arcilla del tarasco:
los mitos de las tierras amorosas,
la exuberancia húmeda de donde
lodo sexual y frutas derretidas
iban a ser actitud de los dioses
o pálidas paredes de vasijas.

Como faisanes deslumbrantes
descendían los sacerdotes
de las escaleras aztecas.
Los escalones triangulares
sostenían el innumerable
relámpago de las vestiduras.
Y la pirámide augusta,
piedra y piedra, agonía y aire,
en su estructura dominadora
guardaba como una almendra
un corazón sacrificado.
En un trueno como un aullido
caía la sangre por
las escalinatas sagradas.
Pero muchedumbres de pueblos
tejían la fibra, guardaban
el porvenir de las cosechas,
trenzaban el fulgor de la pluma,
convencían a la turquesa,
y en enredaderas textiles
expresaban la luz del mundo.

Mayas, habíais derribado
el árbol del conocimiento.
Con olor de razas graneras
se elevaban las estructuras
del examen y de la muerte,
y escrutabais en los cenotes,
arrojándoles novias de oro,
la permanencia de los gérmenes.

Chichén, tus rumores crecían
en el amanecer de la selva.
Los trabajos iban haciendo
la simetría del panal
en tu ciudadela amarilla,
y el pensamiento amenazaba
la sangre de los pedestales,
desmontaba el cielo en la sombra,
conducía la medicina,
escribía sobre las piedras.

Era el Sur un asombro dorado.
Las altas soledades
de Macchu Picchu en la puerta del cielo
estaban llenas de aceites y cantos,
el hombre había roto las moradas
de grandes aves en la altura,
y en el nuevo dominio entre las cumbres
el labrador tocaba la semilla
con sus dedos heridos por la nieve.

El Cuzco amanecía como un
trono de torreones y graneros
y era la flor pensativa del mundo
aquella raza de pálida sombra
en cuyas manos abiertas temblaban
diademas de imperiales amatistas.
Germinaba en las terrazas
el maíz de las altas tierras
y en los volcánicos senderos
iban los vasos y los dioses.
La agricultura perfumaba
el reino de las cocinas
y extendía sobre los techos
un manto de sol desgranado.

(Dulce raza, hija de sierras,
estirpe de torre y turquesa,
ciérrame los ojos ahora,
antes de irnos al mar
de donde vienen los dolores.)

Aquella selva azul era una gruta
y en el misterio de árbol y tiniebla
el guaraní cantaba como
el humo que sube en la tarde,
el agua sobre los follajes,
la lluvia en un día de amor,
la tristeza junto a los ríos.

En el fondo de América sin nombre
estaba Arauco entre las aguas
vertiginosas, apartado
por todo el frío del planeta.
Mirad el gran Sur solitario.
No se ve humo en la altura.
Sólo se ven los ventisqueros
y el vendaval rechazado
por las ásperas araucarias.
No busques bajo el verde espeso
el canto de la alfarería.

Todo es silencio de agua y viento.

Pero en las hojas mira el guerrero.
Entre los alerces un grito.
Unos ojos de tigre en medio
de las alturas de la nieve.

Mira las lanzas descansando.
Escucha el susurro del aire
atravesado por las flechas.
Mira los pechos y las piernas
y las cabelleras sombrías
brillando a la luz de la luna.

Mira el vacío de los guerreros.

No hay nadie. Trina la diuca
como el agua en la noche pura.

Cruza el cóndor su vuelo negro.
No hay nadie. Escuchas? Es el paso
del puma en el aire y las hojas.

No hay nadie. Escucha. Escucha el árbol,
escucha el árbol araucano.

No hay nadie. Mira las piedras.

Mira las piedras de Arauco.

No hay nadie, sólo son los árboles.

Sólo son las piedras, Arauco.


- Pablo Neruda

quinta-feira, outubro 21, 2004

Estou muito..

terça-feira, outubro 19, 2004

Ainda falam das peixeiras..!

Os Presidentes e Direcções dos clubes de futebol: SLB e FC Porto, envolveram-se em acessa troca de 'piropos' e considerandos do mais baixo nível; a 'coisa' foi descambando de tal forma que, neste momento já entrou no enxovalho total!!

Passaram à quebra total da privacidade e intimidade!
Onde chegou o "futebol"!

Aqueles que gostam de futebol, e de assistir a jogos de futebol, são lesados por 'casos de cordel' como estes; mas, parece terem-se tornado um facto consumado, que veio para ficar!
Instalou-se, e tomou conta da cena anti-desportiva.

É de bradar, tentar assistir a um telejornal, e em dois terços do mesmo, apenas ser noticiado estes 'mimos e apreços'!

Nota: Não achei de bom tom, cordial ou digno o tratamento que os adeptos do FC Porto tiveram no Estádio da Luz!
Foi triste ver pessoas a serem tratadas como animais; conduzidos por uma rampa, qual gado!
É triste.
Em regra, são situações que vão 'à volta', i.e., acabam por se repercutir mais tarde; aquando da visita ao Porto.
Esperemos que o bom senso, e a dignidade possam imperar, ao invés de um tratamento tão pouco digno a um visitante, como foi o caso.

quinta-feira, outubro 14, 2004

O Contrasenso e o Absurdo

NGOs: Fighting Poverty, Hurting the Poor

The war against poverty is threatened by friendly fire. A swarm of media-savvy Western activists has descended upon aid agencies, staging protests to block projects that allegedly exploit the developing world. The protests serve professional agitators by keeping their pet causes in the headlines. But they do not always serve the millions of people who live without clean water or electricity.

Estando envolvida ao nível das ONGs, não posso deixar de reflectir sobre os factos retratados no artigo em causa.

Infelizmente, são factos correctos, que mostram o lado obscuro das causas, que deviam de ser, nobres. Mas, muitas das vezes aquilo a que se assiste é a um aproveitamento desproporcionado de grupos de interesses e pressão.

O sector financeiro descobriu as causas humanitárias, e transformou-as em possibilidades de investimento (de salientar que algumas situações têm aspectos extremamente positivos), enquanto que outras, o caso do Sudão - Darfur, com aspectos negativos (embora não seja caso único).

As ONGs internacionais com maior peso a nível mundial, acabam por entrar num ciclo contra natura aos objectivos que primeiramente orientam este tipo de instituições.

Uma vez mais, é necessário reflectir sobre o alcance, impacto e consequências que, a capacidade financeira, a amplitude, extensão e peso das actividades levadas a cabo, podem acarretar, tanto ao nível das populações locais - às quais se destinam tais acções, como a nível nacional das ONGs; e ainda, e particularmente, a nível internacional - o peso, o impacto e o alcance que cada uma dessas instituições tem.

quarta-feira, outubro 13, 2004

Do Contraditório

Aqui, não há lugar a contraditório.
Quanto muito, e como prezo uma postura de equilíbrio, poderá haver lugar a direito de resposta.

Longo vai o tão apaniguado trocadilho de Marcelo Rebelo de Sousa - Media Capital/Paes do Amaral - Ministro dos Assuntos Parlamentares Rui Gomes da Silva!
(Não se esqueçam que tenho estado 'fora' de circulação, por tal, tenho a "escrita atrasada"!)

Como diria o dinaussauro de Braga, leia-se o eterno Presidente da Câmara Municipal de Braga, a propos de uma questão de legitimidade (assim ele dizia, mas que não correspondia à verdade, uma vez que o senhor Presidente da Câmara Municipal de Braga, considera que o cargo que ocupa é vitalício! Manias..!):
"cada macaco no seu galho"!

Traduzindo:

O Prof. MRS, com o seu eterno silêncio, está a demonstrar que, afinal, nada do que era inferido, correspondia à realidade.

A Media Capital - Paes do Amaral, numa conversa agendada com o Prof. MRS precisamente para comentarem o formato da sua prestação na TVI - que datava de 4 anos e meio, com um modelo já desgastado, e que necessitava de ser reformulado, acabou por ser uma conversa envolvida por afirmações infelizes de

um Ministro dos Assuntos Parlamentares!

Um conjunto de situações pontuais, que por tão pontuais, acabaram por se transformar, indevidamente, numa bola de neve!!

A estratégia, em Portugal, deixa muito a desejar!
É pobre e de má qualidade!
O Regresso

Aos amigos queridos que estranharam a ausência - tal deveu-se à monopolística PT (a dita, Portugal Telecom)! Pois é..

Decidi aderir à ONI (a promoção convida, esperemos que os serviços que estão a ser contratados a prestar, estejam à altura da tão propagada excelência! Veremos!

Mas, no entretanto, a boa da PT está a fazer a vida negra a todos quantos pretendam passar a ser clientes da ONI (implicando a portabilidade do nº de telefone), significa tal que, a PT fica sem mais um cliente (lá se vai a chucha da assinatura mensal - uma barbaridade!).

Tendo o anterior em conta, a PT só efectua a transferência, no mínimo, um mês após o depósito do contrato de adesão com a ONI! ("Olh'ó" monopólio..)
Ora bem..!
E, neste vai e vem, "quem se lixa é o mexilhão" - que estou sem ADSL!

Como diz um amigo: "melhores tempos virão!"